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APERTO FISCAL
Aprovação da prorrogação do imposto continua empacada no Congresso;alíquota do IOF também vai subir
Governo corta R$ 5 bi para compensar CPMF
SÍLVIA MUGNATTO
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo anunciou ontem um
corte de R$ 5,3 bilhões no Orçamento deste ano para compensar
aumento de despesas e perda de
arrecadação com o atraso na
aprovação da emenda que prorroga a CPMF (imposto do cheque). O corte representa cerca de
25% dos recursos orçamentários
sobre os quais o governo tem
mais liberdade para administrar.
Além da redução nos gastos, o
governo elevará as alíquotas do
IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras) a partir do dia 18 de
junho para garantir arrecadação
de R$ 1,1 bilhão enquanto a CPMF
não estiver sendo cobrada. A
prorrogação do tributo, já aprovada na Câmara, está sendo analisada no Senado. A CPMF atual
deixa de existir 17 de junho.
Os cortes atingem principalmente investimentos do governo
federal. O fundo da pobreza, por
exemplo, vai perder R$ 1 bilhão.
Já os programas do Avança Brasil
-na maioria projetos de infra-estrutura- vão perder R$ 2,3 bilhões.
"Dependendo da evolução da
tramitação da CPMF no Senado,
o limite bloqueado poderá ser liberado integral ou parcialmente.
Dependerá do conteúdo final da
emenda e da velocidade na aprovação", afirmou o ministro Pedro
Malan (Fazenda).
"Essa decisão é difícil e de elevado custo. Esse novo bloqueio se
adiciona ao contingenciamento
feito em fevereiro [de R$ 12,4 bilhões" e dá a idéia de que o sacrifício é muito grande", acrescentou
o ministro Guilherme Dias (Planejamento).
No caso do IOF, o governo tem
sinalizado que as alíquotas atuais
do imposto deverão ser elevadas
em 0,38 ponto percentual -mesma alíquota da CPMF- nas operações de crédito, aplicações financeiras, seguro e câmbio.
O IOF não incide sobre os saques bancários, como a CPMF,
mas o governo quer manter o
mesmo nível de arrecadação da
contribuição onde for possível.
Malan não quis confirmar, porém, quais serão as novas alíquotas. Hoje, nas operações de crédito, as pessoas físicas e as empresas
pagam 1,5% de IOF.
Reestimativa
Além de compensar o atraso na
aprovação da CPMF, o aumento
do IOF e os cortes no Orçamento
são necessários para cobrir crescimento nas despesas do Executivo.
Ao avaliar suas contas nos primeiros quatro meses do ano, o
governo reestimou o seu gasto
com pagamento de pessoal até o
final de 2002.
De R$ 70,5 bilhões essa despesa
subiu para R$ 71,5 bilhões. O déficit da Previdência Social, que já
está acumulado em R$ 4,284 bilhões até abril, também foi reavaliado e pulou de R$ 16,1 bilhões
para R$ 16,6 bilhões.
Dias esclareceu que aumentos
concedidos aos servidores do
INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e das universidades federais para acabar com greves
realizadas no ano passado são a
causa do crescimento da folha de
pagamento.
No caso do déficit previdenciário, a justificativa é o aumento para os benefícios com valor acima
do salário mínimo. O reajuste seguirá a variação da inflação, que
ficou um pouco além do previsto
pelo governo.
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