São Paulo, quarta-feira, 15 de setembro de 2004

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AGRICULTURA

Em visita ao Brasil, premiê japonês visita canaviais e usinas no interior de SP e se diz interessado no etanol

País tenta ampliar venda de álcool ao Japão

Maurício Lima/France Presse
O premiê japonês Junichiro Koizumi (esq.) visita as obras de rebaixamento da calha do rio Tietê, com o governador Geraldo Alckmin


AFRA BALAZINA
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

MARCELO SAKATE
ENVIADO ESPECIAL A PRADÓPOLIS

O primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi, esteve ontem na região de Ribeirão Preto para conhecer a produção de álcool a partir da cana-de-açúcar e afirmou que tem interesse em aumentar a importação do produto como forma de preservar o ambiente em seu país. É a primeira visita de um chefe de Estado do Japão ao país desde 1996.
A visita do premiê à região foi articulada pelo governo do Estado, pelo Ministério da Agricultura e por produtores de cana-de-açúcar da região interessados em aproveitar uma eventual ampliação do mercado japonês de álcool. Foi aprovada nesse país uma lei que permite a adição de 3% de álcool à gasolina, embora ela não tenha sido implementada.
A expectativa do ministério é exportar neste ano 1,5 bilhão de litros de álcool, dos quais 150 milhões para o Japão (mas só para fins industriais e alimentícios). Mas a estimativa é que o país possa importar até 1,8 bilhão de litros de etanol do Brasil por ano.
Koizumi, que fica até amanhã no Brasil, esteve à tarde na usina São Martinho, em Pradópolis (320 km de São Paulo), e sobrevoou as cidades de Luiz Antonio, Guatapará e Gavião Peixoto, todas na região de Ribeirão Preto, onde viu canaviais, áreas de plantio de laranja e granjas.
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou que quis levá-lo para essa região com a intenção de mostrar que existe "um mar de cana" e que é produzido "um rio de álcool" todos os dias -o que garantiria o suprimento do produto brasileiro.
Segundo ele, em visita ao país asiático em junho, o governo japonês se mostrou preocupado com a questão do abastecimento em caso de adoção do etanol.
No total, na região de Ribeirão, há cerca de 40 usinas que produzem cerca de 30% do álcool e do açúcar do país. Na área, que engloba 25 cidades, há 384.758 hectares plantados com cana.
Além da questão ambiental, única citada pelo primeiro-ministro, está em jogo a econômica. "Ele [Koizumi] sabe que o preço do petróleo está chegando a um nível exacerbado e que precisa de alternativas. O álcool é uma possibilidade", disse o ministro, ao lembrar que pode haver interesse também pelo biodiesel.
Em julho, o ministério anunciou parceria entre os governos dos dois países para investir US$ 600 milhões no desenvolvimento de biocombustíveis no Brasil, com ao menos metade bancada pelo JBIC (Banco do Japão para Cooperação Internacional).
Pela manhã, Koizumi visitou em São Paulo as obras de rebaixamento da calha do rio Tietê. O JBIC, um banco do governo japonês, financia R$ 537 milhões do custo total de R$ 753 milhões.

Manga
Rodrigues disse ontem que o Japão está prestes a autorizar a entrada de manga brasileira no país. O mercado japonês dessa fruta é de US$ 25 milhões. "Já houve uma audiência pública para permitir a importação e acredito que, até outubro, tudo será resolvido."


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