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UE aponta "inércia" do Mercosul
EM SÃO PAULO
O comissário de Comércio da
União Européia, Pascal Lamy,
afirmou que ofereceu ao Mercosul a melhor proposta de abertura
agrícola já feita pela Europa. O argumento, porém, não foi suficiente para satisfazer aos brasileiros.
"Nunca a UE fez uma proposta,
em negociações bilaterais, tão
aberta em agricultura quanto a
que oferecemos ao Mercosul",
disse o comissário, em conversa
com alguns jornalistas. "Não duvido que tenha sido a melhor proposta, mas ainda é insuficiente",
respondeu o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, ao saber
das declarações de Lamy.
O principal negociador brasileiro nas discussões entre UE e Mercosul, embaixador Regis Arslanian, em reposta à declaração de
Lamy, afirmou que o Brasil também nunca havia feito uma proposta tão generosa na área de serviços e investimentos como a
apresentada para a Europa. Segundo ele, o Brasil ofereceu mais
nesses temas para a UE do que no
âmbito da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Críticas
Um dia depois de se reunir com
os ministros do Mercosul para
tentar fazer avançar as negociações entre os dois blocos econômicos, Lamy afirmou encontrar
dificuldades para negociar com a
região. Na sua opinião, nos encontros ministeriais decisões importantes são tomadas. O problema, diz ele, acontece na hora dos
negociadores técnicos do Mercosul transformarem as diretrizes
políticas em fatos concretos.
"Do lado do Mercosul há obviamente uma grande inércia em traduzir as instruções políticas em
ações técnicas, colocadas no papel", reclamou Lamy. "Se as coisas só acontecem em nível político, temos um problema."
Lamy veio o Brasil exatamente
para tentar contornar um impasse nas negociações, que emperraram na semana passada.
Arslanian não negou que é difícil negociar com o Mercosul. Afirmou, no entanto, que o sucesso
das negociações dependem mais
das concessões oferecidas do que
do estilo dos negociadores. "
"O Mercosul fez ofertas em todas as áreas de interesse da Europa. Pode ser até que sejamos difíceis de negociar, mas já estamos
na nossa terceira oferta melhorada", disse o diplomata.
"Já ficou marcada uma nova
reunião nos próximos dias em
Bruxelas para que a gente não
perca tempo precioso em outubro", disse o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), referindo-se ao prazo para a
assinatura do acordo entre UE e
Mercosul. Segundo ele, alguns
dos pontos cedidos pelo Brasil
não tiveram apoio dos demais
parceiros do Mercosul.
Colaborou a Folha Online
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