São Paulo, sábado, 15 de setembro de 2007

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PIB da Argentina cresce 8,7% no 2º trimestre

RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES

Os dados divulgados pelo Indec (instituto de estatística oficial) mostram que a economia argentina voltou a crescer no segundo trimestre do ano: o PIB (Produto Interno Bruto) subiu 8,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
Com isso, o crescimento de 2007 já é superior ao do fim do ano passado, de 8,6%, superando as expectativas do mercado, que projetou para este ano um crescimento de 7,5%. No primeiro trimestre, o PIB argentino tinha crescido 8%.
Nos quatro anos do governo Néstor Kirchner, a Argentina cresceu a uma média de 8,9% ao ano. O PIB atingiu agora 367,8 bilhões de pesos (R$ 223 bilhões), 39% a mais do que no primeiro trimestre de 2003.
O crescimento argentino continua muito mais acelerado do que o brasileiro. O IBGE anunciou na quarta-feira que a economia brasileira cresceu 5,4% no mesmo período.
Os números divulgados ontem não refletem, porém, o impacto da crise energética sobre a economia do país, que se intensificou em julho com fortes restrições de consumo elétrico às grandes indústrias. Mesmo assim, a indústria manufatureira, que representa a maior parcela do PIB (15,7%), registrou crescimento de 6,5%, inferior ao total da economia.
O crescimento foi puxado pelo setor agrícola, que teve variação de 16,6% em relação ao mesmo período de 2006. Outro setor com forte crescimento foi a construção (9,7%). Os setores produtores de bens cresceram 9%, os de serviço, 8,4%.
Como os outros índices do Indec, porém, os números oficiais do PIB não são inteiramente confiáveis: desde janeiro o instituto sofre intervenção do governo e há suspeitas de manipulação na medição do índice de inflação, que segundo o governo está em 8% anuais, mas de acordo com analistas privados seria de até 20%. A distorção nos índices de inflação provocaria um efeito-cascata em outros índices, inclusive o PIB.
O ex-ministro da economia e atual candidato opositor à presidência, Roberto Lavagna, diz, por exemplo, que o PIB argentino está crescendo a 6%.

Orçamento
No projeto de Orçamento para 2008 enviado hoje pelo governo ao Congresso argentino, o crescimento para o ano que vem é estimado em 4%. Não é uma previsão real, mas uma estratégia que já foi usada no ano passado pelo governo para subestimar a arrecadação e, assim, poder fazer mais gastos extraordinários sem necessidade de aprovação pelo Congresso.
O projeto prevê ainda uma inflação de 7% a 8% e um superávit primário fiscal de 3,15%.


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