São Paulo, quinta-feira, 15 de maio de 2008

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Falta de álcool nas usinas e atraso em colheita elevam preços nas bombas

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A falta de álcool nas usinas, que afetou o abastecimento em seis Estados, tem dois motivos: o excesso de chuvas que atrasou as colheitas e a possibilidade de um adiamento da safra para segurar os preços e evitar uma superoferta, segundo a Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes).
Segundo relato oficial das usinas à Fecombustíveis, a escassez decorre do atraso do início colheita da cana-de-açúcar, em duas semanas em razão das fortes chuvas que atrasaram a moagem. Mas Paulo Miranda, presidente da entidade, não descarta que a demora seja uma estratégia de algumas usinas para sustentar os preços do álcool, que tradicionalmente caem no início da safra.
Na safra 2008/2009, a produção de álcool chegará ao recorde de 24,3 bilhões de litros -19% a mais que em 2007/08.
Também contribuíram os baixos estoques das distribuidoras de combustíveis, que desovaram o produto de fevereiro a abril evitando sobras no início da colheita e queda dos preços.
Ocorreu o contrário. Dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo) mostram que o custo médio nacional saltou de R$ 1,470 por litro na semana de 27 de abril a 4 de maio para R$ 1,476 na de 4 a 10 de maio -uma alta de 0,41%.
De acordo com a Fecombustíveis, existem problemas de abastecimento em postos dos Estados de São Paulo, Minas Gerais (onde a situação é mais grave), Goiás, Distrito Federal, Pará e Amazonas.
Focada em álcool e com compras em contratos de longo prazo, a BR foi a distribuidora mais afetada, segundo Miranda.
A Petrobras confirma dificuldade para atender postos de AM, MG e SP, mas diz que já solucionou os problemas.
A BR não conseguiu comprar o produto de algumas usinas, que não entregaram. Na semana passada, havia filas de caminhões da distribuidora na porta de produtoras. A situação levou a BR e outras distribuidoras a racionar a venda aos postos e em, alguns casos isolados, suspender o fornecimento.
Miranda diz que o problema não está equacionado, e os preços continuam a subir. O álcool avançou 6% nos postos e "contaminou" a gasolina (misturada na proporção de 25% ao álcool), que subiu 2%.

Usinas
A Unica (União da Indústria da Cana-de-Açucar) diz que "não há comprometimento do abastecimento de álcool". As dificuldades que aconteceram no início da safra, diz, foram pelo causadas pelo excesso de chuvas e já estão superadas. A entidade responsabiliza algumas distribuidoras, que teriam estoques reduzidos.
O vice-presidente do Sindicom (sindicato das distribuidoras) diz que houve "dificuldade de algumas usinas" na entrega e problemas "isolados e pontuais" estão resolvidos.


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