São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2004

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TENSÃO PRÉ-COPOM

Presidente diz que país vai crescer de forma consistente e cobra mais investimentos dos empresários

Lula tenta minimizar discussão sobre juros

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o Brasil está crescendo "de forma consistente" e que, por isso, não deveria haver motivo para que a discussão sobre o novo patamar de juros gerasse uma "tensão pré-Copom". O novo patamar deve ser decidido hoje em reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central). Há expectativa de aumento da Selic (hoje em 16%) de até 0,5 ponto percentual.
"Eu quero dizer a cada trabalhador, empresário e companheiro que está aqui presente que o Brasil não tem retorno. A economia brasileira vai crescer de forma consistente", disse Lula, em Paulínia (126 km de São Paulo).
"Eu sei que de vez em quando, na época em que o Copom se reúne, parece que tem pessoas que entram em TPC, ou seja, têm aquela tensão pré-Copom."
Lula se referiu ao Copom para dizer que os empresários precisam investir mais no país e que o Brasil passa por uma momento de auto-estima elevada. "Nós do governo precisamos passar para as pessoas a certeza de que elas podem investir. Fizemos o que tinha que ser feito em um ano e teve pessoas que não conseguiram fazer em 10, 12, 15 e 20 anos. E nós sabemos que todas as coisas que devem ser feitas", disse.
O termo "TPC" também foi usado em julho do ano passado pelo ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho. Nesta semana, Palocci e o ministro José Dirceu (Casa Civil) expuseram visões divergentes sobre a política de juros. Enquanto Dirceu disse que não vê pressão inflacionaria que justifique uma elevação da taxa, Palocci defendeu a prioridade dada pelo BC ao controle da inflação.
Lula disse que o governo definiu como "prioridade zero" a recuperação de 11 portos até 2006. "Vamos investir R$ 273 milhões até 2006 em 11 portos do país. Isso deve aumentar em US$ 10 bilhões o volume de exportação."
Segundo Lula, os portos brasileiros "não estão preparados para a demanda de exportação".
O presidente disse ainda que o país passa por uma "momento histórico" de crescimento sustentável da economia. "O Brasil não pode parar. Estamos preparando grandes projetos de infra-estrutura para o Brasil em 2005. Muitas ferrovias, rodovias ainda precisam ser feitas e reformadas."

Obra contestada
Lula esteve na Replan (Refinaria de Paulínia), a maior refinaria da Petrobras no país, para participar da inauguração das Unidades de Hidrotratamento de Diesel e de Coque da refinaria. Também deu início às obras de construção do Gasoduto Campinas-Rio.
No entanto, segundo as secretarias de Meio Ambiente e de Obras de Paulínia, a Petrobras não tem o alvará e a licença ambiental municipal necessários para as obras.
Segundo o gerente para implantação de empreendimentos da Petrobras para a região Sudeste, José Bernardino, o departamento jurídico da Petrobras está analisando o caso e as obras não serão iniciadas antes de um parecer do departamento jurídico da estatal. A obra possui uma autorização do Ibama.
Os dutos serão construídos em parceria entre a Petrobras e a empresa Nova Transportadora do Sudeste S.A. O gasoduto ligará a Replan ao terminal de Japeri (RJ). Segundo informações prestadas pela Petrobras, serão empregados cerca de R$ 900 milhões no empreendimento. A previsão de conclusão é para outubro de 2005. O gasoduto terá capacidade de transportar ao menos 8,6 milhões de m3 de gás natural por dia.


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