São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Setor financeiro apóia elevação da Selic para conter alta da inflação

DA REPORTAGEM LOCAL

Se o Copom (Comitê de Política Monetária) elevar hoje a taxa básica de juros, terá agido de forma correta. Essa é a avaliação feita por Roberto Luís Troster, economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos).
Segundo Troster, as expectativas de inflação estão muito elevadas. "O BC tem de fazer alguma coisa. Quanto mais demorar para mexer nos juros, mais forte terá de ser uma elevação futura", diz.
Para o departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco, o BC deve ser cauteloso, devido aos riscos para a inflação, e subir a Selic em 0,5 ponto, para 16,5%. "Essa seria a decisão ideal. Trata-se de um sinal necessário de compromisso com a meta de inflação do próximo ano", afirma o Bradesco em relatório.
Walter Machado de Barros, presidente do Ibef (Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças), também defende a alta. "O melhor é ter uma pequena alta agora. O setor produtivo não está em condições de atender plenamente a crescente demanda. Isso pode gerar uma pressão nos preços."
O mercado futuro de juros prevê um aumento da Selic entre 0,25 ponto e 0,5 ponto percentual. Na avaliação de economistas ouvidos pela Folha, uma alta dessa magnitude não deve prejudicar o crescimento do país no ano. Deve, sim, conter o excesso de demanda e preparar a economia para crescer no ano que vem sem se preocupar tanto com a volta da inflação.
"A economia está crescendo mais do que pode. A desaceleração do consumo não está ocorrendo de forma espontânea. Assim, um aumento entre 0,25 ponto e 0,5 ponto percentual deve afetar um pouco o consumo, mas não os investimentos", diz Fernando Montero, economista da Corretora Convenção. Segundo ele, o desafio do governo será convencer os empresários de que a elevação dos juros tem a intenção de reduzir o excesso de demanda, não os investimentos. "É uma combinação difícil. A alta de juros é para moderar o consumo."
Para Fabio Silveira, sócio-diretor da MS Consult, se a Selic subir até 0,5 ponto, afeta pouco a economia. "É bom que suba um pouco, pois uma pequena elevação dos juros pode arrefecer o movimento de alta dos preços, sobretudo no ano que vem", afirma.
A elevação de preços, para Silveira, está relacionada com o movimento de alta das tarifas administradas pelo governo, que ocorreram entre julho e agosto, e com a valorização do câmbio, por conta dos saldos positivos da balança e da queda do risco-país. (FF E FV)


Texto Anterior: Trabalhadores
Próximo Texto: Pressão de Dirceu pode ter efeito contrário, afirma Gustavo Franco
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.