|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crescimento faz empresas importarem engenheiros
Pedidos de estrangeiros para exercer profissão no país subiram 132% em 2006
Estagnação econômica por
20 anos desmontou setor,
dizem especialistas; vagas
estão em várias áreas, como
siderurgia e petroquímica
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
O crescimento econômico
está obrigando empresas de várias áreas a importar engenheiros, por não encontrar no país
mão-de-obra especializada ou
em quantidade suficiente para
atender a suas necessidades.
O número de trabalhadores
trazidos ao país não é grande
em números absolutos, mas indica a tendência. Segundo o
Confea (conselho federal de
engenharia), que concede autorização a engenheiros estrangeiros exercerem a profissão no
Brasil, os pedidos de autorização passaram de 34, em 2005,
para 79 no ano passado.
O crescimento é de 132%. Já
o número de concessões passou de 19 para 37, com elevação
de 94%. Em 2007, a tendência
também é de alta.
"Esse é mais um dos gargalos
do crescimento", afirma Marcos Túlio de Melo, presidente
do Confea. "O país, que tinha
uma estrutura complexa e reconhecida internacionalmente
de engenharia, permitiu que
esse parque fosse desmontado
por ficar 20 anos sem crescer.
Que país pode permitir isso?
Nós perdemos a estratégia de
sustentabilidade."
Sem alternativas para atender seus projetos, as empresas
buscam empregados em países
tão diferentes quanto Reino
Unido, China, México, Índia e
Hungria. A fabricante de papel
International Paper (IP) trouxe quatro engenheiros civis dos
Estados Unidos, quando decidiu investir US$ 300 milhões
para fazer do Brasil sua plataforma de exportação para Europa, EUA e América Latina.
"A boa notícia é que o país está crescendo", afirma Maximo
Pacheco, presidente da International Paper. "A má é que isso acontece num momento em
que a economia do mundo está
aquecida e falta mão-de-obra
qualificada não só aqui como
em outros países."
A situação é tão crítica que
Pacheco proibiu a demissão de
engenheiros da IP. Na empresa
de software Tata Consultancy
Services (TCS), a situação não é
diferente. A desenvolvedora indiana trouxe 40 engenheiros de
seu país de origem para treinar
e formar equipes de trabalho.
"Também faltam recursos
humanos na Índia", afirma Sérgio Rodrigues, presidente da
TCS. "Só que hoje eu não encontraria profissionais com esse tipo de conhecimento, com a
rapidez e na quantidade que eu
preciso para crescer no Brasil."
O engenheiro eletricista
Sreenivas Dssdp, 33, foi um dos
profissionais importados pela
TCS. Há dois anos no Brasil, ele
diz que se preocupou com a violência e com a possibilidade de
ele e sua família terem dificuldades com a língua. A adaptação, no entanto, foi fácil.
"Minha filha de 9 anos fala
perfeitamente o português, fizemos vários amigos e o Brasil
foi muito receptivo", diz Dssdp,
que ocupa o cargo de diretor de
operações da fábrica de software da TCS em Campinas. "Os
profissionais brasileiros têm
certa dificuldade com métodos
e processos mais rígidos, mas
eles são importantes para garantir a qualidade."
Como a TCS, a Construtora
Tenda foi buscar no exterior
profissionais para uma área na
qual os engenheiros brasileiros
não têm expertise: a de casas
populares. Encontrou-os no
México, onde os projetos habitacionais em larga escala já são
realidade.
Segundo Adriana Boock, gerente de marketing da Tenda, a
intenção é trazer os conhecimentos mexicanos para as diversas áreas da empresa. A
idéia é que, depois de treinados,
os funcionários brasileiros terão o conhecimento necessário
para o futuro da empresa.
Maior empresa de recrutamento no país, a Michael Page é
exemplo do aquecimento desse
mercado. Enquanto a companhia cresceu 70% em número
de negócios neste ano, a área de
engenharia avançou 100%.
Texto Anterior: Tecnologia: País é 46º em ambiente de competição de TI Próximo Texto: Entidade estima que faltem 3.000 profissionais no país Índice
|