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INFRA-ESTRUTURA
Governo fará nova rodada de debates sobre o projeto, que só deve ser votado entre o 1º e o 2º turno da eleição
Senado reabre debate e adia votação da PPP
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em vez do acordo que o governo queria para retomar as votações no Senado do projeto que
cria as Parcerias Público-Privadas, mais uma rodada de debates
sobre as regras da principal alternativa apontada pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva para levar adiante projetos na área de infra-estrutura, como a construção
de estradas, portos e ferrovias.
Foi o que ficou acertado na reunião de ontem com os ministros
Guido Mantega (Planejamento) e
Aldo Rebelo (Coordenação Política) e as principais lideranças no
Senado. Com isso, na hipótese
mais otimista considerada pelo
governo, o projeto só seria votado
num próximo esforço concentrado do Congresso, a ser marcado
ainda entre o primeiro e o segundo turnos da eleição municipal.
À saída do encontro, o senador
Tasso Jereissati (PSDB-CE), principal opositor da proposta, insistiu em que o projeto deve fixar um
limite para os empréstimos do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e para a participação de fundos de pensão de estatais.
Uma emenda ao projeto formalizada ontem pelo senador estabelece que não apenas a participação acionária mas os empréstimos de bancos públicos não poderão ultrapassar 50% do custo
total do empreendimento. Dentro
desse mesmo limite serão consideradas as participações de fundos de pensão de empresas públicas ou estatais de economia mista.
"Apesar de os fundos de pensão
serem juridicamente uma empresa privada, suas decisões têm forte
conteúdo político porque o setor
público indica metade do conselho e o presidente desses fundos",
justificou Samuel Pessôa, assessor
econômico do senador.
O chefe da assessoria econômica do Ministério do Planejamento, Demian Fiocca, já havia acenado com um limite para a participação de bancos ou empresas públicas a 50% das ações das futuras
"sociedades de propósito específico", a serem criadas para tocar
as parcerias (PPPs). Mas o limite
não atingiria empréstimos do
BNDES nem a participação dos
fundos de pensão.
Na reunião de ontem, senadores e ministros nem chegaram a
discutir detalhes do projeto de lei.
Eles se limitaram a acertar procedimentos, a começar pelas audiências públicas que representarão a reabertura do debate das
PPPs no Senado.
Ontem mais cedo, a Comissão
de Assuntos Econômicos aprovou convites ao economista Raul
Veloso, especialista em contas públicas, ao diretor-executivo da organização não-governamental
Transparência Brasil, Claudio
Weber Abramo, e ao presidente
do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), João Cláudio
Robusti, todos críticos do projeto.
As audiências representarão
outro atraso nas intenções do governo. Quando enviou o projeto
ao Congresso, em novembro de
2003, o governo previu que poderia abrir as licitações para as primeiras parcerias no primeiro semestre deste ano. Elas sairiam de
uma carteira de projetos de R$ 13
bilhões em investimentos.
O projeto foi aprovado em março pela Câmara e, desde então, se
arrasta no Senado. Diante das resistências, o governo vem negociando, desde julho, mudanças
importantes no projeto.
A principal alteração limita os
gastos das parcerias a 1% da arrecadação de tributos. Outra alteração importante reduz critérios
subjetivos na escolha do grupo de
empresas que tocarão as parcerias, o que daria mais transparência às regras.
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