São Paulo, domingo, 15 de junho de 2008

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Onda de importações dura 2 anos, diz Jorge

Para ministro, compras externas, que cresceram 49,2% até maio, têm impulsionado a aquisição de máquinas pela indústria

Em 2010, parque industrial estará reestruturado com novos equipamentos, e a balança comercial, mais equilibrada, diz Miguel Jorge

ANDRÉA MICHAEL
IURI DANTAS

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em entrevista exclusiva à Folha, o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, avaliou que o impulso nas importações de bens de capital, que representam a maior parte das compras brasileiras no exterior, vai permanecer por mais dois anos, encerrando depois disso o ciclo de forte alta na aquisição de máquinas pela indústria.
"Acredito que haverá diminuição das importações. Porque agora há concentração de compras pela indústria de base. Acredito que, num prazo de cerca de dois anos, haja a reestruturação do parque industrial e conseqüente equilíbrio dos impactos na balança comercial", afirmou Miguel Jorge na semana passada, em seu gabinete no ministério.
A avaliação do ministro mostra apenas um dos lados da moeda. De fato, as importações de bens de capital cresceram 47,6% nos primeiros cinco meses deste ano, na comparação com janeiro a maio do ano passado. As compras de matérias-primas e bens intermediários teve aumento de 44,95%, nas mesmas condições.

Efeito petróleo
O detalhe é que os bens de consumo também cresceram 40,5% e combustíveis e lubrificantes, 72,8%, alavancados pela alta do preço do petróleo no mercado internacional.
O governo minimiza esses dados porque os bens de capital representam 20,8% e as matérias-primas, 48,9% do total das importações brasileiras, contra apenas 12,6% de participação dos bens de consumo.
Na ótica de Miguel Jorge, as importações brasileiras, que cresceram 49,2% nos primeiros cinco meses deste ano, são compras "do bem", porque devem se refletir na melhoria do parque industrial e auxiliar o crescimento do país.
"Como ministro do Desenvolvimento vejo as importações que estão ocorrendo como importações do bem. São importações que terão impacto positivo futuro no desenvolvimento do país", disse Jorge.

Descompasso
O problema nesse caso é o aumento vertiginoso das importações contra um ritmo mais fraco das exportações brasileiras, que cresceram 22,2% nos primeiros cinco meses deste ano.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) comprovam a expansão da indústria.
No primeiro trimestre deste ano, o setor cresceu 6,9% em relação ao período de janeiro a março do ano passado, o melhor resultado desde o segundo trimestre de 2004.

Crescimento
A saída de moeda estrangeira em ritmo maior que os ingressos, entre outros fatores, está refletido na deterioração do balanço de transações correntes brasileiro e assusta o governo pelo impacto que pode causar no crescimento do país.
O desempenho industrial alavancou o PIB (Produto Interno Bruto) nacional, que cresceu 5,8% nos primeiros três meses deste ano, mas fornece indícios de desaceleração. Na avaliação do ministro do Desenvolvimento, os números embutem uma notícia positiva, a sustentabilidade do crescimento da economia.
"O PIB reflete uma desaceleração, mas os números indicam que vamos conseguir manter um crescimento da economia entre 5% e 5,5%", disse Jorge.


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