São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

UE aponta "inércia" do Mercosul

EM SÃO PAULO

O comissário de Comércio da União Européia, Pascal Lamy, afirmou que ofereceu ao Mercosul a melhor proposta de abertura agrícola já feita pela Europa. O argumento, porém, não foi suficiente para satisfazer aos brasileiros.
"Nunca a UE fez uma proposta, em negociações bilaterais, tão aberta em agricultura quanto a que oferecemos ao Mercosul", disse o comissário, em conversa com alguns jornalistas. "Não duvido que tenha sido a melhor proposta, mas ainda é insuficiente", respondeu o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, ao saber das declarações de Lamy.
O principal negociador brasileiro nas discussões entre UE e Mercosul, embaixador Regis Arslanian, em reposta à declaração de Lamy, afirmou que o Brasil também nunca havia feito uma proposta tão generosa na área de serviços e investimentos como a apresentada para a Europa. Segundo ele, o Brasil ofereceu mais nesses temas para a UE do que no âmbito da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).

Críticas
Um dia depois de se reunir com os ministros do Mercosul para tentar fazer avançar as negociações entre os dois blocos econômicos, Lamy afirmou encontrar dificuldades para negociar com a região. Na sua opinião, nos encontros ministeriais decisões importantes são tomadas. O problema, diz ele, acontece na hora dos negociadores técnicos do Mercosul transformarem as diretrizes políticas em fatos concretos.
"Do lado do Mercosul há obviamente uma grande inércia em traduzir as instruções políticas em ações técnicas, colocadas no papel", reclamou Lamy. "Se as coisas só acontecem em nível político, temos um problema."
Lamy veio o Brasil exatamente para tentar contornar um impasse nas negociações, que emperraram na semana passada.
Arslanian não negou que é difícil negociar com o Mercosul. Afirmou, no entanto, que o sucesso das negociações dependem mais das concessões oferecidas do que do estilo dos negociadores. "
"O Mercosul fez ofertas em todas as áreas de interesse da Europa. Pode ser até que sejamos difíceis de negociar, mas já estamos na nossa terceira oferta melhorada", disse o diplomata.
"Já ficou marcada uma nova reunião nos próximos dias em Bruxelas para que a gente não perca tempo precioso em outubro", disse o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), referindo-se ao prazo para a assinatura do acordo entre UE e Mercosul. Segundo ele, alguns dos pontos cedidos pelo Brasil não tiveram apoio dos demais parceiros do Mercosul.


Colaborou a Folha Online

Texto Anterior: ONU e desenvolvimento: OMC vê fim do clima tenso em negociações
Próximo Texto: O personagem: Indiano diz que Brasil é essencial para entendimento
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.