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Para Furlan, viagens criam mercados
DA REPORTAGEM LOCAL
A ênfase do presidente Lula na
diplomacia comercial com os países em desenvolvimento não significou desinteresse do governo
pelos mercados desenvolvidos.
A avaliação do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando
Furlan, é que os resultados nos
mercados emergentes foram mais
expressivos porque nesses países
há uma maior receptividade para
produtos brasileiros de maior valor agregado.
Leia, a seguir, entrevista concedida à Folha.
(CC)
Folha - Por que houve expansão
maior das vendas para os países em
desenvolvimento?
Luiz Fernando Furlan - Europa e
EUA são mercados tradicionais
das exportações brasileiras. O
crescimento das exportações para
esse mercado não é desprezível. O
que acontece é que por motivo de
viagens do presidente Lula se criaram oportunidades em outros
mercados que não eram compradores do Brasil. Criaram-se oportunidades em mercados que, às
vezes, ignoravam 100% a possibilidade de comprar produtos brasileiros. Por isso, nesses mercados, o crescimento foi exponencial. Além disso, o nível de competição das empresas brasileiras
em mercados como Europa e
EUA é muito mais intenso do que
em países da América do Sul, da
África e em países da Ásia. Sair de
US$ 1 milhão para US$ 10 milhões
é muito mais fácil do que de US$ 1
bilhão para US$ 10 bilhões.
Folha - Como o sr. avalia as críticas segundo as quais a política externa deste governo abandonou a
promoção comercial nos EUA?
Furlan - O país que mais visitei e
onde eu tive mais contato com autoridades nesses três anos foram
os EUA. É um mercado grande,
competitivo. Crescer acima de
10% é um feito. Imagina se o Brasil crescesse 10% ao ano. Ainda
hoje, 90% da exportação brasileira para os EUA é composta por
produtos manufaturados. Mas a
receptividade dos emergentes para produtos brasileiros manufaturados é muito grande. Do que exportamos para a América Latina,
92% são industrializados.
Folha - O sr. acredita que vai continuar a haver taxas de crescimento elevadas na América Latina?
Furlan - A América Latina, pela
primeira vez em 2005, ultrapassou os EUA. A expectativa é que a
importância da região como destino das exportações seja maior
que a da UE neste ano, no mais
tardar em 2007. Isso acontecerá
sem que caiam as exportações
[para os desenvolvidos], pois a
velocidade de crescimento [das
vendas para os emergentes] é
maior. O Brasil ganhará posição
no ranking mundial neste ano.
Folha - Há uma preocupação com
a perda de "market share" dos produtos brasileiros nos países ricos?
Furlan - Não estamos perdendo
"market share". Os europeus
mostram crescimento de forma
mais lenta no comércio exterior.
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