São Paulo, segunda-feira, 15 de março de 2010

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Alta dos juros pede revisão de estratégia

Investidores podem aproveitar a expectativa de aumento da taxa Selic para ajustar carteiras e obter ganhos maiores


Segundo especialistas, porém, é preciso analisar perfil de risco e objetivos dos recursos a fim de verificar se mudança vale a pena

DENYSE GODOY

DA REPORTAGEM LOCAL


Diante da perspectiva de que o Banco Central comece já na quarta-feira a elevar os juros, os investidores podem fazer alguns ajustes nas suas carteiras de aplicações para maximizar os ganhos, afirmam especialistas no mercado financeiro.
A taxa Selic está em 8,75% anuais desde julho do ano passado. Detectando uma certa preocupação da autoridade monetária quanto a um aquecimento excessivo da economia brasileira em 2010, analistas estimam que o juro básico do país subirá 0,25 ponto percentual nesta semana e continuará em alta até pelo menos o fim deste ano. Depois, em 2011, haveria espaço para voltar a cair até abaixo do patamar atual.
Nesse cenário, os fundos prefixados, como os CDBs, são a aplicação que mais sofre. Como o retorno oferecido por essa modalidade é determinado no momento em que nela se coloca o dinheiro, as elevações de juros que acontecem até o seu vencimento são ignoradas. "Pode até acontecer de o fundo dar um rendimento negativo em alguns meses", diz Ricardo Fontes, professor do Insper.
Justamente por serem pós-fixados, os fundos DI levam vantagem, portanto: os ganhos que oferecem vão oscilar de acordo com a taxa Selic.
O mesmo raciocínio cabe no caso de investimentos feitos diretamente em títulos do Tesouro Nacional (por meio do programa Tesouro Direto), papéis que constituem a matéria-prima dos fundos. Papeis prefixados -as LTNs (Letras do Tesouro Nacional), por exemplo- não vão dar um retorno que acompanhe a variação dos juros no período. As LFTs (Letras Financeiras do Tesouro), diferentemente, são indexadas à Selic, apresentando-se como uma melhor opção em momentos como o atual, na avaliação de economistas.
Todas essas estimativas são apostas de risco, entretanto. "Existe uma chance de o mercado esperar essa alta de juros e ela simplesmente não acontecer", frisa Fontes, do Insper.
Antes de pensar em mudar de tática, o investidor precisa fazer uma análise cuidadosa do seu perfil (conservador, moderado ou audacioso), dos objetivos que tem para o dinheiro e de quanto tempo pretende deixá-lo guardado.
"Levando em consideração a trajetória da Selic no longo prazo, a tendência é de queda. Ou seja, esse aumento de 2010 deve ser um evento pontual. Por isso, pode não valer a pena ficar mudando os recursos de lugar para tentar seguir a maré", afirma Márcio Rodrigues, professor da Investeducar.
Outras variáveis a considerar na hora de fazer as contas para buscar a alternativa mais indicada a cada situação são o Imposto de Renda cobrado no resgate e a taxa de administração cobrada pelos administradores de fundos. Somente quem tem bastante dinheiro aplicado consegue tarifas que valem a pena. "Para valores baixos, a poupança é a melhor alternativa porque não sofre tal desconto", defende Fontes. A caderneta paga juros de 6% ao ano mais a TR (Taxa Referencial), que está relacionada à Selic.

Renda variável
Elevações de juros teoricamente também são prejudiciais à Bolsa de Valores, pois significa desaceleração da economia -e das vendas e do resultado das empresas por consequência. Quem pode correr um pouco mais de risco e quer investir em ações deve privilegiar os papéis de instituições financeiras, que lucram com a Selic alta, em detrimento dos de companhias do setor de bens de consumo, na avaliação dos analistas.


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