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Alta dos juros pede revisão de estratégia
Investidores podem aproveitar a expectativa de aumento da taxa Selic para ajustar carteiras e obter ganhos maiores
Segundo especialistas,
porém, é preciso analisar
perfil de risco e objetivos dos
recursos a fim de verificar
se mudança vale a pena
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Diante da perspectiva de que
o Banco Central comece já na
quarta-feira a elevar os juros, os
investidores podem fazer alguns ajustes nas suas carteiras
de aplicações para maximizar
os ganhos, afirmam especialistas no mercado financeiro.
A taxa Selic está em 8,75%
anuais desde julho do ano passado. Detectando uma certa
preocupação da autoridade
monetária quanto a um aquecimento excessivo da economia
brasileira em 2010, analistas
estimam que o juro básico do
país subirá 0,25 ponto percentual nesta semana e continuará
em alta até pelo menos o fim
deste ano. Depois, em 2011, haveria espaço para voltar a cair
até abaixo do patamar atual.
Nesse cenário, os fundos prefixados, como os CDBs, são a
aplicação que mais sofre. Como
o retorno oferecido por essa
modalidade é determinado no
momento em que nela se coloca o dinheiro, as elevações de
juros que acontecem até o seu
vencimento são ignoradas.
"Pode até acontecer de o fundo
dar um rendimento negativo
em alguns meses", diz Ricardo
Fontes, professor do Insper.
Justamente por serem pós-fixados, os fundos DI levam
vantagem, portanto: os ganhos
que oferecem vão oscilar de
acordo com a taxa Selic.
O mesmo raciocínio cabe no
caso de investimentos feitos diretamente em títulos do Tesouro Nacional (por meio do programa Tesouro Direto), papéis
que constituem a matéria-prima dos fundos. Papeis prefixados -as LTNs (Letras do Tesouro Nacional), por exemplo-
não vão dar um retorno que
acompanhe a variação dos juros no período. As LFTs (Letras
Financeiras do Tesouro), diferentemente, são indexadas à
Selic, apresentando-se como
uma melhor opção em momentos como o atual, na avaliação
de economistas.
Todas essas estimativas são
apostas de risco, entretanto.
"Existe uma chance de o mercado esperar essa alta de juros e
ela simplesmente não acontecer", frisa Fontes, do Insper.
Antes de pensar em mudar
de tática, o investidor precisa
fazer uma análise cuidadosa do
seu perfil (conservador, moderado ou audacioso), dos objetivos que tem para o dinheiro e
de quanto tempo pretende deixá-lo guardado.
"Levando em consideração a
trajetória da Selic no longo prazo, a tendência é de queda. Ou
seja, esse aumento de 2010 deve ser um evento pontual. Por
isso, pode não valer a pena ficar
mudando os recursos de lugar
para tentar seguir a maré", afirma Márcio Rodrigues, professor da Investeducar.
Outras variáveis a considerar
na hora de fazer as contas para
buscar a alternativa mais indicada a cada situação são o Imposto de Renda cobrado no resgate e a taxa de administração
cobrada pelos administradores
de fundos. Somente quem tem
bastante dinheiro aplicado
consegue tarifas que valem a
pena. "Para valores baixos, a
poupança é a melhor alternativa porque não sofre tal desconto", defende Fontes. A caderneta paga juros de 6% ao ano mais
a TR (Taxa Referencial), que
está relacionada à Selic.
Renda variável
Elevações de juros teoricamente também são prejudiciais
à Bolsa de Valores, pois significa desaceleração da economia
-e das vendas e do resultado
das empresas por consequência. Quem pode correr um pouco mais de risco e quer investir
em ações deve privilegiar os papéis de instituições financeiras,
que lucram com a Selic alta, em
detrimento dos de companhias
do setor de bens de consumo,
na avaliação dos analistas.
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