São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 2006

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Economia argentina cresce 8,3% no primeiro semestre

Na mesma comparação, com o 1º semestre de 2005, Brasil teve expansão de apenas 2,2%

Apesar do resultado de janeiro a junho, PIB do país vizinho apresentou uma desaceleração no segundo trimestre, com alta de 7,9%

BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES

A economia argentina cresceu 8,3% no primeiro semestre na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo os dados oficiais do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados ontem pelo governo. Na mesma comparação, o Brasil teve expansão de 2,2%.
No segundo trimestre, porém, o país cresceu 7,9% -no mesmo período de 2005, o incremento foi de 10,4%, uma diferença de 2,5 pontos percentuais. É a menor cifra para um segundo trimestre desde a reativação da economia.
O número também foi menor do que o registrado nos três primeiros meses de 2006: 8,8%. O crescimento entre o primeiro e o segundo trimestre foi de 2,1%.
A desaceleração já era esperada pelos economistas como natural no processo de recuperação desde o "default". Para a Standard & Poor's, por exemplo, o incremento do PIB deve ficar entre 7,8% e 8% neste ano.
Ontem, o FMI (Fundo Monetário Internacional) informou que elevou para 8% a expectativa de crescimento da Argentina em 2006, que, assim, seria o país com maior expansão na América Latina. Em abril, o Fundo havia previsto um crescimento de 7,3% para o país. Para 2007, o FMI espera alta de 6% no PIB argentino.
O FMI também previu uma alta de preços de 12,3% para 2006 e de 11,4% para 2007, números maiores que os que o governo planeja alcançar. A meta do presidente Néstor Kirchner é fechar o ano com taxa de inflação de apenas um dígito.
Segundo os dados de ontem, os gastos com investimentos na produção aumentaram 18,5% no segundo trimestre do ano -um investimento equivalente a 21% do PIB. Segundo os analistas, esse número ainda é pequeno e deveria estar em 25%.

Crise
Especialistas discutem agora se o país enfrentará ou se já está em um cenário de crise energética. Entre os economistas, existe a preocupação de que a necessidade de poupar energia comprometa a produção industrial e desacelere a economia além do que já era esperado na lógica do processo de reativação após o "default".
Kirchner já anunciou medidas para racionar o consumo das grandes empresas e especula-se que isso possa ser estendido a todos os consumidores. O limite de gasto será o do ano passado para as grandes companhias, e o excesso deverá ser providenciado pela própria empresa ou contratado por preço até 300% mais alto.
Nas Províncias do país, estão sendo discutidas alternativas para evitar que falte energia no verão, entre elas a importação de energia do Paraguai, o controle do consumo das indústrias e horário de verão. Desde 2001, o custo da energia para o consumidor subiu 120%.
Para o economista Walter Molano, da BCP Securities, porém, o processo não preocupa tanto. "É parte de um processo global. Vimos o mesmo no Chile, no Brasil e na Colômbia."
O governo também negocia com as empresas petroleiras o fornecimento de diesel. O combustível falta em algumas regiões do país.


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