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PIB da Argentina cresce 8,7% no 2º trimestre
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
Os dados divulgados pelo Indec (instituto de estatística oficial) mostram que a economia
argentina voltou a crescer no
segundo trimestre do ano: o
PIB (Produto Interno Bruto)
subiu 8,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
Com isso, o crescimento de
2007 já é superior ao do fim do
ano passado, de 8,6%, superando as expectativas do mercado,
que projetou para este ano um
crescimento de 7,5%. No primeiro trimestre, o PIB argentino tinha crescido 8%.
Nos quatro anos do governo
Néstor Kirchner, a Argentina
cresceu a uma média de 8,9%
ao ano. O PIB atingiu agora
367,8 bilhões de pesos (R$ 223
bilhões), 39% a mais do que no
primeiro trimestre de 2003.
O crescimento argentino
continua muito mais acelerado
do que o brasileiro. O IBGE
anunciou na quarta-feira que a
economia brasileira cresceu
5,4% no mesmo período.
Os números divulgados ontem não refletem, porém, o impacto da crise energética sobre
a economia do país, que se intensificou em julho com fortes
restrições de consumo elétrico
às grandes indústrias. Mesmo
assim, a indústria manufatureira, que representa a maior parcela do PIB (15,7%), registrou
crescimento de 6,5%, inferior
ao total da economia.
O crescimento foi puxado pelo setor agrícola, que teve variação de 16,6% em relação ao
mesmo período de 2006. Outro
setor com forte crescimento foi
a construção (9,7%). Os setores
produtores de bens cresceram
9%, os de serviço, 8,4%.
Como os outros índices do
Indec, porém, os números oficiais do PIB não são inteiramente confiáveis: desde janeiro
o instituto sofre intervenção do
governo e há suspeitas de manipulação na medição do índice
de inflação, que segundo o governo está em 8% anuais, mas
de acordo com analistas privados seria de até 20%. A distorção nos índices de inflação provocaria um efeito-cascata em
outros índices, inclusive o PIB.
O ex-ministro da economia e
atual candidato opositor à presidência, Roberto Lavagna, diz,
por exemplo, que o PIB argentino está crescendo a 6%.
Orçamento
No projeto de Orçamento para 2008 enviado hoje pelo governo ao Congresso argentino,
o crescimento para o ano que
vem é estimado em 4%. Não é
uma previsão real, mas uma estratégia que já foi usada no ano
passado pelo governo para subestimar a arrecadação e, assim, poder fazer mais gastos extraordinários sem necessidade
de aprovação pelo Congresso.
O projeto prevê ainda uma
inflação de 7% a 8% e um superávit primário fiscal de 3,15%.
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