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Nova regra eleva crédito habitacional e no varejo
Banco poderá emprestar mais com o mesmo patrimônio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central anunciou,
ontem, uma série de mudanças
na regras de contabilização dos
empréstimos feitos pelos bancos que, na prática, deverão
abrir espaço para que as instituições financeiras possam,
com o mesmo patrimônio, aumentar o volume de financiamentos habitacionais e o crédito no varejo para as pessoas físicas.
Distribuídas em nove circulares, as medidas só terão validade a partir de julho de 2008 e
estimulam os bancos a exigir
uma maior contrapartida dos
mutuários nos empréstimos
para a compra da casa própria e
a pulverizar o crédito em operações de valor mais baixo.
Isso porque nas operações
em que o total financiado ficar
abaixo de 50% do valor do imóvel, o banco precisará ter menos patrimônio do que o Banco
Central determina atualmente
para fazer frente a essa operação.
Atualmente, esses empréstimos têm um peso equivalente à
metade do exigido nas demais
operações de empréstimo.
Com a mudança cairá ainda
mais: para 35%. Desde que o financiamento não supere 50%
do valor do imóvel.
Para as operações no montante entre 50% e 80% do valor
do imóvel, será mantida a regra
atual. E, nos casos que superarem esse percentual, a exigência de patrimônio dobrará em
relação à regra atual. Com isso,
o BC está indo na contramão da
tendência do mercado, em que
as instituições financeiras têm
anunciado percentuais de financiamento cada vez mais
elevados em relação ao preço
de venda do imóvel.
"Solidez"
Na avaliação do chefe de Departamento de Normas do BC,
Amaro Gomes, as novas regras
"reforçam a solidez e a solvência das instituições". Para ele, o
saldo para o mercado será neutro porque há segmentos em
que haverá espaço para mais
crédito, mas há ramos em que a
oferta pode diminuir.
Ele argumenta que a medida
que exige que o banco tenha
mais patrimônio para fazer
frente às operações "sobre
compromissos de créditos não-canceláveis", como cheque especial e o crédito pré-aprovado
normalmente liberado sem pedido do cliente, é mais restritiva. Hoje não há qualquer tipo
de exigência.
Já com relação ao crédito no
varejo, entre eles o crédito consignado, a medida do BC é amplamente favorável e contribui
para ampliação da oferta, já que
houve uma redução na exigência de patrimônio de cerca de
25%.
Mantido o mesmo capital, os
bancos poderão emprestar, a
partir de julho do próximo ano,
até 33% mais que o registrado
atualmente. A decisão vai beneficiar principalmente as operações de varejo, no segmento
que tem contratos no valor de
até R$ 400 mil direcionados às
pessoas físicas e pequenas empresas.
O superintendente de risco
corporativo da Caixa Econômica Federal, Paulo Henrique
Costa, prevê "um bom aumento nas operações de crédito para compra da casa própria e
empréstimos no varejo". O
banco é o maior agente imobiliário do país e deverá ser diretamente beneficiado. Para ele,
as regras vão na linha de reduzir cobranças sobre os bancos
quando as operações são mais
seguras porque têm menos risco de inadimplência.
Riscos
"O BC decidiu segmentar as
operações de forma a reduzir os
riscos do sistema. Nas operações grandes [como crédito
imobiliário], operações arriscadas são desincentivadas. No varejo, o incentivo é amplo porque o nível de crédito desse segmento ainda é baixo, e emprestar para muitos pulveriza os
riscos globais", diz o professor
do centro de excelência bancária da Fundação Getulio Vargas, Eduardo Diniz.
O especialista elogia a iniciativa. Ele avalia que a decisão do
BC de anunciar as medidas pode ter sido acelerada pela recente crise imobiliária nos Estados Unidos.
O superintendente da Abecip
(Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário
e Poupança), José Pereira Gonçalves, comemora as medidas e
crê que o setor pode ganhar fôlego. Em alguns segmentos, os
empréstimos poderão aumentar até 40% com o mesmo capital. "Para os bancos, isso vai
ampliar o horizonte de crescimento das carteiras", diz.
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