São Paulo, segunda-feira, 15 de agosto de 2005

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CONTAS VIGIADAS

Após fuga de clientes e prejuízo, Valor Capitalização diz que novo controlador deverá assumir em 30 dias

Empresa do Banco Santos busca comprador

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresa ligada ao Banco Santos, a Valor Capitalização tenta ser vendida para não definhar. Há uma negociação em andamento com uma seguradora interessada, diz a companhia, que busca uma solução interna depois da fuga de clientes de sua carteira. Atuais donos de títulos de capitalização da empresa enfrentam uma fila para obter o resgate de seus recursos.
Pelos dados, é possível entender a situação da Valor Capitalização, que até 2002 era chamada de Santos Capitalização. Balancete financeiro mensal da empresa obtido pela Folha mostra que a Valor tinha em novembro de 2004, quando o Banco Santos sofreu intervenção, uma receita líquida com títulos no valor de R$ 36.049.217. Em junho, o valor havia caído para R$ 8.663.426 -uma queda de 76%. O ativo passou de R$ 33.019.348 para R$ 27.462.654 no intervalo, segundo números que estão nas mãos da Susep (Superintendência de Seguros Privados).
A Susep é o órgão do Ministério da Fazenda que controla e fiscaliza o mercado se seguros.
O prejuízo da empresa, no entanto, continua no mesmo patamar, na casa dos R$ 2,6 milhões em junho de 2005 -mesmo montante verificado em novembro, mês da intervenção. Atingiu o pico em janeiro, quando o rombo foi de R$ 441,7 milhões. Depois, foi reduzido.
Atualmente, a empresa vive sob regime de direção fiscal da Susep. Há um representante nomeado pelo órgão que trabalha lá dentro e que acompanha os atos do comando da empresa desde maio.

Venda e administração
Segundo Moacir Pavoni, superintendente da Valor Capitalização, houve um aumento brutal na saída de clientes da carteira após a intervenção no Banco Santos. O último lucro da empresa foi registrado em junho de 2004. Ele nega, porém, que os aportes de capital no grupo de capitalização secaram e que, por isso, há dificuldade de a companhia sair do vermelho.
"Nunca houve aporte deles. Temos capital para pagar aos clientes que solicitaram os resgates. O que há é uma demora na liberação dos pagamentos porque a burocracia aumentou", diz ele.
A explicação estaria, afirma o executivo, no processo de liberação dos resgates, que agora precisa ter o aval da Susep. Segundo Pavoni, há R$ 600 mil a serem liberados de pedidos realizados por clientes em junho, e outros R$ 800 mil de solicitações ocorridas em julho. Essas últimas estão dentro do prazo de liberação praticado pelo mercado -de 30 a 45 dias. Segundo corretores da Valor ouvidos pela Folha, o "atraso problemático" estaria no grupo que solicitou os resgates em junho.
Depois que o proprietário do título solicita o resgate, a companhia encaminha o pedido à superintendência, que verifica se há irregularidades. É analisada a real existência daquele papel comprado e se os recursos realmente estão aplicados em títulos públicos. Então, a liberação precisa ser assinada pela direção da Susep e da Valor Capitalização.
Neste momento, a companhia informa que está num processo de venda das operações. "Começamos uma negociação há cerca de dois meses e estamos na fase final. Em 30 dias, no máximo, acreditamos que a companhia já terá um novo controlador", disse Pavoni, que não quis comentar o nome do possível interessado. Corretores ouvidos pela Folha, porém, informaram que não têm conhecimento dessa negociação.

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