São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2010

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BB anuncia capitalização de R$ 8,8 bi

Objetivo é conseguir aporte de recursos que permita à instituição ampliar a oferta de crédito, como ocorreu em 2009

Carteira de crédito do banco alcançou em 2009 R$ 300,8 bilhões; para este ano, o objetivo é um crescimento de 23%


EDUARDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para continuar a estratégia agressiva de aumento de concessão de crédito sem comprometer sua solvência, o Banco do Brasil anunciou ontem que pretende ir ao mercado buscar uma capitalização de até R$ 8,8 bilhões. Os recursos para compor o patrimônio da instituição virão de uma oferta pública de 286 milhões de ações ordinárias nas próximas semanas.
A intenção do banco, que lidera o mercado brasileiro, é aumentar a sua margem de manobra para prosseguir com a atuação, incentivada pelo governo, de expansão da carteira de empréstimos para empresas e consumidores. No ano passado, em que a economia brasileira ficou estagnada, o BB incrementou em 33,8% a oferta de crédito, alcançando R$ 300,829 bilhões.
Para 2010, o objetivo da instituição é crescer o bolo em até mais 23%. Para isso, a capitalização pretendida evitará que o chamado índice de Basileia -que mede a relação entre o capital de um banco e seu volume de empréstimos- caia para patamares arriscados.
Atualmente, o banco tem 13,7% de exposição. Com a operação deve atingir 15%, embora o BC exija o mínimo de 11% (para cada R$ 100 que um banco empresta, ele precisa ter R$ 11 em patrimônio).
Com o índice atual, o banco tinha uma ""folga" de cerca de R$ 100 bilhões para a concessão de financiamentos. Com o novo aporte, a capacidade será ampliada em mais R$ 80 bilhões. "Há uma política interna que obriga a uma ação toda vez que o índice se aproxima de 13%", afirmou o vice-presidente de Finanças do BB, Ivan Monteiro.
Segundo ele, a capitalização já era planejada havia seis meses e, além de lastrear o crescimento da carteira, tem a função de consolidar as aquisições da instituição durante a crise, como a compra da Nossa Caixa e de parte do Banco Votorantim.
A oferta de ações é uma das maiores do mercado brasileiro nos últimos anos, ficando atrás apenas da operação realizada pelo Banco Santander em outubro do ano passado, que totalizou R$ 13,2 bilhões.
"Somos líderes e não queremos diminuir nossa participação no mercado. Os planos de investimentos e o consumo das famílias neste ano serão bastante positivos e vamos atender essas demandas", disse.
Apesar da queda no preço das ações do banco durante todo o dia -vendido a R$ 30,55 no fim do pregão, o papel do banco recuou 0,97%, após 8.000 operações realizadas-, Monteiro afirmou que o movimento é natural, mas que as cotações ainda são bem competitivas em relação às de bancos privados.
Segundo ele, os recursos da capitalização também garantirão projetos que já estão em andamento, como a maior internacionalização das atividades.
Anteontem, o BB ganhou autorização para operar com clientes residentes nos Estados Unidos e o próximo passo deve ser a compra de uma instituição financeira americana para ampliar a rede de atendimento naquele país.
A proposta, que ainda necessita de aprovação em assembleia geral pelos acionistas, também inclui uma oferta secundária de títulos em posse do grupo controlador do banco.


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