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Base mínima de recursos terá de ir para habitação, diz diretor do BC
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de sete anos usando os
recursos da poupança para outras
aplicações mais rentáveis que o
crédito imobiliário, os bancos serão obrigados a cumprir o direcionamento de 65% dos recursos
para a habitação. A retirada do
guarda-chuva do FCVS (Fundo
de Compensação de Variações
Salariais), porém, será lenta e gradual e, se acontecer, só estará concluída daqui a nove anos.
Na sexta-feira, Sérgio Darcy, diretor de Normas do Banco Central, disse à Folha que o BC vai
propor ao CMN ( Conselho Monetário Nacional) que os créditos
do FCVS, tanto os reais como os
virtuais, voltem para o financiamento imobiliário."A idéia é devolver os recursos ao sistema em
parcelas mensais, ao longo de
cem meses", diz Darcy.
O FCVS é um fundo que foi criado para cobrir o buraco que os
mutuários do antigo SFH (Sistema Financeiro da Habitação) deixavam nos bancos privados em
decorrência da política de subsídios do governo.
Ele calcula que só os créditos
virtuais, aqueles já resgatados no
passado pelos bancos, somem R$
15 bilhões. Só essa fração representaria um acréscimo de R$ 150
milhões, mensalmente, ao financiamento imobiliário.
Darcy reconhece que o artifício
da contabilização dos créditos do
FCVS como se fosse financiamento imobiliário permitiu aos bancos usar esses valores para outras
finalidades. "Os recursos [correspondentes ao FCVS] efetivamente estão em outras atividades, outras aplicações. O dinheiro não fica parado no banco", disse.
Segundo Darcy a lei 10.850/97
diz que enquanto um banco possuir créditos junto ao FCVS em
carteira, poderá contabilizá-lo como direcionamento ao setor de
habitação.
Ele justifica a medida adotada
durante o Proer como um ato do
governo para manter o equilíbrio
das instituições financeiras. "Todo mundo gosta de bancos sólidos", disse.
Segundo o diretor do BC o governo está, agora, buscando uma
mudança nessa situação . "Mas
não se pode fazer uma saída imediata para preservar a solvência
dos bancos", disse.
Há duas semanas o assunto vem
sendo discutido pelo BC. "Durante um ano e meio estudamos um
novo modelo para a poupança e o
crédito imobiliário. Era uma solução de mercado: não haveria exigência de direcionamento mínimo de recursos para habitação, a
rentabilidade da poupança seria
maior e não prefixada, e os poupadores pagariam Imposto de
Renda sobre os ganhos", disse.
Esse modelo, porém, dependeria de aprovação pelo Congresso
Nacional, o que demandaria tempo. "Já que vamos manter a rentabilidade fixa da caderneta, que se
cumpra, então, o direcionamento
de 65% dos recursos para investimentos no setor imobiliário", disse Darcy.
O próprio diretor do BC admitiu que a retomada de um eventual debate sobre o percentual dos
recursos da poupança direcionado para o crédito imobiliário deverá ocorrer no próximo governo.
Ou seja, por ora o BC já tratou de
engavetar qualquer proposta.
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