|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRISE ARGENTINA
Ex-presidente prega fórmula ao lançar-se à sucessão de Duhalde
De volta, Menem defende dolarização
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O ex-presidente Carlos Menem
(1989-1999) defendeu a dolarização da economia como solução
para a crise argentina durante ato
de lançamento oficial de sua pré-candidatura à Presidência pelo
Partido Jusiticialista (peronista,
do presidente Eduardo Duhalde).
"A dolarização é a única ferramenta que garante a governabilidade da Argentina", disse ele, no
ato realizado na noite de sábado,
que reuniu 2.000 empresários,
banqueiros e aliados em Pilar
(Grande Buenos Aires).
Menem sabe que o país precisaria obter empréstimos de organismos financeiros internacionais se
quisesse levar adiante uma proposta de dolarização. Por isso, o
ex-presidente propõe maior alinhamento das políticas argentinas aos interesses dos EUA que
teria como primeiro passo a retomada do pagamento da dívida externa, suspenso desde dezembro.
Os projetos não são muito diferentes das idéias que nortearam
os dois mandatos anteriores de
Menem. O retorno do ex-presidente ao centro do debate político
é surpreendente, já que, há apenas
oito meses, ele estava preso acusado de contrabando de armas para
Equador e Croácia entre 1991 e
1995.
Neste ano, já em liberdade, Menem enfrentou diversos protestos
da população. Além da imagem
de corrupto, ele também tem um
índice de rejeição com os argentinos superior a 50%.
No entanto, a desistência do governador de Santa Fé, Carlos Reutemann, de se candidatar à Presidência, abriu as portas para a ressurreição de Menem. Reutemann
deixou um vazio no peronismo
que tem sido ocupado pelo ex-presidente, devido à falta de outros nomes de peso no partido.
Apesar de favorito dentro do PJ,
há dúvidas se Menem poderá
vencer a deputada de oposição
Elisa Carrió na eleição de março.
Segundo a consultoria Equis, as
intenções de voto de Carrió subiram de 14% para 17,4% após a desistência de Reutemann. Já Menem cresceu de 4,5% para 8,5%.
A dificuldade para crescer se explica pelos ataques que o ex-presidente vem sofrendo. O mais feroz
veio do também ex-presidente e
pré-candidato peronista Adolfo
Rodríguez Saá, que disse ao jornal
"Página 12" temer ser assassinado
por Menem. Já o ex-economista-chefe do FMI (Fundo Monetário
Internacional) Michael Mussa
culpou Menem pelo colapso argentino em entrevista publicada
ontem pelo jornal "La Nación".
Texto Anterior: Fraudes do capital: Bush sabia de prejuízo antes de vender ações Próximo Texto: Panorâmica - Transparência - 1: Coca-Cola terá nova regra de contabilidade Índice
|