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Mantega admite crescimento zero em 2009
Governo trabalha com previsão de alta de 2%, parâmetro utilizado para projetar arrecadação e liberar gastos públicos
Consultorias veem recessão técnica com dados do 1º tri; para Lula, economia vive recuperação "extraordinária" e sairá rapidamente da crise
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu ontem pela primeira vez que a economia
brasileira pode ter crescimento
zero em 2009.
Depois de ponderar que "já
saímos do fundo do poço" e que
"o ano é de muita volatilidade",
dificultando previsões, Mantega afirmou: "O primeiro trimestre foi péssimo. O segundo
será de retomada, com o PIB
acelerando. Não muito, mas vai
subir. O terceiro vem ainda
mais forte, e o quarto fechamos
com uma alta muito boa. Acredito que fechamos o ano em
torno de 0 a 2% positivos".
O governo vinha mantendo o
discurso de crescimento mesmo com os efeitos da crise internacional, que no Brasil atingiu com mais força a indústria,
apesar de a maioria dos analistas de mercado e de órgãos internacionais prever retração.
O mercado financeiro estima
retração de 0,44% no PIB, enquanto o FMI prevê queda de
1,3%, e a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e
o Caribe), de 1%.
Oficialmente, o governo ainda trabalha com previsão de alta de 2% do PIB, que serve como parâmetro para projeções
da arrecadação e de contingenciamento de recursos públicos.
No início da semana, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) afirmou que o governo
pode rever sua meta de crescimento. A meta do governo está
acima até da previsão de alta de
1,2% do Banco Central.
Para Mantega, mesmo que o
país tenha crescimento zero
neste ano, ainda será uma exceção. "Temos de lembrar que a
maioria dos países vai fechar
com 4% negativos", disse.
Para o ministro, o ritmo de
recuperação vai depender ainda do efeito das medidas de estímulo adotadas. Mantega disse que o crescimento de 0,3%
na vendas do varejo em março
indica que "talvez a retração
que houve nos meses anteriores tenha terminado". O ministro disse que consultou diversas redes varejistas e que acredita que o setor se recuperou.
Para a consultoria LCA, a redução do PIB do primeiro trimestre deve chegar a 1,5% em
relação ao último trimestre de
2008. Será a segunda retração
seguida, o que configura recessão técnica. Na opinião do economista-chefe da LCA, Bráulio
Borges, a maior dúvida hoje decorre da retomada ainda lenta
da atividade industrial. Para o
ano, a consultoria prevê crescimento de 0,7% no PIB.
Na avaliação da MB Associados, o PIB deve ter recuado
1,3% no primeiro trimestre em
relação ao período anterior.
"Provavelmente o segundo trimestre não deve ter um resultado tão ruim. Mas temos que
lembrar que a crise ainda não
acabou", disse o economista
Sergio Vale. No ano, a MB vê
expansão de 0,5%.
Lula
Em Florianópolis, onde participou de encontro internacional do setor de turismo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
disse que "o pior da crise já
aconteceu no Brasil". Para ele,
desde março a economia vem
dando sinais de recuperação.
"Não é o momento ainda de
termos otimismo, mas acredito
que o Brasil vai sair mais rápido
dessa crise." Lula classificou a
recuperação da economia de
"extraordinária". Disse ainda
que medidas governamentais,
como a desoneração em alguns
setores, contribuíram para a
retomada da expansão.
(TONI SCIARRETTA e DIMITRI DO VALLE)
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