São Paulo, sábado, 15 de março de 2008

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Com juros mais altos, comércio deverá crescer menos neste ano

DA SUCURSAL DO RIO

O desempenho do comércio varejista em janeiro foi animador, mas não deve se repetir ao longo do ano por causa da alta dos juros, já sinalizada pelos contratos futuros negociados na BM&F. Diante desse cenário, a CNC (Confederação Nacional do Comércio) espera desaceleração nos próximos meses, fazendo com que as vendas do setor cresçam entre 6,5% e 7% neste ano.
O resultado, se confirmado, será menor do que os 9,6% registrados em 2007. Ainda assim, trata-se de "patamar bastante razoável de crescimento", segundo o economista Carlos Thadeu de Freitas, da CNC.
Por trás da desaceleração prevista para o setor, diz ele, está a possibilidade de aumento dos juros básicos, que já se traduziu em aumento das taxas futuras. Ou seja, deve ocorrer um aperto do crédito, o principal motor do varejo em 2007.
"Na prática, essas taxas é que importam. São as taxas de mercado. O aumento sinaliza que os prazos do crediário serão menores e os juros, mais altos", disse Freitas.
Os juros futuros antecipam o possível movimento da Selic em razão das ameaças do Banco Central de elevar a taxa básica e descongelar a política monetária, que se mantém inalterada desde setembro passado.
O crédito farto permitiu o desempenho acima da média de ramos como móveis e eletrodomésticos (alta de 14,8% nos últimos 12 meses encerrados em janeiro) e veículos, motos e peças (23,1%) -este último não integra o índice do comércio varejista, pois também vende ao atacado.
Em menor escala, o crédito também impulsionou os setores de tecidos, vestuário e calçados (alta de 11,2% em 12 meses) e materiais de construção (10,9%) -também fora do índice pelo mesmo motivo.
Neste ano, dizem o IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo) e Freitas, o crédito ainda não se contraiu. Basta ver o bom desempenho das vendas de veículos em janeiro -expansões de 2,6% ante dezembro e de 20,9% na comparação com janeiro de 2007.
Uma redução dos financiamentos, uma queda de prazos e um aumento de juros são esperados. Para o IDV, "os efeitos da elevação expressiva da taxa de juros promovida pelos bancos, que encareceu principalmente o custo do crédito para as pessoas físicas, serão avaliados nos resultados do comércio varejista dos próximos meses".


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