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Onda de importações dura 2 anos, diz Jorge
Para ministro, compras externas, que cresceram 49,2% até maio, têm impulsionado a aquisição de máquinas pela indústria
Em 2010, parque industrial
estará reestruturado com
novos equipamentos, e a
balança comercial, mais
equilibrada, diz Miguel Jorge
ANDRÉA MICHAEL
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em entrevista exclusiva à
Folha, o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, avaliou
que o impulso nas importações
de bens de capital, que representam a maior parte das compras brasileiras no exterior, vai
permanecer por mais dois
anos, encerrando depois disso
o ciclo de forte alta na aquisição
de máquinas pela indústria.
"Acredito que haverá diminuição das importações. Porque agora há concentração de
compras pela indústria de base.
Acredito que, num prazo de
cerca de dois anos, haja a reestruturação do parque industrial e conseqüente equilíbrio
dos impactos na balança comercial", afirmou Miguel Jorge
na semana passada, em seu gabinete no ministério.
A avaliação do ministro mostra apenas um dos lados da
moeda. De fato, as importações
de bens de capital cresceram
47,6% nos primeiros cinco meses deste ano, na comparação
com janeiro a maio do ano passado. As compras de matérias-primas e bens intermediários
teve aumento de 44,95%, nas
mesmas condições.
Efeito petróleo
O detalhe é que os bens de
consumo também cresceram
40,5% e combustíveis e lubrificantes, 72,8%, alavancados pela
alta do preço do petróleo no
mercado internacional.
O governo minimiza esses
dados porque os bens de capital
representam 20,8% e as matérias-primas, 48,9% do total das
importações brasileiras, contra
apenas 12,6% de participação
dos bens de consumo.
Na ótica de Miguel Jorge, as
importações brasileiras, que
cresceram 49,2% nos primeiros cinco meses deste ano, são
compras "do bem", porque devem se refletir na melhoria do
parque industrial e auxiliar o
crescimento do país.
"Como ministro do Desenvolvimento vejo as importações que estão ocorrendo como
importações do bem. São importações que terão impacto
positivo futuro no desenvolvimento do país", disse Jorge.
Descompasso
O problema nesse caso é o
aumento vertiginoso das importações contra um ritmo
mais fraco das exportações brasileiras, que cresceram 22,2%
nos primeiros cinco meses deste ano.
Dados do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) comprovam a expansão
da indústria.
No primeiro trimestre deste
ano, o setor cresceu 6,9% em
relação ao período de janeiro a
março do ano passado, o melhor resultado desde o segundo
trimestre de 2004.
Crescimento
A saída de moeda estrangeira
em ritmo maior que os ingressos, entre outros fatores, está
refletido na deterioração do balanço de transações correntes
brasileiro e assusta o governo
pelo impacto que pode causar
no crescimento do país.
O desempenho industrial
alavancou o PIB (Produto Interno Bruto) nacional, que
cresceu 5,8% nos primeiros
três meses deste ano, mas fornece indícios de desaceleração.
Na avaliação do ministro do
Desenvolvimento, os números
embutem uma notícia positiva,
a sustentabilidade do crescimento da economia.
"O PIB reflete uma desaceleração, mas os números indicam
que vamos conseguir manter
um crescimento da economia
entre 5% e 5,5%", disse Jorge.
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