São Paulo, segunda-feira, 15 de março de 2010

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Petróleo puxará alta dos investimentos

Indústria planeja aplicar 60% mais no pós-crise, entre 2010-2013, do que entre 2005-2008, prevê BNDES

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

O investimento que a indústria planeja fazer entre 2010 e 2013 supera em 60% o que foi realizado nos quatro anos que antecederam a crise, calcula o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Puxada pelo setor de petróleo e gás, a indústria destinará R$ 499 bilhões à ampliação da capacidade de produção neste e nos próximos três anos, ante R$ 311 bilhões no quadriênio anterior à crise.
Passado o pior da crise e à medida que se consolida o cenário de crescimento econômico, segmentos industriais retomam os projetos e criam novos. Porém, a maioria ainda não voltou às expectativas de investimento que tinha em agosto de 2008, mês anterior à quebra do banco americano Lehman Brothers, segundo o BNDES.
O levantamento considerou os setores de petróleo e gás natural, extração mineral, siderurgia, petroquímica, veículos, eletroeletrônicos e papel e celulose. A amostra responde por 47% da produção industrial brasileira e 58% dos investimentos de todo o segmento.
Trata-se de segmentos intensivos em capital. Estão mapeados projetos financiados pelo banco estatal e outros com capital próprio, com forte probabilidade de ocorrer.
"A indústria foi o segmento mais atingido pela crise, pela rápida capacidade de resposta que as fábricas têm hoje, graças à automação. Da mesma forma, a retomada está sendo rápida", afirma o economista Fernando Puga, chefe do Departamento de Acompanhamento Econômico do BNDES.
No auge da crise, no primeiro trimestre de 2009, o PIB (indicador de geração de riqueza) da indústria havia caído 4%. No último trimestre, subiu 4%. A comparação feita no estudo não considera 2009 porque, segundo o BNDES, os dados relativos ao ano passado não estão inteiramente consolidados.
Mas, apesar do investimento maior na comparação entre os dois períodos, a indústria nutre expectativas mais modestas do que as que tinha um mês antes da quebra do Lehman.
O levantamento do BNDES mostra que, à exceção dos investimentos da Petrobras e do setor de papel e celulose, nenhum segmento estudado retomou integralmente os planos anteriores à crise.
"Nesse ciclo até 2012, a demanda do mercado interno passou a ter um peso maior na decisão de investimento, em comparação com o ciclo anterior à crise", diz Puga. Segundo o BNDES, a demanda internacional puxou 63% dos gastos realizados entre 2005 e 2008. A previsão é que, na temporada até 2013, caia para 57%.
O projeto de produção no pré-sal e a realização da Copa do Mundo em 2014 e da Olimpíada em 2016 são os maiores responsáveis pelo salto nos investimentos, diz o estudo.
Só a Petrobras (e, em escala bem menor, as demais petrolíferas) vai gastar 59% dos R$ 499 bilhões, ou R$ 295 bilhões, em exploração e produção. Essa conta não inclui os R$ 36 bilhões da petroquímica.
Depois de um ano complicado, a siderurgia vê um horizonte animador: o próximo ciclo de investimentos será 58,7% maior do que o promovido antes da crise. Serão R$ 44 bilhões, ante R$ 28 bilhões no cenário anterior.


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