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Governo quer taxar filme e livro dos EUA
Objetivo é tornar produto americano menos competitivo; itens fazem parte de lista de retaliação em propriedade intelectual
EUA, condenados na OMC por ajuda ilegal ao algodão, dizem que há espaço para acordo, mas Brasil alega que não houve oferta concreta
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
Será publicada hoje no "Diário Oficial da União" a lista de
setores adicionais que farão
parte da retaliação comercial
contra os Estados Unidos por
causa dos subsídios concedidos
pelo país aos produtores de algodão, prática condenada pelo
tribunal da OMC (Organização
Mundial do Comércio).
A nova lista incluirá pela primeira vez setores relacionados
a propriedade intelectual e serviços. Há uma semana, o governo divulgou uma relação de 102
itens passíveis de retaliação,
por meio do aumento de taxa
que incide sobre os bens.
Essa lista de hoje incluirá os
"setores óbvios", conforme revelaram fontes do Ministério
do Desenvolvimento que
acompanham a visita do presidente Lula a Israel. Entre eles,
o farmacêutico e o audiovisual.
O objetivo é tornar os produtos menos competitivos, aumentando o seu custo ao importador com a aplicação de taxa sobre os royalties de obras
norte-americanas, como livros
e filmes. A pedido dos próprios
envolvidos no comércio dos
produtos com possibilidade de
serem atingidos pelas retaliações, muitos itens foram excluídos da lista.
O direito de retaliação concedido pela OMC ao Brasil chega
a US$ 829 milhões, dos quais
US$ 591 milhões em bens e o
restante em propriedade intelectual e serviços.
Inicialmente a ideia era mandar a lista para a Camex (Câmara de Comércio Exterior), para
ser aprovada antes da publicação no "Diário Oficial da
União". Mas a conclusão no ministério foi a de que era melhor
acelerar o processo, uma vez
que o papel da Camex seria
apenas "referendar" a lista.
A partir da publicação, a relação fica submetida a audiência
pública por 20 dias, e só depois
será "batido o martelo" sobre as
medidas de retaliação a serem
aplicadas contra os EUA.
O governo americano afirma
que ainda há espaço para uma
solução negociada que evite as
retaliações. Mas o governo brasileiro alega que ainda não recebeu nenhuma proposta satisfatória e concreta.
Ontem, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim,
confirmou que a intenção americana de negociar ainda não foi
traduzida em ações e disse não
temer que a aplicação das retaliações deflagre uma guerra comercial com Washington.
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