São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2004

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RETOMADA

Fecomercio acredita que um repique nos juros pode fazer confiança cair; renda maior e desemprego em queda ajudaram

Consumidor de SP está mais disposto a gastar

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O consumidor voltou a mostrar sinais de confiança na economia em setembro -pelo terceiro mês consecutivo- assim como está mais propenso a fazer futuros gastos, segundo o último levantamento do ICC (Índice de Confiança do Consumidor), elaborado mensalmente pela Fecomercio SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo).
A redução na taxa de desemprego e o aumento no rendimento real do trabalhador -expansão essa que ocorre desde maio- criaram um ambiente mais otimista, segundo o levantamento.
Foi possível perceber essa melhora no humor da população apenas na região metropolitana de São Paulo, a princípio, pois foi o único local analisado pela pesquisa. Mas trata-se do maior mercado consumidor do país.
De acordo com os dados apresentados ontem, o ICC atingiu 128,8 pontos em setembro, numa escala de 0 a 200. Acima de 100 pontos indica otimismo e abaixo dessa marca revela pessimismo.
No mês anterior, em agosto, os pontos chegaram a 121,26. Um ano atrás, a mesma pesquisa mostrava que o ICC girava em torno de 104 pontos apenas.
O total de pontos (128,8) é resultado recorde para o período de governo de Luiz Inácio Lula da Silva, segundo a assessoria econômica da Fecomercio. Seria equivocado fazer uma comparação com levantamentos anteriores, uma vez que a pesquisa mudou de metodologia.
Uma das questões destacadas pela federação para explicar essa melhora no patamar de confiança dos consumidores é a renda. Na prática, desde o mês de maio a renda real da população cresce, segundo dados do Seade/Dieese. No entanto, o reflexo dessa melhora não é imediato. Portanto, acaba sendo percebido pela população nos últimos meses.
Além desse fator, ainda há o trabalho realizado pelas lojas para tentar atrair os consumidores. Há redes que oferecem parcelamento de mercadorias em até 18 vezes e taxa de juros em 1% mensal. Tanto que o crescimento da venda a prazo é que vitamina a recuperação do comércio.
"O humor do consumidor é feito de sobe-e-desce e está claro que os recentes indicadores de melhora nas condições econômicas ajudaram no resultado deste mês", diz Abram Szajman, presidente da Fecomercio SP. "Como esse consumidor é sensível às informações do mercado, uma elevação nas taxas de juros pode ter impacto nesse ânimo atual."
O levantamento apresentado ontem revela alguns detalhes sobre o perfil dos consumidores mais confiantes neste momento da economia. Houve uma mudança neste perfil em relação ao ano passado.
Neste mês, o índice de confiança está maior entre as mulheres. Em dezembro de 2003, eram os homens os crédulos. Aqueles que recebem acima de dez salários mínimos também se mostram mais otimistas hoje. Ao final de 2003, os que recebiam menos do que esse valor eram os mais confiantes.


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