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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Mantega quer adotar desenvolvimentismo
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, pretende impor a
sua marca na política econômica do país. Se o primeiro mandato do governo Lula foi marcado pelo conservadorismo, o
seu objetivo, a partir de agora, é
adotar uma linha desenvolvimentista no país.
A manutenção dos 4,5% de
meta de inflação para 2009 pode ser considerada o marco divisório para essa nova política.
Mantega travou uma queda-de-braço com diretores do Banco Central e com o mercado financeiro e saiu vitorioso.
Na semana passada, ele voltou a reafirmar que a meta seria
mesmo de 4,5% para 2009 e
apresentou dados mostrando
que essa decisão não tinha provocado uma alta dos juros futuros. De acordo com os seus dados, os juros tinham até caído.
O objetivo de Mantega, agora, é vencer aquela que ele considera a última barreira para
deixar a economia brasileira
equilibrada, que é baixar os juros e os "spreads". Mantega
quer deixar o governo, em
2010, com o Brasil praticando
taxas de juros reais próximas às
dos países desenvolvidos, entre
3% e 4%. Hoje, os juros reais estão na faixa de 8%.
Mantega acha que já quebrou
muitos tabus. Um deles, por
exemplo, é o de que o produto
potencial no país era de 3,5%.
Ou seja, o crescimento do país
estaria limitado a 3,5%. Se crescesse mais do que isso, voltaria
a inflação.
Outro tabu, que era defendido pelo economista Pérsio Arida, era que o juro real no país
estava limitado ao piso de 8%.
Menos do que isso, o risco seria
a volta da inflação. Pela primeira vez na história, esse tabu está
prestes a ser quebrado na reunião do Copom da próxima
quarta-feira.
Apesar de a decisão da meta
de inflação para 2009 ter sido
bastante contestada, Mantega
acha que essas críticas se concentraram muito nas instituições financeiras. Os economistas e representantes de entidades ligadas ao setor produtivo
apoiaram a medida.
Dentro do governo, as resistências maiores partem de alguns diretores do Banco Central, que achavam que a meta
deveria ser de 4%, já que as previsões de inflação estão abaixo
desse patamar.
O receio de Mantega, no entanto, é que, com uma meta
menor, o Banco Central, ao rodar o modelo econométrico
num momento de alta pontual
de inflação, acabe freando a
queda dos juros sem necessidade e, com isso, reduzindo o ritmo de crescimento do país.
PROJEÇÃO
A Epson, conhecida principalmente como fabricante de
impressoras, registrou alta de 30% no mercado brasileiro de
projetores. O impulso veio do setor de educação. "O país se
tornou um mercado forte no ano passado. As escolas estão
se informatizando, começando a usar mais a internet", diz
Odivaldo Moreno, presidente da empresa no Brasil. Segundo
o executivo, cerca de 70% do mercado fica com a educação e
25% com o setor corporativo. Os outros 5% são pulverizados
em clientes da área de eventos, entre outros. "Nos próximos
meses vamos nos focar nos consumidores domésticos, que
usam projetores para "home theater". É um mercado que
ainda vai ter seu boom."
COMPASSO
Depois de vender sua empresa de tecnologia, a Cyclades, com sede na California, por US$ 90 milhões, o empresário Daniel Dalarossa tem um novo desafio -um selo
musical voltado ao choro. Batizado de Choro Music, a empresa, que é americana, acaba de ganhar uma filial brasileira. "Já lançamos dois volumes do Ernesto Nazareth e
agora vamos lançar o terceiro dele e o primeiro da Chiquinha Gonzaga", diz Dalarossa.
EXTERIOR
O Banco do Brasil alcançou um saldo de US$ 2,5 bilhões em operações de pré-pagamento de exportação.
Somente no primeiro semestre deste ano, a instituição desembolsou US$ 753
milhões para os exportadores que buscam na linha de
financiamento recursos para capital de giro, com longo
prazo, taxas competitivas e
isenção de Imposto de Renda. O repasse que ocorreu
entre os meses de janeiro e
junho é recorde no Banco do
Brasil.
PUBLICITÁRIO
O Brasil passou da oitava
para a sétima posição entre
os países que mais investem
em publicidade no mundo,
segundo levantamento do
Grupo de Mídia São Paulo. O
país gastou, em 2006,
R$19,3 bilhões contra
R$17,7 bilhões em 2005. No
mercado nacional, as emissoras de TV aberta lideram
na captação de investimentos, com 59,4% do total.
FEMININO
O Lidem (Grupo de Mulheres Líderes Empresariais), presidido por Chieko
Aoki, promoverá um workshop sobre "Práticas para o
Desenvolvimento das Lideranças Femininas", na próxima sexta-feira. Sylvia Coutinho, diretora-executiva do HSBC e Luiza Trajano, presidente do Magazine Luiza,
serão as palestrantes no
evento.
SEXTA-FEIRA
Para divulgar o complexo
de escritórios Villa-Lobos
Office Park, a Cyrela promoverá o TGI Monday's, referência à cadeia de restaurantes TGI Friday's. Nas manhãs das segundas, haverá
happy hour e show ao vivo
no restaurante Fidel, em Alto de Pinheiros, em SP.
CHAMADA
João Cox, presidente da
Claro, inaugura nova loja da
operadora no shopping
Iguatemi, na terça.
PICADEIRO
A Febraban escolheu o case Cirque du Soleil, criado
para o Bradesco, pela Neogama/BBH, para representar o Brasil em competição
da Felaban (Federação Latino-Americana de Bancos),
em agosto, em Miami. A
campanha esteve entre as
dez mais lembradas em
2006 e de julho a agosto foi a
preferida pelos consumidores, segundo o Datafolha.
SALTO ALTO
A Francal 2007 terminou
na última semana com a presença de 53 mil visitantes.
Mais de um terço foi de lojistas nacionais. O volume de
negócios no evento equivale
a quatro meses de produção
da indústria calçadista nacional, algo em torno de 250
milhões de pares. Um importador da África do Sul fechou dois pedidos que, juntos, chegam a 6.500 pares.
com ISABELLE MOREIRA LIMA e JOANA CUNHA
[+]análise
Dólar pode bater R$ 1,50, diz economista
O economista Alex Agostini, da Austin Rating, afirma
que o processo de valorização do câmbio vai continuar
acelerado e que o dólar pode
chegar, neste segundo semestre, não apenas a R$ 1,80
como a R$ 1,50.
Agostini diz que as chances de a moeda nacional se
valorizar a esse patamar são
remotas, mas não desprezíveis.
"Vale a ressalva que a ocorrência de fatores imponderáveis, como a explosão de uma
crise externa, atentados terroristas de proporção significativa ou mesmo uma ação
atabalhoada do governo brasileiro para amenizar a agonia dos setores exportadores
pode reverter sumariamente
esse cenário", afirma o economista.
Se, historicamente, a desvalorização do real era um
termômetro da desconfiança, Agostini diz que seu processo de valorização não pode ser considerado um reflexo de ampla confiança no
país.
"O movimento é fomentado por uma onda de relativo
otimismo mundial, que atinge uma significativa gama de
países", diz.
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