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MERCADO FINANCEIRO
BC inicia reunião para decidir futuro dos juros, que podem cair até meio ponto, segundo analistas
Copom e pesquisa eleitoral ditam negócios
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Reunião do Copom (Comitê de
Política Monetária) do Banco
Central e resultados de uma nova
pesquisa eleitoral deverão dominar a semana no mercado.
Uma parcela do mercado afirma que cresce a possibilidade de o
BC decidir reduzir a taxa básica de
juros, a Selic, na reunião que começa amanhã e acaba na quarta-feira. Para alguns analistas, a principal razão para que o BC corte a
Selic seria a diminuição das oscilações do câmbio, em meio à melhora dos ativos, observada na semana passada .
A Bolsa de Valores de São Paulo
acumulou alta de 4,2% na semana. O risco-país brasileiro, medido pelo JP Morgan, caiu 11,7% no
mesmo período, enquanto o dólar registrou baixa de 2,4%.
A menor valorização do câmbio, dizem analistas, seria resultado de iniciativas do Banco Central
e de conversas de seu presidente,
Armínio Fraga, no exterior.
Embora o câmbio esteja mais
comportado, parece estar difícil
cruzar o dólar a R$ 2,80. Parte do
mercado afirma acreditar que esse patamar seria um suporte, um
ponto de compra.
O Copom, porém, pode valorizar a queda da volatilidade.
"Se o dólar permanecer em R$
2,80, R$ 2,81, com menos oscilação, abre espaço para redução de
0,25 ponto percentual, até 0,5
ponto dos juros", diz Jorge Simino, diretor-executivo da Unibanco Asset Management. Saber em
que patamar o dólar ficará é essencial para que a autoridade monetária possa imaginar se a inflação ficará dentro das metas.
Um cálculo importante no modelo econométrico usado pelo BC
parte, em linhas gerais, da diferença entre o patamar em que o
dólar está hoje (R$ 2,80) e o em
que ele estava antes (R$ 2,60).
"Daí a importância do grau de
volatilidade. Com muita oscilação
cambial, não há confiança no cálculo, e o raciocínio fica muito vulnerável", diz Simino.
Segundo ele, com esse câmbio,
aplicado o repasse da taxa, a inflação iria para cerca de 3,5%, "dentro da meta -estritamente dentro do modelo usado pelo BC. Seria factível uma redução de juros".
Outra corrente de analistas afirma defender o corte da taxa básica de juros porque a manutenção
da Selic conservaria o país no
atual mau humor, quando o mercado está carente de boas notícias.
"Reduzir 0,25 ponto percentual
é a melhor alternativa em termos
de inflação, reputação do BC e
evita colocar o país no círculo vicioso de mau humor dos mercados", diz Octavio de Barros, economista-chefe do BBV Banco.
"A decisão da última reunião do
Copom [de manter juros em
18,5%] foi uma má decisão. Fez o
país ingressar nesse círculo vicioso de mau humor. Repeti-la, será
incorrer no mesmo erro."
Por outro lado, há quem considere que o corte não deveria ser
superior a 0,25 ponto percentual
para não dar margem à contestação da credibilidade do BC.
"Uma redução pequena (0,25
ponto) não afetaria a reputação
do comitê que já havia colocado
viés de baixa (possibilidade de
corte da Selic antes da reunião seguinte)", afirma Barros.
O fato de o BC não ter usado esse viés suscita dúvidas em relação
à possibilidade de a autoridade
monetária optar por decisão menos conservadora.
"Acreditamos que o BC vá manter os juros, ainda que não se possa descartar a possibilidade de
corte. Na última reunião, foi colocado o viés de baixa porque a turbulência poderia ser temporária.
Mas o dólar pulou para mais de
R$ 2,80", afirma Alexandre Bassoli, do HSBC.
O mercado deve conhecer entre
hoje e amanhã os resultados da
pesquisa eleitoral do Ibope, realizada na semana passada.
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