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CRISE NO AR
Daniel Mandelli, que articulava a união, presidia a empresa desde 2001
Saída do presidente da TAM ameaça a fusão com a Varig
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
O processo de fusão da Varig
com a TAM sofreu ontem um sério abalo. Daniel Mandelli Martin,
presidente da TAM desde 2001 e
um dos principais articuladores
do processo de união das companhias, deixou o cargo. Sua saída
ocorreu após um desentendido
com Noemy Amaro, viúva de Rolim Amaro, empresário que tornou a TAM uma grande companhia aérea e morreu em 2001. Ela
detém 72% das ações da empresa.
Desde fevereiro, Mandelli vinha
articulando com o governo, principalmente com o ministro da Casa Civil, José Dirceu, seu amigo, a
fusão da TAM com a Varig. Para o
executivo, a Varig-TAM poderia
se transformar em uma potência
mundial da aviação.
No entanto a sucessão de liminares obtidas por um grupo da
Fundação Ruben Berta (dona da
Varig), liderado por Gilberto Rigoni (ouvidor da FRB-Par, holding da Varig), vinha minando a
paciência de Mandelli.
Uma liminar, solicitada pela
Apvar (Associação dos Pilotos da
Varig), concedida pela Justiça do
Rio Grande do Sul, impede atualmente o prosseguimento do processo de fusão.
Quadro caótico
Diante de um quadro caótico
contra a união das companhias,
Mandelli chegou a propor ao conselho da TAM que fosse estabelecida uma data-limite para as duas
empresas assinarem um acordo
de irreversibilidade da fusão.
O conselho encarou com cautela a proposta. Mas Mandelli passou a divulgar que, se até 30 de setembro não fosse assinado o documento de irreversibilidade da
união, a TAM sairia do negócio.
Noemy sempre demonstrou receio quanto à fusão com a Varig.
Teme que a TAM seja prejudicada
se a união não for bem realizada.
Segundo a TAM, as negociações
para a fusão serão tocadas agora
pelo seu conselho administrativo.
A sucessão na TAM deve ao menos alongar o processo de fusão.
Mandelli, 51, é casado com Leny
Amaro, filha de Noemy e de Amaro. É conhecido por ser um homem impaciente e ansioso. O executivo trabalhou durante 30 anos
na TAM, onde começou no cargo
de estagiário em administração.
Ele queria presidir a futura Varig-TAM.
O banco Fator, que tem intermediado a fusão, deixou claro que
o presidente da empresa não viria
nem da TAM nem da Varig, conforme acordo preliminar entre as
duas empresas.
O banco sugeriu que Mandelli
se candidatasse à presidência do
Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias). Isso porque
mantinha bons contatos com o
Palácio do Planalto. O executivo
recusou a proposta.
Ontem, depois de um desentendimento de Mandelli com
Noemy, a TAM anunciou que o
executivo havia deixado a presidência da companhia.
Sucessão
O sucessor de Mandelli será escolhido nos próximos dias, em assembléia geral dos acionistas da
TAM.
Além de Noemy, que possui
72% das ações da companhia, os
outros investidores da empresa
são fundos de investimento administrados pelos bancos Credit
Suisse First Boston e BPL (Bassini,
Playfair & Wright).
Até a decisão da assembléia, o
presidente interino da TAM é Antonio Luiz Teixeira de Barros Júnior, vice-presidente do conselho
de administração. Barros é o conselheiro de Noemy para os negócios da TAM.
Ela deve ser eleita presidente do
conselho. Entre os possíveis sucessores de Mandelli estão Ruy
Aquino, presidente da Táxi Aéreo
de Marília, empresa do grupo
TAM, Luiz Antonio Vianna,
membro do conselho, e Manoel
Horácio da Silva, sócio do Fator.
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