São Paulo, domingo, 15 de março de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Audi traça estratégia para ser líder em carros de luxo no país

Sem perspectivas de voltar a fabricar seus carros no Brasil, a Audi anunciou na semana passada, em Ingolstadt, na Alemanha, planos ambiciosos para o país. Seu objetivo é ser a líder do segmento de carros de luxo no Brasil até 2015.
O estabelecimento da meta tem sua razão de ser. Em janeiro e fevereiro, as vendas mundiais caíram 28% e 11%, respectivamente. No Brasil, foi registrado crescimento de 20% nos dois primeiros meses do ano. Para atingir o objetivo, a empresa pretende investir mais em marketing e reforçar o lançamento de modelos. Hoje, a Audi tem 15% do mercado de luxo, e a meta é atingir 30%.
A empresa também acaba de escolher um novo presidente para as operações brasileiras.
Paulo Kakinoff, atual diretor de vendas da Volkswagen do Brasil, assume o cargo em abril com a missão de reconquistar a confiança dos 17 concessionários e fortalecer a marca.
Com as novidades, a Audi pretende expandir em 40% suas vendas no Brasil neste ano, diz Peter Schwarzenbauer, diretor mundial de vendas e de marketing da Audi.
A marca vendeu apenas 1.400 carros no país em 2008. China e Rússia, por exemplo, consumiram, respectivamente, 120 mil e 17 mil veículos Audi no ano passado.
Mesmo se a meta de crescimento for atingida, o mercado brasileiro responderá por menos de 1% das vendas da marca, que já chegou a vender 10 mil veículos no país por ano.
Para o presidente mundial da Audi, Rupert Stadler, a hora é de investir. Segundo ele, as concorrentes estão mais fragilizadas, o que cria oportunidade de conquistar mercado.
Com vendas de 1 milhão de carros no mundo em 2008 e crescimento de 4% sobre 2007, a montadora acredita que suas vendas cairão 10% neste ano.
Para Stadler, o resultado é positivo, já que a perspectiva de retração do mercado automotivo é maior - entre 15% e 20%.
A Audi acredita que a crise econômica terminará em 2010, e, em 2011, a economia mundial começará a se recuperar.


A repórter MARINA GAZZONI viajou a Ingolstadt a convite da Audi.

DISPUTA
A portabilidade numérica chegou à cidade de São Paulo há 11 dias e, pela primeira vez, estimulou a competição entre as operadoras fixas. Implantado em etapas no país em setembro, o serviço não provocou mudanças na base de assinantes das fixas porque só 260 municípios têm mais de uma operadora.

PROTESTO
Na capital paulista, onde existem mais operadoras, o saldo dos pedidos (chegadas menos saídas de clientes) da Telefônica resultou em perda de 5.150 assinantes. A Embratel ganhou 3.870, atraídos pela oferta do Livre e do NetPhone. A TIM, que levou um tombo na telefonia móvel, somou 1.550 assinantes na fixa.

PATRIMÔNIO
A Caixa Econômica Federal está lançando o fundo Caixa FI Capital Protegido III Multimercado. O período de captação começa amanhã e vai até 4 de abril, ou até que o patrimônio de R$ 100 milhões seja atingido. A Caixa lançou, no ano passado, outros dois fundos de investimento com proteção do capital aplicado.

EM CASA
A construtora Rossi lançou seu pacote habitacional. Quem comprar imóvel da empresa até o fim deste mês terá direito a prestações mensais fixas durante a obra, parcela de adimplência premiada de até R$ 12,5 mil, seguro-desemprego por seis meses e bônus de até 2% no preço do imóvel.

MACA
A Anahp (associação de hospitais privados) se reuniu nesta semana para discutir o setor depois da crise. Henrique Salvador, presidente da entidade, diz que foi forte a alta dos preços de insumos importados como próteses, stents cardíacos, parafusos para coluna, equipamentos de tomografia e outros. Para Salvador, as demissões também reduziram muito o número de usuários do sistema.

GRADE
Herb Nahapiet, executivo da empresa Kalyx, do grupo Sodexo, administradora de presídios em países como Inglaterra, Austrália e Chile, participa de debate com especialistas mundiais sobre o sistema prisional de São Paulo, na Fiesp, nesta quarta-feira.

PRISÃO
A Fiesp quer montar uma proposta para entregar ao governo de SP com saídas para a situação precária dos presídios. A ideia é sugerir construção e gestão de unidades penitenciárias por parcerias público-privadas.

FÔLEGO
Na crise, a Omega Energia Renovável deve anunciar financiamento de quase R$ 100 milhões pelo BNDES. O montante será usado na implantação da PCH Pipoca, no município de Ipanema (MG), que deve começar a operar em 2010.

AÇO
O IBS (instituto de siderurgia) abriu inscrições para o 2º Encontro Nacional da Siderurgia, que será realizado em agosto, em São Paulo.

ELETRICIDADE
A Paradigma Tecnologia promove na sexta e no sábado o 4º Workshop Internacional de Energia Elétrica, em Florianópolis (SC).

Cadastro positivo cortará "spread", diz Tendências

A criação do cadastro positivo, que deve ser votada neste mês pelo Congresso, virá em boa hora para impulsionar a redução dos "spreads" bancários em meio à crise. A aprovação do cadastro, no entanto, não provocará um efeito imediato nos juros bancários, mas sim de médio prazo, segundo análise de Márcio Nakane, coordenador técnico da Tendências.
O cadastro positivo é um conjunto de informações compartilhadas pelas instituições financeiras que inclui dados sobre pagamentos honrados feitos pelos consumidores. Hoje, no Brasil, o sistema de concessão de crédito consulta uma base de dados de maus pagadores.
Estima-se que hoje a inadimplência represente 37,35% da composição do "spread" (diferença entre o custo de captação de dinheiro pelos bancos e as taxas cobradas dos clientes).
Nakane ressalta que, mesmo com a criação do cadastro, no curto prazo, os "spreads" ainda serão definidos com base nos desdobramentos da crise.

"BUY BRAZILIAN"
Apesar de se definir como "intransigente defensor da livre iniciativa", Pedro Ernesto Mariano de Azevedo, presidente da Adesg (Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra) e vice-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, defende que há áreas que merecem e devem receber ajuda do Estado por serem estratégicas. "Diga-me um país que não protege sua produção", afirma Azevedo, que propõe a ideia do "Compre no Brasil", no modelo semelhante ao "Buy American", do governo americano. Além de buscar a proteção à indústria nacional com a iniciativa, Azevedo defende também o socorro do governo à Embraer, que demitiu 4.200 por causa da crise. "Por que a indústria automobilística ou os bancos podem ser ajudados e a Embraer, única e vital para o nosso desenvolvimento, não?", pergunta. Ele diz que as ações da Justiça trabalhista em relação à Embraer podem "agravar a situação da empresa e prejudicar mais do que ajudar". E defende "encomendas educativas" do governo brasileiro para sustentar empresas como a fabricante de aviões.

com CRISTIANE BARBIERI(interina), JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e JULIO WIZIACK


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