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Setor financeiro apóia elevação da Selic para conter alta da inflação
DA REPORTAGEM LOCAL
Se o Copom (Comitê de Política
Monetária) elevar hoje a taxa básica de juros, terá agido de forma
correta. Essa é a avaliação feita
por Roberto Luís Troster, economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos).
Segundo Troster, as expectativas de inflação estão muito elevadas. "O BC tem de fazer alguma
coisa. Quanto mais demorar para
mexer nos juros, mais forte terá
de ser uma elevação futura", diz.
Para o departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco, o BC deve ser cauteloso,
devido aos riscos para a inflação, e
subir a Selic em 0,5 ponto, para
16,5%. "Essa seria a decisão ideal.
Trata-se de um sinal necessário de
compromisso com a meta de inflação do próximo ano", afirma o
Bradesco em relatório.
Walter Machado de Barros, presidente do Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças),
também defende a alta. "O melhor é ter uma pequena alta agora.
O setor produtivo não está em
condições de atender plenamente
a crescente demanda. Isso pode
gerar uma pressão nos preços."
O mercado futuro de juros prevê um aumento da Selic entre 0,25
ponto e 0,5 ponto percentual. Na
avaliação de economistas ouvidos
pela Folha, uma alta dessa magnitude não deve prejudicar o crescimento do país no ano. Deve, sim,
conter o excesso de demanda e
preparar a economia para crescer
no ano que vem sem se preocupar
tanto com a volta da inflação.
"A economia está crescendo
mais do que pode. A desaceleração do consumo não está ocorrendo de forma espontânea. Assim, um aumento entre 0,25 ponto e 0,5 ponto percentual deve afetar um pouco o consumo, mas
não os investimentos", diz Fernando Montero, economista da
Corretora Convenção. Segundo
ele, o desafio do governo será convencer os empresários de que a
elevação dos juros tem a intenção
de reduzir o excesso de demanda,
não os investimentos. "É uma
combinação difícil. A alta de juros
é para moderar o consumo."
Para Fabio Silveira, sócio-diretor da MS Consult, se a Selic subir
até 0,5 ponto, afeta pouco a economia. "É bom que suba um pouco, pois uma pequena elevação
dos juros pode arrefecer o movimento de alta dos preços, sobretudo no ano que vem", afirma.
A elevação de preços, para Silveira, está relacionada com o movimento de alta das tarifas administradas pelo governo, que ocorreram entre julho e agosto, e com
a valorização do câmbio, por conta dos saldos positivos da balança
e da queda do risco-país.
(FF E FV)
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