São Paulo, sábado, 15 de maio de 2010

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País tem recorde de trabalhador estrangeiro

Levantamento do Ministério do Trabalho constata aumento de 16% na entrada de estrangeiros no mercado no 1º trimestre

Especialistas dizem que alta está ligada ao crescimento dos investimentos de firmas estrangeiras e nacionais que têm de contratar imigrantes

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O crescimento acelerado da economia no primeiro trimestre do ano provocou uma entrada recorde de estrangeiros no mercado de trabalho brasileiro no período.
Levantamento do Ministério do Trabalho mostra que, entre janeiro e março deste ano, 11.530 trabalhadores estrangeiros receberam autorização das autoridades brasileiras para exercer suas atividades no país. Norte-americanos, britânicos e filipinos aparecem no topo do ranking das concessões.
O número de vistos de trabalho emitidos neste ano é 16% superior ao volume de entradas autorizadas no mesmo período de 2009 -auge da crise no mercado de trabalho brasileiro por conta dos abalos na economia mundial.
A expectativa do governo brasileiro é que o ritmo de ingresso de estrangeiros no país se mantenha nesse patamar até dezembro. Isso faria de 2010 um ano recordista.
"Esse crescimento está relacionado ao processo de investimento no Brasil. Seja das empresas estrangeiras que vêm para cá, seja de empresas brasileiras que, por exemplo, compram equipamentos lá fora e precisam de mão de obra especializada para instalar e operar as máquinas", disse o coordenador-geral de imigração do Ministério do Trabalho, Paulo Sérgio de Almeida.
Ao longo de 2009, 42.914 trabalhadores de fora migraram, temporária ou permanentemente, para o Brasil. Esse volume representou uma queda na comparação com 2008, quando houve registro de 43.993 vistos de trabalho concedidos. O motivo da redução foi a crise econômica global.
Segundo Almeida, dois fenômenos contribuíram para o aumento de estrangeiros no mercado de trabalho nacional. O primeiro é o avanço da indústria do petróleo, com a chegada de embarcações e instalação de novas plataformas para extração na costa brasileira.
"Cada plataforma dessas que vêm do exterior ou um navio que chega traz uma tripulação de estrangeiros. Gradualmente, essa força de trabalho é substituída por mão de obra nacional, mas isso leva tempo", explicou o coordenador-geral.
O outro fator que impulsionou a imigração de trabalhadores para o Brasil foi o surgimento do turismo marítimo em águas nacionais.
Almeida relata que a maior parte dos cruzeiros que chegam ao Brasil permanece na costa por até quatro meses, e as tripulações em média ultrapassam mil pessoas. "Para trabalhar, essas pessoas precisam de autorização, a não ser que tenham carteira internacional marítima."

Invasão filipina
Segundo ele, tanto as tripulações de plataformas/embarcações petrolíferas quanto as que atuam no setor turístico são caracterizadas pelo predomínio de filipinos. "Há uma grande quantidade de filipinos entre os profissionais de navegação no mundo inteiro. É um fato internacional", declarou.
O levantamento do ministério ainda revela que o grau de escolaridade dessa mão de obra estrangeira é elevado. Isso porque, em geral, as atividades exigem especialização técnica. Esse é, aliás, um dos critérios para concessão de visto de trabalho a estrangeiros, de acordo com a legislação brasileira: falta de trabalhadores com conhecimento específico no país.
Embora seja um regra válida para todos os profissionais que solicitam a autorização ao governo brasileiro, em alguns, não é aplicada. "Quando se autoriza um conjunto musical a entrar no país, não há como fazer essa exigência", conclui Almeida.
Ainda segundo o levantamento do ministério, 286 estrangeiros tiveram o pedido de visto para trabalho negado pelo Brasil. Em 72% dos casos, a resposta foi negativa por falta de documentos exigidos pela legislação brasileira e a consequente desistência dos requerentes.


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