|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Com juros mais altos, comércio deverá crescer menos neste ano
DA SUCURSAL DO RIO
O desempenho do comércio
varejista em janeiro foi animador, mas não deve se repetir ao
longo do ano por causa da alta
dos juros, já sinalizada pelos
contratos futuros negociados
na BM&F. Diante desse cenário, a CNC (Confederação Nacional do Comércio) espera desaceleração nos próximos meses, fazendo com que as vendas
do setor cresçam entre 6,5% e
7% neste ano.
O resultado, se confirmado,
será menor do que os 9,6% registrados em 2007. Ainda assim, trata-se de "patamar bastante razoável de crescimento",
segundo o economista Carlos
Thadeu de Freitas, da CNC.
Por trás da desaceleração
prevista para o setor, diz ele, está a possibilidade de aumento
dos juros básicos, que já se traduziu em aumento das taxas futuras. Ou seja, deve ocorrer um
aperto do crédito, o principal
motor do varejo em 2007.
"Na prática, essas taxas é que
importam. São as taxas de mercado. O aumento sinaliza que
os prazos do crediário serão
menores e os juros, mais altos",
disse Freitas.
Os juros futuros antecipam o
possível movimento da Selic
em razão das ameaças do Banco Central de elevar a taxa básica e descongelar a política monetária, que se mantém inalterada desde setembro passado.
O crédito farto permitiu o desempenho acima da média de
ramos como móveis e eletrodomésticos (alta de 14,8% nos últimos 12 meses encerrados em
janeiro) e veículos, motos e peças (23,1%) -este último não
integra o índice do comércio
varejista, pois também vende
ao atacado.
Em menor escala, o crédito
também impulsionou os setores de tecidos, vestuário e calçados (alta de 11,2% em 12 meses) e materiais de construção
(10,9%) -também fora do índice pelo mesmo motivo.
Neste ano, dizem o IDV (Instituto para o Desenvolvimento
do Varejo) e Freitas, o crédito
ainda não se contraiu. Basta ver
o bom desempenho das vendas
de veículos em janeiro -expansões de 2,6% ante dezembro e
de 20,9% na comparação com
janeiro de 2007.
Uma redução dos financiamentos, uma queda de prazos e
um aumento de juros são esperados. Para o IDV, "os efeitos da
elevação expressiva da taxa de
juros promovida pelos bancos,
que encareceu principalmente
o custo do crédito para as pessoas físicas, serão avaliados nos
resultados do comércio varejista dos próximos meses".
Texto Anterior: Miguel Jorge critica possível elevação da Selic Próximo Texto: Debate focado no combate à inflação é "primitivo", diz Ipea Índice
|