DA FOLHA RIBEIRÃO

Um funcionário da usina Santa Luiza, de Motuca (325 km a noroeste de São Paulo), morreu e outro ficou gravemente ferido na noite de anteontem. Eles trabalhavam no controle de uma queimada induzida em uma plantação de cana-de-açúcar e ficaram presos no meio do fogo.
A usina foi vendida no mês passado à Etanol Participações S.A., que pertence aos grupos Cosan e São Martinho e à usina Santa Cruz, por R$ 179,3 milhões, pagos à vista -os compradores também assumiram uma dívida de R$ 40,4 milhões.
O trabalhador que morreu, Adriano de Amaral, 31, era motorista do caminhão-pipa usado para apagar o incêndio. Ivanildo Gomes, 44, a outra vítima, auxiliava Amaral. Gomes está internado no Hospital São Paulo, em Ribeirão Preto, com 40% do corpo queimado, mas não corre risco de morte.
Segundo familiares de Amaral, a água do caminhão-pipa acabou quando a queimada avançava, fato negado pela usina. O trabalhador tinha dois filhos, um de 7 anos e outro de 20 dias. "A mulher ainda está se recuperando do parto. É uma fatalidade", disse o irmão da vítima, Jovair do Amaral, 33.
De acordo com o prefeito de Motuca, Hamilton Falero (PSDB), que também é técnico agrícola da usina, Amaral tentou fugir quando o fogo avançava, mas o caminhão "morreu". Ele teria corrido, mas desmaiou e foi atingido pelas chamas.
Segundo laudo médico, o trabalhador morreu de asfixia. O prefeito disse que ele pediu ajuda pelo rádio a outro caminhão-pipa, que não conseguiu resgatá-lo.
De acordo com o delegado de Matão Alfredo Gagliano Júnior, que investiga o caso, quatro pessoas que trabalhavam com as vítimas prestarão depoimento hoje.
A usina disse através da assessoria que prestou o socorro necessário e aguarda o resultado da perícia dando assistência à família. (GUILHERME CAMPOS e MARCELO TOLEDO)

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