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RETOMADA
Fecomercio acredita que um repique nos juros pode fazer confiança cair; renda maior e desemprego em queda ajudaram
Consumidor de SP está mais disposto a gastar
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O consumidor voltou a mostrar
sinais de confiança na economia
em setembro -pelo terceiro mês
consecutivo- assim como está
mais propenso a fazer futuros
gastos, segundo o último levantamento do ICC (Índice de Confiança do Consumidor), elaborado mensalmente pela Fecomercio
SP (Federação do Comércio do
Estado de São Paulo).
A redução na taxa de desemprego e o aumento no rendimento
real do trabalhador -expansão
essa que ocorre desde maio-
criaram um ambiente mais otimista, segundo o levantamento.
Foi possível perceber essa melhora no humor da população
apenas na região metropolitana
de São Paulo, a princípio, pois foi
o único local analisado pela pesquisa. Mas trata-se do maior mercado consumidor do país.
De acordo com os dados apresentados ontem, o ICC atingiu
128,8 pontos em setembro, numa
escala de 0 a 200. Acima de 100
pontos indica otimismo e abaixo
dessa marca revela pessimismo.
No mês anterior, em agosto, os
pontos chegaram a 121,26. Um
ano atrás, a mesma pesquisa mostrava que o ICC girava em torno
de 104 pontos apenas.
O total de pontos (128,8) é resultado recorde para o período de
governo de Luiz Inácio Lula da
Silva, segundo a assessoria econômica da Fecomercio. Seria equivocado fazer uma comparação
com levantamentos anteriores,
uma vez que a pesquisa mudou de
metodologia.
Uma das questões destacadas
pela federação para explicar essa
melhora no patamar de confiança
dos consumidores é a renda. Na
prática, desde o mês de maio a
renda real da população cresce,
segundo dados do Seade/Dieese.
No entanto, o reflexo dessa melhora não é imediato. Portanto,
acaba sendo percebido pela população nos últimos meses.
Além desse fator, ainda há o trabalho realizado pelas lojas para
tentar atrair os consumidores. Há
redes que oferecem parcelamento
de mercadorias em até 18 vezes e
taxa de juros em 1% mensal. Tanto que o crescimento da venda a
prazo é que vitamina a recuperação do comércio.
"O humor do consumidor é feito de sobe-e-desce e está claro que
os recentes indicadores de melhora nas condições econômicas ajudaram no resultado deste mês",
diz Abram Szajman, presidente
da Fecomercio SP. "Como esse
consumidor é sensível às informações do mercado, uma elevação nas taxas de juros pode ter
impacto nesse ânimo atual."
O levantamento apresentado
ontem revela alguns detalhes sobre o perfil dos consumidores
mais confiantes neste momento
da economia. Houve uma mudança neste perfil em relação ao
ano passado.
Neste mês, o índice de confiança
está maior entre as mulheres. Em
dezembro de 2003, eram os homens os crédulos. Aqueles que recebem acima de dez salários mínimos também se mostram mais
otimistas hoje. Ao final de 2003,
os que recebiam menos do que esse valor eram os mais confiantes.
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