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MERCADO EDITORIAL
Empresas não revelam valores da transação; para analista, setor se reajusta após encolhimento
Ediouro compra parte da Nova Fronteira
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A editora Ediouro informou ontem a compra de metade do capital da Nova Fronteira. É o segundo movimento significativo que
acontece neste mês no mercado
editorial brasileiro. Na semana
passada, o grupo espanhol Prisa-Santillana adquiriu 75% da editora Objetiva.
Nenhuma das duas empresas
divulgou os valores da negociação. Não há estatísticas oficiais ou
rankings das empresas, mas a Folha apurou com pessoas ligadas
ao mercado que, com a compra, a
Ediouro se consolida como uma
das cinco maiores do setor -excetuando a área de didáticos-,
ao lado da Record, Rocco, Cia das
Letras e Objetiva.
Esse é a terceira aquisição importante da Ediouro desde 2001.
Nesse período, a empresa já tinha
ampliado sua participação com a
aquisição das editoras Agir e Relume-Dumará.
A Nova Fronteira foi fundada
por Carlos Lacerda (1914-1977),
governador do então Estado da
Guanabara na década de 1960, e é
comandada hoje por Carlos Augusto Lacerda, seu neto. A parte
da editora vendida à Nova Fronteira estava nas mãos da D&PP,
do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga. A outra parte
permanece com a família.
As editoras disseram que a Nova Fronteira continuará independente editorialmente, mas que
haverá uma estratégia comercial
comum, incluindo distribuição,
impressão e compra de papel.
Para Oswaldo Siciliano, presidente da Câmara Brasileira do Livro, a aquisição será "muito boa"
para as duas empresas, mas especialmente para a Nova Fronteira.
"Depois que a Nova Fronteira
perdeu o direito de publicação do
Dicionário Aurélio para o grupo
Positivo, houve a necessidade de
ela se reerguer e voltar a ser a
grande editora de ficção e não-ficção dos anos 70 e 80. Com essa negociação com um grupo considerável como o Ediouro, terá mais
condições de ampliar sua condição editorial", disse.
Na avaliação do economista da
UFRJ Fábio Sá Earp- que produziu em parceria com o pesquisador George Kornis, da Uerj, um
estudo sobre o mercado editorial
brasileiro para o BNDES-, as
aquisições recentes refletem um
ajuste provocado pelo encolhimento do setor. "O mercado editorial está encolhendo desde 1995,
e é natural que não haja espaço
para todo mundo. Por isso, há
uma tendência de algumas editoras virarem selos das outras", afirma Earp.
Dados da Câmara Brasileira do
Livro mostram que esse movimento de encolhimento acontece
principalmente a partir de 1998,
quando foram vendidos 410 milhões de exemplares. Em 2003, o
total de vendas foi de 256 milhões.
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