São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"

Bolsa, que chegou a cair 2,3%, fecha em alta de 3,4%

Mercado inverte rumo e sobe após depoimento de Jefferson

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAl

O mercado se preparou para o pior. Antes do depoimento do presidente do PTB, Roberto Jefferson, ao Conselho de Ética da Câmara, o dólar começou a subir rapidamente, enquanto a Bovespa derretia. Mas a falta de informações novas ou provas sobre as denúncias contra o PT inverteu o rumo do mercado: o dólar acabou por fechar em baixa e a Bolsa subiu expressivamente.
Pouco antes do início do discurso de Jefferson, perto das 15h, o dólar registrava forte alta. Na máxima do dia, a moeda chegou a ser vendida a R$ 2,478 (alta de 1,14%). Em um cenário de possibilidade de agravamento na crise política, a ordem foi montar posições mais defensivas, com a compra de dólares e a venda de ações.
Porém, com a falta de novidades, o dólar não manteve o ritmo e encerrou as operações a R$ 2,434, em baixa de 0,65%.
Operadores de mesas de câmbio disseram que, com a proximidade do fim dos negócios na tarde de ontem, muitos investidores venderam no mercado os dólares comprados nas horas anteriores.
"O mercado entendeu que o depoimento não foi consistente, não trouxe novidades, provas, como alguns temiam", afirmou Miriam Tavares, diretora de câmbio da AGK Corretora. Com isso, os investidores não viram motivos para manter suas posições defensivas, ou seja, ficar com dólares em carteira.
Na Bolsa de Valores de São Paulo, o pessimismo fez com que o Ibovespa -índice composto pelas 55 ações de maior liquidez- chegasse a cair 2,30%.
Mas, perto das 15h30, a Bovespa virou e passou a subir, para fechar próxima da pontuação máxima do dia, com alta de 3,38%. Agora, a Bolsa passou a acumular valorização de 2,13% no mês. A ação preferencial da Klabin liderou os ganhos do pregão e fechou em considerável alta de 10,26%.
Houve também rumores, que perturbaram o mercado, de que uma revista publicaria uma edição extra com novos fatos sobre as denúncias contra o PT.
A crise política começou há cerca de dez dias, quando Jefferson acusou o PT, em entrevista publicada na Folha, de pagar uma "mesada" a deputados federais da base aliada.
Na opinião de Francisco Carvalho, da corretora Liquidez, "o mercado realmente ficou estressado" e só se acalmou com a falta de provas no depoimento do deputado. "Mas o mercado vai continuar aguardando os desdobramentos da crise política", diz. Isso significa que o cenário de alívio que o mercado viveu no fim da tarde de ontem possa ser apenas algo passageiro.
As atenções do mercado agora voltam a se concentrar na decisão do Copom -Comitê de Política Monetária, formado por diretores e o presidente do BC- sobre os juros básicos da economia, que será anunciada provavelmente no início da noite de hoje.

Juros em queda
No pregão de ontem da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), as projeções para os juros futuros voltaram a recuar. É praticamente unânime a expectativa do mercado de que a taxa básica de juros da economia será mantida nos atuais 19,75% anuais por mais um mês.
Ontem, a taxa no contrato DI (Depósito Interfinanceiro) que vence daqui a um ano fechou a 18,16%, ante 18,25% do pregão anterior.
Para defender as apostas em manutenção da taxa Selic, analistas afirmam que o Copom levará em consideração a queda da inflação, as baixas nas expectativas futuras de inflação e os sinais de desaquecimento da economia.
O Copom tem aumentado a taxa Selic desde setembro do ano passado. Desde lá, foram nove elevações seguidas. Ao elevar os juros, o Banco Central tenta limitar a pressão inflacionária. Por isso, com o arrefecimento nos preços - mostrado nos últimos dados de inflação divulgados-, o cenário para o fim do ciclo de altas está dado.
Já a possibilidade de queda na taxa básica fica adiada, segundo a expectativa do mercado, para o último trimestre do ano.
Ontem o risco-país recuou 1,18%, para 418 pontos. O Global 40, um dos títulos da dívida brasileira mais negociados no exterior, fechou com alta de 0,21%.


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