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Estatais puxam investimento chinês no país
Nova onda de recursos asiáticos é impulsionada por empresas do governo, principalmente nos setores de siderurgia e mineração
Hu Jintao inicia visita ao Brasil com grupo de empresários;
na opinião de especialista, investimento chinês vai se consolidar em vários setores
FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM
A onda de investimentos que
empurra a segunda visita do
presidente Hu Jintao ao Brasil
está mudando o perfil da presença chinesa no país. Mesmo
se nem todos os projetos previstos saírem do papel, a participação de estatais no setor de
mineração dá um caráter mais
estratégico e deixa em segundo
plano o capital privado, até há
pouco predominante.
No mês passado, a estatal
ECE anunciou a compra da mineradora Itaminas, instalada
na região metropolitana de Belo Horizonte, por US$ 1,2 bilhão. O negócio faz com que os
chineses passem a controlar
uma jazida de 1,3 bilhão de toneladas de minério de ferro.
Segundo comunicado da empresa, a compra teve o aval da
poderosa Comissão Nacional
de Reforma e Desenvolvimento, o principal organismo de
planejamento do país,
Trata-se do maior investimento chinês feito no Brasil até
agora, mas esse marco pode ser
quebrado em breve, caso prossiga a parceria entre o gigante
grupo de siderurgia Wisco,
também de controle estatal,
com a MMX, de Eike Batista.
No final do ano passado, a
Wisco firmou um acordo para
comprar 21,52% da MMX, um
negócio de US$ 400 milhões.
As duas empresas negociam
ainda a construção de uma siderúrgica no Estado do Rio. O
projeto, orçado em cerca de
US$ 4,7 bilhões, prevê 70% de
capital da estatal chinesa.
Ambos os projetos demonstram a preocupação do Estado
chinês em assegurar o fornecimento de minério -o país asiático é o maior produtor mundial de aço e considera o setor
uma peça estratégica para
manter seu ritmo de expansão.
Antes dos avanços no setor
de mineração, a presença chinesa era menor e de capital majoritariamente privado, com
destaque para a Huawei, principal fabricante da área de telecomunicações da China. No
país desde 1999, tem mais de
mil funcionários e atua principalmente no mercado de banda
larga fixa e móvel. A empresa,
porém, não tem fábricas, apenas escritórios .
Rodrigo Maciel, especialista
em China da consultoria Strategus, diz que os investimentos
estatais em mineração fizeram
com que o país asiático aparecesse pela primeira vez na lista
dos dez maiores investidores
do Banco Central. Antes, afirma, o investimento chinês era
ínfimo, com uma média anual
em torno de US$ 60 milhões.
Para Maciel, os novos empreendimentos representam o
início do investimento chinês
de forma estratégica. Ele acredita que a presença chinesa não
se restringirá ao capital estatal
e à mineração. "É uma mudança significativa, a consolidação
de um projeto. As decisões demoram na China, mas o período de análise e de estudo para
investir no Brasil passou."
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