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São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2003

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CRISE NO AR

Daniel Mandelli, que articulava a união, presidia a empresa desde 2001

Saída do presidente da TAM ameaça a fusão com a Varig

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O processo de fusão da Varig com a TAM sofreu ontem um sério abalo. Daniel Mandelli Martin, presidente da TAM desde 2001 e um dos principais articuladores do processo de união das companhias, deixou o cargo. Sua saída ocorreu após um desentendido com Noemy Amaro, viúva de Rolim Amaro, empresário que tornou a TAM uma grande companhia aérea e morreu em 2001. Ela detém 72% das ações da empresa.
Desde fevereiro, Mandelli vinha articulando com o governo, principalmente com o ministro da Casa Civil, José Dirceu, seu amigo, a fusão da TAM com a Varig. Para o executivo, a Varig-TAM poderia se transformar em uma potência mundial da aviação.
No entanto a sucessão de liminares obtidas por um grupo da Fundação Ruben Berta (dona da Varig), liderado por Gilberto Rigoni (ouvidor da FRB-Par, holding da Varig), vinha minando a paciência de Mandelli.
Uma liminar, solicitada pela Apvar (Associação dos Pilotos da Varig), concedida pela Justiça do Rio Grande do Sul, impede atualmente o prosseguimento do processo de fusão.

Quadro caótico
Diante de um quadro caótico contra a união das companhias, Mandelli chegou a propor ao conselho da TAM que fosse estabelecida uma data-limite para as duas empresas assinarem um acordo de irreversibilidade da fusão.
O conselho encarou com cautela a proposta. Mas Mandelli passou a divulgar que, se até 30 de setembro não fosse assinado o documento de irreversibilidade da união, a TAM sairia do negócio.
Noemy sempre demonstrou receio quanto à fusão com a Varig. Teme que a TAM seja prejudicada se a união não for bem realizada. Segundo a TAM, as negociações para a fusão serão tocadas agora pelo seu conselho administrativo. A sucessão na TAM deve ao menos alongar o processo de fusão.
Mandelli, 51, é casado com Leny Amaro, filha de Noemy e de Amaro. É conhecido por ser um homem impaciente e ansioso. O executivo trabalhou durante 30 anos na TAM, onde começou no cargo de estagiário em administração. Ele queria presidir a futura Varig-TAM.
O banco Fator, que tem intermediado a fusão, deixou claro que o presidente da empresa não viria nem da TAM nem da Varig, conforme acordo preliminar entre as duas empresas.
O banco sugeriu que Mandelli se candidatasse à presidência do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias). Isso porque mantinha bons contatos com o Palácio do Planalto. O executivo recusou a proposta.
Ontem, depois de um desentendimento de Mandelli com Noemy, a TAM anunciou que o executivo havia deixado a presidência da companhia.

Sucessão
O sucessor de Mandelli será escolhido nos próximos dias, em assembléia geral dos acionistas da TAM.
Além de Noemy, que possui 72% das ações da companhia, os outros investidores da empresa são fundos de investimento administrados pelos bancos Credit Suisse First Boston e BPL (Bassini, Playfair & Wright).
Até a decisão da assembléia, o presidente interino da TAM é Antonio Luiz Teixeira de Barros Júnior, vice-presidente do conselho de administração. Barros é o conselheiro de Noemy para os negócios da TAM.
Ela deve ser eleita presidente do conselho. Entre os possíveis sucessores de Mandelli estão Ruy Aquino, presidente da Táxi Aéreo de Marília, empresa do grupo TAM, Luiz Antonio Vianna, membro do conselho, e Manoel Horácio da Silva, sócio do Fator.


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