São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 2006

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Para Furlan, viagens criam mercados

DA REPORTAGEM LOCAL

A ênfase do presidente Lula na diplomacia comercial com os países em desenvolvimento não significou desinteresse do governo pelos mercados desenvolvidos.
A avaliação do ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, é que os resultados nos mercados emergentes foram mais expressivos porque nesses países há uma maior receptividade para produtos brasileiros de maior valor agregado.
Leia, a seguir, entrevista concedida à Folha. (CC)

Folha - Por que houve expansão maior das vendas para os países em desenvolvimento?
Luiz Fernando Furlan -
Europa e EUA são mercados tradicionais das exportações brasileiras. O crescimento das exportações para esse mercado não é desprezível. O que acontece é que por motivo de viagens do presidente Lula se criaram oportunidades em outros mercados que não eram compradores do Brasil. Criaram-se oportunidades em mercados que, às vezes, ignoravam 100% a possibilidade de comprar produtos brasileiros. Por isso, nesses mercados, o crescimento foi exponencial. Além disso, o nível de competição das empresas brasileiras em mercados como Europa e EUA é muito mais intenso do que em países da América do Sul, da África e em países da Ásia. Sair de US$ 1 milhão para US$ 10 milhões é muito mais fácil do que de US$ 1 bilhão para US$ 10 bilhões.

Folha - Como o sr. avalia as críticas segundo as quais a política externa deste governo abandonou a promoção comercial nos EUA?
Furlan -
O país que mais visitei e onde eu tive mais contato com autoridades nesses três anos foram os EUA. É um mercado grande, competitivo. Crescer acima de 10% é um feito. Imagina se o Brasil crescesse 10% ao ano. Ainda hoje, 90% da exportação brasileira para os EUA é composta por produtos manufaturados. Mas a receptividade dos emergentes para produtos brasileiros manufaturados é muito grande. Do que exportamos para a América Latina, 92% são industrializados.

Folha - O sr. acredita que vai continuar a haver taxas de crescimento elevadas na América Latina?
Furlan -
A América Latina, pela primeira vez em 2005, ultrapassou os EUA. A expectativa é que a importância da região como destino das exportações seja maior que a da UE neste ano, no mais tardar em 2007. Isso acontecerá sem que caiam as exportações [para os desenvolvidos], pois a velocidade de crescimento [das vendas para os emergentes] é maior. O Brasil ganhará posição no ranking mundial neste ano.

Folha - Há uma preocupação com a perda de "market share" dos produtos brasileiros nos países ricos?
Furlan -
Não estamos perdendo "market share". Os europeus mostram crescimento de forma mais lenta no comércio exterior.


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