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Debate focado no combate à inflação é "primitivo", diz Ipea
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O debate econômico focado
só no combate à inflação é "primitivo", na avaliação de Marcio
Pochmann, presidente do Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ligado ao governo. "É um debate primitivo
ficar prisioneiro da questão inflacionária. Aprendi, quando fiz
graduação, que o objetivo da
política econômica é o bem-estar do povo. A inflação é um
condicionante ao bem-estar da
população, mas é preciso ter visão mais ampla", disse.
Com a divulgação da ata do
Copom (Comitê de Política
Monetária), cresceram as expectativas do mercado de aumento na taxa básica de juros,
atualmente em 11,25% ao ano.
O BC chegou a discutir a possibilidade de elevação da Selic na
última reunião do Copom, realizada na semana passada.
Para Pochmann, um eventual aumento dos juros agora
seria sinônimo de redução de
postos de trabalho e desaceleração do investimento. O economista avalia que é justamente o crescimento do investimento o motor de expansão da
economia, capaz de criar oferta
futura e de impedir o surgimento de pressões inflacionárias. "A economia brasileira
cresceu 5,4%. Os juros estão o
dobro disso. Esse é o problema
da decisão de investimento."
Pochmann ressaltou que o
Federal Reserve (BC dos EUA)
leva em conta não só os índices
de inflação como também o impacto no mercado de trabalho.
"O Banco Central é um produto do contexto que estamos
vivendo, com foco no curto prazo. Estamos olhando o nosso
umbigo. Ficamos achando que
5% [de crescimento da economia] é fantástico, mas é fantástico se a gente olhar a mediocridade dos anos anteriores. É
pouco diante da potencialidade
brasileira e ao que está ocorrendo em outros países", disse.
Para o presidente do Ipea, se
a política de combate à inflação
se resumir ao aumento dos juros, o país corre o risco de "matar" a expansão sustentável da
economia.
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