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TENSÃO PRÉ-COPOM
Presidente diz que país vai crescer de forma consistente e cobra mais investimentos dos empresários
Lula tenta minimizar discussão sobre juros
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse ontem que o Brasil está
crescendo "de forma consistente"
e que, por isso, não deveria haver
motivo para que a discussão sobre o novo patamar de juros gerasse uma "tensão pré-Copom".
O novo patamar deve ser decidido
hoje em reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do
Banco Central). Há expectativa de
aumento da Selic (hoje em 16%)
de até 0,5 ponto percentual.
"Eu quero dizer a cada trabalhador, empresário e companheiro
que está aqui presente que o Brasil
não tem retorno. A economia
brasileira vai crescer de forma
consistente", disse Lula, em Paulínia (126 km de São Paulo).
"Eu sei que de vez em quando,
na época em que o Copom se reúne, parece que tem pessoas que
entram em TPC, ou seja, têm
aquela tensão pré-Copom."
Lula se referiu ao Copom para
dizer que os empresários precisam investir mais no país e que o
Brasil passa por uma momento de
auto-estima elevada. "Nós do governo precisamos passar para as
pessoas a certeza de que elas podem investir. Fizemos o que tinha
que ser feito em um ano e teve
pessoas que não conseguiram fazer em 10, 12, 15 e 20 anos. E nós
sabemos que todas as coisas que
devem ser feitas", disse.
O termo "TPC" também foi usado em julho do ano passado pelo
ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho. Nesta semana, Palocci
e o ministro José Dirceu (Casa Civil) expuseram visões divergentes
sobre a política de juros. Enquanto Dirceu disse que não vê pressão
inflacionaria que justifique uma
elevação da taxa, Palocci defendeu a prioridade dada pelo BC ao
controle da inflação.
Lula disse que o governo definiu
como "prioridade zero" a recuperação de 11 portos até 2006. "Vamos investir R$ 273 milhões até
2006 em 11 portos do país. Isso deve aumentar em US$ 10 bilhões o
volume de exportação."
Segundo Lula, os portos brasileiros "não estão preparados para
a demanda de exportação".
O presidente disse ainda que o
país passa por uma "momento
histórico" de crescimento sustentável da economia. "O Brasil não
pode parar. Estamos preparando
grandes projetos de infra-estrutura para o Brasil em 2005. Muitas
ferrovias, rodovias ainda precisam ser feitas e reformadas."
Obra contestada
Lula esteve na Replan (Refinaria
de Paulínia), a maior refinaria da
Petrobras no país, para participar
da inauguração das Unidades de
Hidrotratamento de Diesel e de
Coque da refinaria. Também deu
início às obras de construção do
Gasoduto Campinas-Rio.
No entanto, segundo as secretarias de Meio Ambiente e de Obras
de Paulínia, a Petrobras não tem o
alvará e a licença ambiental municipal necessários para as obras.
Segundo o gerente para implantação de empreendimentos da Petrobras para a região Sudeste, José
Bernardino, o departamento jurídico da Petrobras está analisando
o caso e as obras não serão iniciadas antes de um parecer do departamento jurídico da estatal. A
obra possui uma autorização do
Ibama.
Os dutos serão construídos em
parceria entre a Petrobras e a empresa Nova Transportadora do
Sudeste S.A. O gasoduto ligará a
Replan ao terminal de Japeri (RJ).
Segundo informações prestadas
pela Petrobras, serão empregados
cerca de R$ 900 milhões no empreendimento. A previsão de
conclusão é para outubro de 2005.
O gasoduto terá capacidade de
transportar ao menos 8,6 milhões
de m3 de gás natural por dia.
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