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País tem recorde de trabalhador estrangeiro
Levantamento do Ministério do Trabalho constata aumento de 16% na entrada de estrangeiros no mercado no 1º trimestre
Especialistas dizem que alta está ligada ao crescimento dos investimentos de firmas estrangeiras e nacionais que têm de contratar imigrantes
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O crescimento acelerado da
economia no primeiro trimestre do ano provocou uma entrada recorde de estrangeiros no
mercado de trabalho brasileiro
no período.
Levantamento do Ministério
do Trabalho mostra que, entre
janeiro e março deste ano,
11.530 trabalhadores estrangeiros receberam autorização das
autoridades brasileiras para
exercer suas atividades no país.
Norte-americanos, britânicos e
filipinos aparecem no topo do
ranking das concessões.
O número de vistos de trabalho emitidos neste ano é 16%
superior ao volume de entradas
autorizadas no mesmo período
de 2009 -auge da crise no mercado de trabalho brasileiro por
conta dos abalos na economia
mundial.
A expectativa do governo
brasileiro é que o ritmo de ingresso de estrangeiros no país
se mantenha nesse patamar até
dezembro. Isso faria de 2010
um ano recordista.
"Esse crescimento está relacionado ao processo de investimento no Brasil. Seja das empresas estrangeiras que vêm
para cá, seja de empresas brasileiras que, por exemplo, compram equipamentos lá fora e
precisam de mão de obra especializada para instalar e operar
as máquinas", disse o coordenador-geral de imigração do
Ministério do Trabalho, Paulo
Sérgio de Almeida.
Ao longo de 2009, 42.914 trabalhadores de fora migraram,
temporária ou permanentemente, para o Brasil. Esse volume representou uma queda na
comparação com 2008, quando
houve registro de 43.993 vistos
de trabalho concedidos. O motivo da redução foi a crise econômica global.
Segundo Almeida, dois fenômenos contribuíram para o aumento de estrangeiros no mercado de trabalho nacional. O
primeiro é o avanço da indústria do petróleo, com a chegada
de embarcações e instalação de
novas plataformas para extração na costa brasileira.
"Cada plataforma dessas que
vêm do exterior ou um navio
que chega traz uma tripulação
de estrangeiros. Gradualmente, essa força de trabalho é
substituída por mão de obra
nacional, mas isso leva tempo",
explicou o coordenador-geral.
O outro fator que impulsionou a imigração de trabalhadores para o Brasil foi o surgimento do turismo marítimo em
águas nacionais.
Almeida relata que a maior
parte dos cruzeiros que chegam
ao Brasil permanece na costa
por até quatro meses, e as tripulações em média ultrapassam mil pessoas. "Para trabalhar, essas pessoas precisam de
autorização, a não ser que tenham carteira internacional
marítima."
Invasão filipina
Segundo ele, tanto as tripulações de plataformas/embarcações petrolíferas quanto as que
atuam no setor turístico são caracterizadas pelo predomínio
de filipinos. "Há uma grande
quantidade de filipinos entre os
profissionais de navegação no
mundo inteiro. É um fato internacional", declarou.
O levantamento do ministério ainda revela que o grau de
escolaridade dessa mão de obra
estrangeira é elevado. Isso porque, em geral, as atividades exigem especialização técnica. Esse é, aliás, um dos critérios para
concessão de visto de trabalho
a estrangeiros, de acordo com a
legislação brasileira: falta de
trabalhadores com conhecimento específico no país.
Embora seja um regra válida
para todos os profissionais que
solicitam a autorização ao governo brasileiro, em alguns,
não é aplicada. "Quando se autoriza um conjunto musical a
entrar no país, não há como fazer essa exigência", conclui Almeida.
Ainda segundo o levantamento do ministério, 286 estrangeiros tiveram o pedido de
visto para trabalho negado pelo
Brasil. Em 72% dos casos, a resposta foi negativa por falta de
documentos exigidos pela legislação brasileira e a consequente desistência dos requerentes.
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