São Paulo, quarta-feira, 15 de junho de 2005

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MERCADO EDITORIAL

Empresas não revelam valores da transação; para analista, setor se reajusta após encolhimento

Ediouro compra parte da Nova Fronteira

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

A editora Ediouro informou ontem a compra de metade do capital da Nova Fronteira. É o segundo movimento significativo que acontece neste mês no mercado editorial brasileiro. Na semana passada, o grupo espanhol Prisa-Santillana adquiriu 75% da editora Objetiva.
Nenhuma das duas empresas divulgou os valores da negociação. Não há estatísticas oficiais ou rankings das empresas, mas a Folha apurou com pessoas ligadas ao mercado que, com a compra, a Ediouro se consolida como uma das cinco maiores do setor -excetuando a área de didáticos-, ao lado da Record, Rocco, Cia das Letras e Objetiva.
Esse é a terceira aquisição importante da Ediouro desde 2001. Nesse período, a empresa já tinha ampliado sua participação com a aquisição das editoras Agir e Relume-Dumará.
A Nova Fronteira foi fundada por Carlos Lacerda (1914-1977), governador do então Estado da Guanabara na década de 1960, e é comandada hoje por Carlos Augusto Lacerda, seu neto. A parte da editora vendida à Nova Fronteira estava nas mãos da D&PP, do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. A outra parte permanece com a família.
As editoras disseram que a Nova Fronteira continuará independente editorialmente, mas que haverá uma estratégia comercial comum, incluindo distribuição, impressão e compra de papel.
Para Oswaldo Siciliano, presidente da Câmara Brasileira do Livro, a aquisição será "muito boa" para as duas empresas, mas especialmente para a Nova Fronteira. "Depois que a Nova Fronteira perdeu o direito de publicação do Dicionário Aurélio para o grupo Positivo, houve a necessidade de ela se reerguer e voltar a ser a grande editora de ficção e não-ficção dos anos 70 e 80. Com essa negociação com um grupo considerável como o Ediouro, terá mais condições de ampliar sua condição editorial", disse.
Na avaliação do economista da UFRJ Fábio Sá Earp- que produziu em parceria com o pesquisador George Kornis, da Uerj, um estudo sobre o mercado editorial brasileiro para o BNDES-, as aquisições recentes refletem um ajuste provocado pelo encolhimento do setor. "O mercado editorial está encolhendo desde 1995, e é natural que não haja espaço para todo mundo. Por isso, há uma tendência de algumas editoras virarem selos das outras", afirma Earp.
Dados da Câmara Brasileira do Livro mostram que esse movimento de encolhimento acontece principalmente a partir de 1998, quando foram vendidos 410 milhões de exemplares. Em 2003, o total de vendas foi de 256 milhões.


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