São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 2002

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CRISE ARGENTINA

Ex-presidente prega fórmula ao lançar-se à sucessão de Duhalde

De volta, Menem defende dolarização

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

O ex-presidente Carlos Menem (1989-1999) defendeu a dolarização da economia como solução para a crise argentina durante ato de lançamento oficial de sua pré-candidatura à Presidência pelo Partido Jusiticialista (peronista, do presidente Eduardo Duhalde).
"A dolarização é a única ferramenta que garante a governabilidade da Argentina", disse ele, no ato realizado na noite de sábado, que reuniu 2.000 empresários, banqueiros e aliados em Pilar (Grande Buenos Aires).
Menem sabe que o país precisaria obter empréstimos de organismos financeiros internacionais se quisesse levar adiante uma proposta de dolarização. Por isso, o ex-presidente propõe maior alinhamento das políticas argentinas aos interesses dos EUA que teria como primeiro passo a retomada do pagamento da dívida externa, suspenso desde dezembro.
Os projetos não são muito diferentes das idéias que nortearam os dois mandatos anteriores de Menem. O retorno do ex-presidente ao centro do debate político é surpreendente, já que, há apenas oito meses, ele estava preso acusado de contrabando de armas para Equador e Croácia entre 1991 e 1995.
Neste ano, já em liberdade, Menem enfrentou diversos protestos da população. Além da imagem de corrupto, ele também tem um índice de rejeição com os argentinos superior a 50%.
No entanto, a desistência do governador de Santa Fé, Carlos Reutemann, de se candidatar à Presidência, abriu as portas para a ressurreição de Menem. Reutemann deixou um vazio no peronismo que tem sido ocupado pelo ex-presidente, devido à falta de outros nomes de peso no partido.
Apesar de favorito dentro do PJ, há dúvidas se Menem poderá vencer a deputada de oposição Elisa Carrió na eleição de março. Segundo a consultoria Equis, as intenções de voto de Carrió subiram de 14% para 17,4% após a desistência de Reutemann. Já Menem cresceu de 4,5% para 8,5%.
A dificuldade para crescer se explica pelos ataques que o ex-presidente vem sofrendo. O mais feroz veio do também ex-presidente e pré-candidato peronista Adolfo Rodríguez Saá, que disse ao jornal "Página 12" temer ser assassinado por Menem. Já o ex-economista-chefe do FMI (Fundo Monetário Internacional) Michael Mussa culpou Menem pelo colapso argentino em entrevista publicada ontem pelo jornal "La Nación".


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