São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 2008

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MERCADO ABERTO

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Empresas aumentam bônus para reter os funcionários

As empresas estão pagando mais bônus, comissões e participações nos lucros aos seus funcionários. Segundo pesquisa da Sextante, o rendimento variável pago pelas companhias passou de 15,3% do salário em 1999 para 26,7% em 2007.
Rugenia Maria Pomi, diretora-executiva da Sextante Brasil, afirma que cresce a competição pelos melhores profissionais.
"De 2002 a 2007, nas empresas de siderurgia, por exemplo, aumentaram em 200% os pedidos de demissão dos especialistas." No período, os pedidos cresceram 115% para todos os setores.
O levantamento foi feito com 77 empresas com receita bruta de R$ 669 bilhões e que têm juntas 873 mil funcionários. As companhias foram ouvidas em 2007 e os resultados serão divulgados nesta semana.
A especialista afirma que a política de investir em bônus é eficiente para reter talentos a curto prazo, mas que a pressão por resultados pode mostrar uma outra face: a piora na saúde do funcionário e o aumento das faltas ao trabalho. De 1999 a 2007, as faltas cresceram 44%.
Segundo a consultoria, o foco nos bônus deixou de lado os reajustes nos salários. A pesquisa mostra que, no período, o faturamento das empresas por empregado cresceu 159% e o valor aplicado em salários, benefícios e encargos avançou 89% -a inflação, segundo o INPC, foi de 91%.
O percentual dos lucros que é repartido na forma de participação nos resultados também variou pouco e se mantém em torno de 5% a 6%. O lucro operacional per capta, no entanto, disparou: passou de R$ 16 mil para R$ 162 mil, o que significa um incremento de 912%.
A coordenadora da pesquisa afirma que, apesar do aumento dos rendimentos variáveis, ficou mais barato para as empresas remunerar seus funcionários. Embora os funcionários ganhem mais bônus, a fatia do lucro dividida continua estável e grande parte da remuneração agora depende do desempenho dos trabalhadores.

Montadoras devem priorizar produtividade

Nos últimos anos, empurrada pela demanda, a indústria automobilística cresceu em ritmo acelerado no país. Agora que a demanda não está mais tão reprimida assim, o setor terá que optar por outras prioridades.
As montadoras vão ter que se concentrar em melhorar a gestão e aumentar a produtividade se quiserem continuar com bom desempenho quando os pedidos passarem a subir em um ritmo um pouco menor do que até agora. Os números já estão mostrando essa desaceleração.
A Proudfoot Consulting, especializada em aperfeiçoamento de processos, estima que a manufatura nacional de veículos possa ganhar de 15% a 20% de produtividade anual, sem investimento extra, se fizer os ajustes necessários nas suas operações.
"O setor cresceu simplesmente devido ao aquecimento do mercado, e não existe capacidade nem mão-de-obra para atender tudo isso. A partir do ano que vem, quando a sua taxa de avanço passar a ficar entre 3% e 4% ao ano, vai precisar de fôlego -o que se consegue acertando a administração e os custos. Tudo isso foi relegado a segundo plano diante da necessidade de atender o boom de consumo, e é aí que está a grande oportunidade agora", diz Elzo Guarnieri, vice-presidente da consultoria.
Entre os principais problemas que a indústria deve corrigir, estão as deficiências na qualificação dos profissionais, o que resulta em horas extras e retrabalho; a inadequação de equipamentos e espaços para estocagem; a desorganização da logística interna; e os recalls por problemas de fabricação.
"Prestar mais atenção aos detalhes -por exemplo, eliminar processos redundantes e dimensionar o tamanho das equipes- significará maiores lucros e condições superiores de competitividade", afirma Guarnieri.

CASA INTELIGENTE

A construtora Bracco, em parceria com a Practical Soluções Imobiliárias, pretende ampliar em 242% os lançamentos de apartamentos com soluções de automação. "Da mesma forma que os automóveis e outros produtos incorporaram tecnologia, nos imóveis isso está começando", afirma Nelson Parisi Jr., diretor comercial da construtora Bracco. O foco da empresa são apartamentos para as classes média e média alta. Entre as opções, há unidades preparadas para a instalação de sensores de umidade que fecham a cortina se chover e para sistemas de biometria, que abrem as portas com um toque do morador. Neste ano, a expectativa da empresa é alcançar R$ 150 milhões de valor geral de vendas. Os apartamentos são vendidos a partir de R$ 650 mil.

ENGRENAGEM
A fábrica da Ford em Taubaté atinge hoje 2 milhões de motores Zetec RoCam fabricados. A última vez que o total foi atingido na unidade foi em 1990, com o motor OHC, usado no Mustang e no Galaxie. A montadora investirá R$ 600 milhões para produzir, em 2009, os motores Sigma, que dobrará a capacidade de Taubaté, que está em 280 mil unidades/ano.

TRAMPOLIM
O Banco Itaú lança hoje o Guia para a Criação de Instituições de Microcrédito, cartilha digital que tem como objetivo estimular a formação de novas organizações de microcrédito no país. O Itaú quer estimular iniciativas empreendedoras da população de baixa renda. O guia estará disponível em CD, que será distribuído por todo o país.


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