São Paulo, sexta-feira, 15 de setembro de 2006

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Médicos peritos do INSS decidem estender greve

Rivaldo Gomes/Folha Imagem
Segurados em fila para remarcar perícia no posto do Tatuapé


Categoria inicia paralisação por tempo indeterminado em busca de mais segurança

Na pauta de reivindicações dos servidores entregue ao governo, estão questões ligadas à carreira, sem pedido de salários maiores

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os médicos peritos do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) decidiram ontem entrar em greve por tempo indeterminado. O assassinato, na quarta-feira, da chefe da perícia médica de Governador Valadares (MG), Maria Cristina Souza da Silva, causou comoção na categoria, que vincula o crime à falta de segurança na atividade.
O Ministério da Previdência Social lamentou a morte da servidora, mas afirmou que ainda não há resultado da investigação da Polícia Federal, o que torna impossível a associação do assassinato à função exercida por Silva.
"É preciso voltar ao trabalho. A paralisação só aumentará o clima de animosidade entre a população e os médicos peritos", declarou o presidente do INSS, Valdir Moysés Simão.
Nas últimas 48 horas, os peritos realizaram greve de alerta para chamar a atenção do governo para os problemas da categoria. Em junho, a Associação Nacional dos Médicos Peritos chegou a entregar ao ministro da Previdência, Nelson Machado, um dossiê relatando o aumento no número e no grau de ameaças que os médicos vinham sofrendo por parte de segurados cujos pedidos de benefícios são recusados.
Na avaliação do vice-presidente da associação, Luiz Carlos Argolo, as declarações de ontem do presidente do INSS visam incitar a população contra a categoria. Em comunicado, a entidade classificou de "truculenta e repressora" a reação do INSS contra o movimento grevista.

Mais segurança
Na pauta de reivindicação apresentada pelos servidores ao governo, estão questões ligadas à estrutura da carreira e das funções e à segurança.
Na terça-feira, o INSS entrou na Justiça pedindo liminar para suspender a greve por considerá-la ilegítima, já que a paralisação não fora comunicada oficialmente à administração.
O INSS também solicitou a aplicação de multa à associação no valor de R$ 100 por perícia agendada e não-realizada durante o movimento. Também foi requerida a proibição de os servidores em estágio probatório aderirem à paralisação.
Ontem, a Justiça atendeu em parte o pedido do INSS. Os médicos peritos serão obrigados a manter 30% dos serviços para atendimento de casos de urgência, como assistência a segurados com 65 anos ou mais e a pessoas com doenças graves ou dificuldades de locomoção que exijam o acompanhamento de terceiros.
Segundo a associação dos peritos, a adesão foi de quase 100%. Já o Ministério da Previdência Social avaliou a adesão em 10%, com 42% dos atendimentos não sendo realizados.


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