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CONTAS VIGIADAS
Após fuga de clientes e prejuízo, Valor Capitalização diz que novo controlador deverá assumir em 30 dias
Empresa do Banco Santos busca comprador
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Empresa ligada ao Banco Santos, a Valor Capitalização tenta
ser vendida para não definhar. Há
uma negociação em andamento
com uma seguradora interessada,
diz a companhia, que busca uma
solução interna depois da fuga de
clientes de sua carteira. Atuais donos de títulos de capitalização da
empresa enfrentam uma fila para
obter o resgate de seus recursos.
Pelos dados, é possível entender
a situação da Valor Capitalização,
que até 2002 era chamada de Santos Capitalização. Balancete financeiro mensal da empresa obtido pela Folha mostra que a Valor
tinha em novembro de 2004,
quando o Banco Santos sofreu intervenção, uma receita líquida
com títulos no valor de
R$ 36.049.217. Em junho, o valor
havia caído para R$ 8.663.426
-uma queda de 76%. O ativo
passou de R$ 33.019.348 para
R$ 27.462.654 no intervalo, segundo números que estão nas
mãos da Susep (Superintendência
de Seguros Privados).
A Susep é o órgão do Ministério
da Fazenda que controla e fiscaliza o mercado se seguros.
O prejuízo da empresa, no entanto, continua no mesmo patamar, na casa dos R$ 2,6 milhões
em junho de 2005 -mesmo
montante verificado em novembro, mês da intervenção. Atingiu
o pico em janeiro, quando o rombo foi de R$ 441,7 milhões. Depois, foi reduzido.
Atualmente, a empresa vive sob
regime de direção fiscal da Susep.
Há um representante nomeado
pelo órgão que trabalha lá dentro
e que acompanha os atos do comando da empresa desde maio.
Venda e administração
Segundo Moacir Pavoni, superintendente da Valor Capitalização, houve um aumento brutal na
saída de clientes da carteira após a
intervenção no Banco Santos. O
último lucro da empresa foi registrado em junho de 2004. Ele nega,
porém, que os aportes de capital
no grupo de capitalização secaram e que, por isso, há dificuldade
de a companhia sair do vermelho.
"Nunca houve aporte deles. Temos capital para pagar aos clientes que solicitaram os resgates. O
que há é uma demora na liberação dos pagamentos porque a burocracia aumentou", diz ele.
A explicação estaria, afirma o
executivo, no processo de liberação dos resgates, que agora precisa ter o aval da Susep. Segundo
Pavoni, há R$ 600 mil a serem liberados de pedidos realizados por
clientes em junho, e outros R$ 800
mil de solicitações ocorridas em
julho. Essas últimas estão dentro
do prazo de liberação praticado
pelo mercado -de 30 a 45 dias.
Segundo corretores da Valor ouvidos pela Folha, o "atraso problemático" estaria no grupo que
solicitou os resgates em junho.
Depois que o proprietário do título solicita o resgate, a companhia encaminha o pedido à superintendência, que verifica se há irregularidades. É analisada a real
existência daquele papel comprado e se os recursos realmente estão aplicados em títulos públicos.
Então, a liberação precisa ser assinada pela direção da Susep e da
Valor Capitalização.
Neste momento, a companhia
informa que está num processo
de venda das operações. "Começamos uma negociação há cerca
de dois meses e estamos na fase final. Em 30 dias, no máximo, acreditamos que a companhia já terá
um novo controlador", disse Pavoni, que não quis comentar o nome do possível interessado. Corretores ouvidos pela Folha, porém, informaram que não têm conhecimento dessa negociação.
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