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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"
Bolsa, que chegou a cair 2,3%, fecha em alta de 3,4%
Mercado inverte rumo e sobe após depoimento de Jefferson
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAl
O mercado se preparou para o
pior. Antes do depoimento do
presidente do PTB, Roberto Jefferson, ao Conselho de Ética da
Câmara, o dólar começou a subir
rapidamente, enquanto a Bovespa derretia. Mas a falta de informações novas ou provas sobre as
denúncias contra o PT inverteu o
rumo do mercado: o dólar acabou
por fechar em baixa e a Bolsa subiu expressivamente.
Pouco antes do início do discurso de Jefferson, perto das 15h, o
dólar registrava forte alta. Na máxima do dia, a moeda chegou a ser
vendida a R$ 2,478 (alta de 1,14%).
Em um cenário de possibilidade
de agravamento na crise política,
a ordem foi montar posições mais
defensivas, com a compra de dólares e a venda de ações.
Porém, com a falta de novidades, o dólar não manteve o ritmo
e encerrou as operações a R$
2,434, em baixa de 0,65%.
Operadores de mesas de câmbio disseram que, com a proximidade do fim dos negócios na tarde
de ontem, muitos investidores
venderam no mercado os dólares
comprados nas horas anteriores.
"O mercado entendeu que o depoimento não foi consistente, não
trouxe novidades, provas, como
alguns temiam", afirmou Miriam
Tavares, diretora de câmbio da
AGK Corretora. Com isso, os investidores não viram motivos para manter suas posições defensivas, ou seja, ficar com dólares em
carteira.
Na Bolsa de Valores de São Paulo, o pessimismo fez com que o
Ibovespa -índice composto pelas 55 ações de maior liquidez-
chegasse a cair 2,30%.
Mas, perto das 15h30, a Bovespa
virou e passou a subir, para fechar
próxima da pontuação máxima
do dia, com alta de 3,38%. Agora,
a Bolsa passou a acumular valorização de 2,13% no mês. A ação
preferencial da Klabin liderou os
ganhos do pregão e fechou em
considerável alta de 10,26%.
Houve também rumores, que
perturbaram o mercado, de que
uma revista publicaria uma edição extra com novos fatos sobre
as denúncias contra o PT.
A crise política começou há cerca de dez dias, quando Jefferson
acusou o PT, em entrevista publicada na Folha, de pagar uma
"mesada" a deputados federais da
base aliada.
Na opinião de Francisco Carvalho, da corretora Liquidez, "o
mercado realmente ficou estressado" e só se acalmou com a falta
de provas no depoimento do deputado. "Mas o mercado vai continuar aguardando os desdobramentos da crise política", diz. Isso
significa que o cenário de alívio
que o mercado viveu no fim da
tarde de ontem possa ser apenas
algo passageiro.
As atenções do mercado agora
voltam a se concentrar na decisão
do Copom -Comitê de Política
Monetária, formado por diretores
e o presidente do BC- sobre os
juros básicos da economia, que
será anunciada provavelmente no
início da noite de hoje.
Juros em queda
No pregão de ontem da BM&F
(Bolsa de Mercadorias & Futuros), as projeções para os juros futuros voltaram a recuar. É praticamente unânime a expectativa do
mercado de que a taxa básica de
juros da economia será mantida
nos atuais 19,75% anuais por mais
um mês.
Ontem, a taxa no contrato DI
(Depósito Interfinanceiro) que
vence daqui a um ano fechou a
18,16%, ante 18,25% do pregão
anterior.
Para defender as apostas em
manutenção da taxa Selic, analistas afirmam que o Copom levará
em consideração a queda da inflação, as baixas nas expectativas futuras de inflação e os sinais de desaquecimento da economia.
O Copom tem aumentado a taxa Selic desde setembro do ano
passado. Desde lá, foram nove
elevações seguidas. Ao elevar os
juros, o Banco Central tenta limitar a pressão inflacionária. Por isso, com o arrefecimento nos preços - mostrado nos últimos dados de inflação divulgados-, o
cenário para o fim do ciclo de altas está dado.
Já a possibilidade de queda na
taxa básica fica adiada, segundo a
expectativa do mercado, para o
último trimestre do ano.
Ontem o risco-país recuou
1,18%, para 418 pontos. O Global
40, um dos títulos da dívida brasileira mais negociados no exterior,
fechou com alta de 0,21%.
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