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Teixeira deve mais de R$ 2 milhões à União
Compadre do presidente Lula, advogado parcela débitos e contesta na Justiça o que considera cobranças indevidas
Teixeira chegou a ter bens pessoais arrolados como garantia de pagamento; pendência com a Receita Federal se arrasta desde 99
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apontado como recebedor
de US$ 5 milhões por ter defendido os interesses da VarigLog,
o advogado Roberto Teixeira,
compadre do presidente Lula,
deve mais de R$ 2 milhões à
União, de acordo com documentos da Receita Federal e da
Procuradoria da Fazenda Nacional obtidos pela Folha.
Teixeira e duas empresas da
família estão lançados no sistema da Procuradoria da Fazenda como tendo débitos inscritos na dívida ativa da União.
As dívidas se devem ao não-recolhimento de tributos federais, acrescidos de juros e multa. Num dos casos, o compadre
do presidente teve seus bens
pessoais arrolados como garantia de pagamento da dívida.
Segundo a instrução normativa da Receita 264/2002, o arrolamento de bens ocorre apenas quando o débito ultrapassa
R$ 500 mil.
Teixeira diz, por meio de sua
assessoria, que parcelou a dívida em seu nome e que tem honrado os pagamentos. Em relação à Mito Participações, uma
das empresas da família, disse
que retirou voluntariamente a
empresa do Paes (Parcelamento Especial) da Receita para
contestar cobranças indevidas
na Justiça. Nos dois casos, contudo, ele e a empresa não conseguiriam obter hoje certidão
negativa de débito, o que significa que mantêm débitos pendentes com a União.
Em 2003, Teixeira foi autuado duas vezes por problemas
no Imposto de Renda da Pessoa Física (como o não-recolhimento do tributo), uma em
março e outra em novembro.
Dois dias após o segundo auto,
teve seus bens arrolados.
Um ano depois, entrou no
Paes. Entretanto, entre o ano
passado e maio deste ano, os
três casos foram encaminhados à Procuradoria da Fazenda
para promover a cobrança e
lançar os débitos na dívida ativa, independentemente dos valores abarcados pelo programa
de parcelamento.
O caso da Mito, uma empresa voltada para a incorporação
imobiliária, se arrasta desde
1999. Naquele ano, a Receita
cobrou da empresa R$ 404 mil
de Imposto de Renda da Pessoa
Jurídica. O capital da Mito está
dividido hoje entre as duas filhas de Teixeira, Larissa e Valeska, e sua mulher, Elvira. No
passado, Teixeira reconheceu
que a empresa pertencia a ele.
Recursos
A também advogada Valeska,
que trabalha com o pai, entrou
com recursos na Justiça contra
a cobrança da Receita Federal
sobre a Mito. Ela alega que a
Receita errou ao fazer o lançamento da dívida, multiplicando
o débito por cem equivocadamente, ao acrescentar duas casas decimais antes da vírgula,
por falha na digitação.
O processo na Justiça ainda
não transitou em julgado, ou
seja, não tem sentença definitiva. A Mito chegou a incluir as
dívidas no Paes, mas saiu do
programa. Fazendo a correção
pela Selic (taxa básica da economia), a dívida ultrapassa hoje R$ 1,5 milhão.
Assim, contando apenas os
débitos de Teixeira como pessoa física somados aos desse
processo da Mito, as dívidas do
advogado com a União já superariam R$ 2 milhões. Porém a
Mito contesta outra cobrança
na Justiça, no valor de R$ 64
mil (sem incluir a correção monetária), e outra empresa da família, a Triza Participações,
também tem vários processos
de inclusão de débitos na dívida
ativa da União.
Se no lado fiscal Teixeira tem
muitas pendências, nos negócios aparentemente ele tem ido
bem. Conforme a Folha publicou na semana passada, o escritório do compadre do presidente, o Teixeira Martins & Advogados, recebeu R$ 840 mil
em apenas três meses no ano
passado pelos serviços prestados à VarigLog.
A L&A Consultores Associados, que produziu laudo encomendado pelo ex-interventor
da VarigLog José Carlos Rocha
Lima, não identificou contratos, notas fiscais nem registros
que comprovassem o repasse
dos recursos para o escritório
de Teixeira, assim como para
outros fornecedores.
Teixeira, via assessoria, confirmou ter recebido os pagamentos e disse que emitiu notas fiscais pelos serviços prestados, apesar de não tê-las
apresentado.
Segundo Marco Antonio Audi, um dos sócios da VarigLog, a
empresa pagou ao todo US$ 5
milhões a Teixeira, o que o advogado nega.
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