São Paulo, domingo, 15 de julho de 2007

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Mantega quer adotar desenvolvimentismo

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, pretende impor a sua marca na política econômica do país. Se o primeiro mandato do governo Lula foi marcado pelo conservadorismo, o seu objetivo, a partir de agora, é adotar uma linha desenvolvimentista no país.
A manutenção dos 4,5% de meta de inflação para 2009 pode ser considerada o marco divisório para essa nova política. Mantega travou uma queda-de-braço com diretores do Banco Central e com o mercado financeiro e saiu vitorioso.
Na semana passada, ele voltou a reafirmar que a meta seria mesmo de 4,5% para 2009 e apresentou dados mostrando que essa decisão não tinha provocado uma alta dos juros futuros. De acordo com os seus dados, os juros tinham até caído.
O objetivo de Mantega, agora, é vencer aquela que ele considera a última barreira para deixar a economia brasileira equilibrada, que é baixar os juros e os "spreads". Mantega quer deixar o governo, em 2010, com o Brasil praticando taxas de juros reais próximas às dos países desenvolvidos, entre 3% e 4%. Hoje, os juros reais estão na faixa de 8%.
Mantega acha que já quebrou muitos tabus. Um deles, por exemplo, é o de que o produto potencial no país era de 3,5%. Ou seja, o crescimento do país estaria limitado a 3,5%. Se crescesse mais do que isso, voltaria a inflação.
Outro tabu, que era defendido pelo economista Pérsio Arida, era que o juro real no país estava limitado ao piso de 8%. Menos do que isso, o risco seria a volta da inflação. Pela primeira vez na história, esse tabu está prestes a ser quebrado na reunião do Copom da próxima quarta-feira.
Apesar de a decisão da meta de inflação para 2009 ter sido bastante contestada, Mantega acha que essas críticas se concentraram muito nas instituições financeiras. Os economistas e representantes de entidades ligadas ao setor produtivo apoiaram a medida.
Dentro do governo, as resistências maiores partem de alguns diretores do Banco Central, que achavam que a meta deveria ser de 4%, já que as previsões de inflação estão abaixo desse patamar.
O receio de Mantega, no entanto, é que, com uma meta menor, o Banco Central, ao rodar o modelo econométrico num momento de alta pontual de inflação, acabe freando a queda dos juros sem necessidade e, com isso, reduzindo o ritmo de crescimento do país.

PROJEÇÃO

A Epson, conhecida principalmente como fabricante de impressoras, registrou alta de 30% no mercado brasileiro de projetores. O impulso veio do setor de educação. "O país se tornou um mercado forte no ano passado. As escolas estão se informatizando, começando a usar mais a internet", diz Odivaldo Moreno, presidente da empresa no Brasil. Segundo o executivo, cerca de 70% do mercado fica com a educação e 25% com o setor corporativo. Os outros 5% são pulverizados em clientes da área de eventos, entre outros. "Nos próximos meses vamos nos focar nos consumidores domésticos, que usam projetores para "home theater". É um mercado que ainda vai ter seu boom."

COMPASSO

Depois de vender sua empresa de tecnologia, a Cyclades, com sede na California, por US$ 90 milhões, o empresário Daniel Dalarossa tem um novo desafio -um selo musical voltado ao choro. Batizado de Choro Music, a empresa, que é americana, acaba de ganhar uma filial brasileira. "Já lançamos dois volumes do Ernesto Nazareth e agora vamos lançar o terceiro dele e o primeiro da Chiquinha Gonzaga", diz Dalarossa.

EXTERIOR
O Banco do Brasil alcançou um saldo de US$ 2,5 bilhões em operações de pré-pagamento de exportação. Somente no primeiro semestre deste ano, a instituição desembolsou US$ 753 milhões para os exportadores que buscam na linha de financiamento recursos para capital de giro, com longo prazo, taxas competitivas e isenção de Imposto de Renda. O repasse que ocorreu entre os meses de janeiro e junho é recorde no Banco do Brasil.

PUBLICITÁRIO
O Brasil passou da oitava para a sétima posição entre os países que mais investem em publicidade no mundo, segundo levantamento do Grupo de Mídia São Paulo. O país gastou, em 2006, R$19,3 bilhões contra R$17,7 bilhões em 2005. No mercado nacional, as emissoras de TV aberta lideram na captação de investimentos, com 59,4% do total.

FEMININO
O Lidem (Grupo de Mulheres Líderes Empresariais), presidido por Chieko Aoki, promoverá um workshop sobre "Práticas para o Desenvolvimento das Lideranças Femininas", na próxima sexta-feira. Sylvia Coutinho, diretora-executiva do HSBC e Luiza Trajano, presidente do Magazine Luiza, serão as palestrantes no evento.

SEXTA-FEIRA
Para divulgar o complexo de escritórios Villa-Lobos Office Park, a Cyrela promoverá o TGI Monday's, referência à cadeia de restaurantes TGI Friday's. Nas manhãs das segundas, haverá happy hour e show ao vivo no restaurante Fidel, em Alto de Pinheiros, em SP.

CHAMADA
João Cox, presidente da Claro, inaugura nova loja da operadora no shopping Iguatemi, na terça.

PICADEIRO
A Febraban escolheu o case Cirque du Soleil, criado para o Bradesco, pela Neogama/BBH, para representar o Brasil em competição da Felaban (Federação Latino-Americana de Bancos), em agosto, em Miami. A campanha esteve entre as dez mais lembradas em 2006 e de julho a agosto foi a preferida pelos consumidores, segundo o Datafolha.

SALTO ALTO
A Francal 2007 terminou na última semana com a presença de 53 mil visitantes. Mais de um terço foi de lojistas nacionais. O volume de negócios no evento equivale a quatro meses de produção da indústria calçadista nacional, algo em torno de 250 milhões de pares. Um importador da África do Sul fechou dois pedidos que, juntos, chegam a 6.500 pares.


com ISABELLE MOREIRA LIMA e JOANA CUNHA

[+]análise

Dólar pode bater R$ 1,50, diz economista

O economista Alex Agostini, da Austin Rating, afirma que o processo de valorização do câmbio vai continuar acelerado e que o dólar pode chegar, neste segundo semestre, não apenas a R$ 1,80 como a R$ 1,50.
Agostini diz que as chances de a moeda nacional se valorizar a esse patamar são remotas, mas não desprezíveis.
"Vale a ressalva que a ocorrência de fatores imponderáveis, como a explosão de uma crise externa, atentados terroristas de proporção significativa ou mesmo uma ação atabalhoada do governo brasileiro para amenizar a agonia dos setores exportadores pode reverter sumariamente esse cenário", afirma o economista.
Se, historicamente, a desvalorização do real era um termômetro da desconfiança, Agostini diz que seu processo de valorização não pode ser considerado um reflexo de ampla confiança no país.
"O movimento é fomentado por uma onda de relativo otimismo mundial, que atinge uma significativa gama de países", diz.


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