São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2004

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JUSTIÇA

Luiz Francisco atribui ao jornal dados não publicados sobre Opportunity

Procurador cita Folha indevidamente

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador Luiz Francisco de Souza, do Ministério Público Federal em Brasília, atribuiu indevidamente à Folha dados reproduzidos em ação judicial que propôs contra o banqueiro Daniel Dantas, o grupo Opportunity e outras pessoas no dia 1º de setembro.
A revelação foi feita na última segunda-feira pelo site "Consultor Jurídico", que comparou afirmações incluídas na ação de improbidade administrativa combinada com ação civil pública proposta pelo procurador à reportagem "Dez giraram US$ 2,4 bi em 42 contas nos EUA", publicada pela Folha no dia 21 de agosto.
No texto, os repórteres Rubens Valente e Lilian Christofoletti fazem um balanço sobre as movimentações atribuídas a doleiros e registradas na contabilidade do MTB Bank de Nova York.
Na ação, por três vezes, Luiz Francisco faz referência à reportagem. Em duas delas, no entanto, os dados que compilou e encaminhou à Justiça não estão entre informações publicadas pela Folha.
"Eu transcrevi apenas quatro linhas da reportagem da Folha. Depois desenvolvi o raciocínio com informações obtidas com pessoas que trabalham na força-tarefa [que investiga prática de lavagem de dinheiro e evasão de divisas] em parceria com a CPI do Banestado. Todos os dados estão corretos", disse Luiz Francisco.
Sobre a razão de ter atribuído em duas ocasiões tais informações à Folha, afirmou o procurador: "Eu me confundi. Na verdade, esses dados foram publicados em algumas edições da revista "IstoÉ". Foi um erro, dois pequenos erros materiais, insignificantes".
Na ação, Luiz Francisco acusa o grupo Opportunity de fraudar regras do Banco Central para operar fundos de investimento e sonegar impostos.
Em trecho indevidamente atribuído à Folha e incluído na ação, o procurador afirma que cotistas do Opportunity Fund "remetiam milhões de dólares para este fundo, onde [sic] não poderia existir brasileiros como cotistas, tal como não poderia este fundo assumir o controle acionário de empresas".
A Corregedoria Geral do Ministério Público Federal está analisando fatos relacionados à ação contra o Opportunity.


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