São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 2008

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Bank of America negocia compra de Merrill Lynch

Negócio pode ser fechado por pelo menos US$ 38 bilhões, diz o "New York Times"

A seguradora AIG, que também é vista como uma das próximas vítimas de Wall Street, quer levantar capital e discute com Buffett

DA REDAÇÃO

O Bank of America está em "negociações avançadas" para comprar o Merrill Lynch, o terceiro maior banco de investimento dos EUA, segundo o "New York Times". De acordo com o jornal, a venda poderá ser concretizada por pelo menos US$ 38,25 bilhões.
O negócio, segundo pessoas envolvidas no acordo, evoluiu depois que pareceu mais difícil a ajuda financeira do governo dos EUA para a aquisição do Lehman Brothers. Com isso, o Bank of America (que é o segundo maior banco norte-americano em ativos) voltou as suas atenções para o Merrill Lynch, que era apontado por analistas como uma das futuras possíveis baixas em Wall Street.
O Bank of America estaria disposto a investir entre US$ 25 e US$ 30 por ação do Merrill Lynch. Os papéis do banco de investimento foram negociados a US$ 16,96 na última sexta-feira na Bolsa de Nova York, queda de 12,72% em relação ao pregão anterior, com os investidores temendo o futuro da instituição financeira.
Segundo a emissora de TV CNBC, autoridades do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) estão pressionando o Bank of America para que ele adquira o Merrill Lynch. Com a possibilidade cada vez maior de o Lehman Brothers pedir concordata, o Merrill Lynch seria o foco das atenções nos mercados e muitos executivos dizem que as ações do banco poderiam desabar ainda mais. A expectativa é que a fusão com o Bank of America, mais bem capitalizado, possa impedir uma desvalorização ainda mais expressiva dos seus papéis.
A conclusão do negócio entre Bank of America e Merrill Lynch poderia ser anunciada ainda na noite de ontem -até o fechamento desta edição nenhum dos dois bancos havia se pronunciado oficialmente.
Os dois bancos foram afetados pela crise iniciada no segundo semestre do ano passado e que teve seu início no mercado imobiliário e nas hipotecas "subprime" (para pessoas com histórico ruim de pagamento), mas, enquanto o Bank of America conseguiu permanecer no azul, o Merrill Lynch teve prejuízos bilionários.
Desde julho de 2007 até junho deste ano, o Bank of America lucrou US$ 8,6 bilhões. Nesse mesmo período, o Merrill Lynch teve um prejuízo acumulado de US$ 18,7 bilhões. Contando as baixas contábeis (reavaliação dos valores de ativos), o banco já perdeu mais de US$ 52 bilhões, sendo superado apenas pelo Citigroup.
Um dos reflexos dessa crise é que o Merrill Lynch teve que socorrer à ajuda estrangeira, com apenas o governo de Cingapura injetando mais de US$ 4 bilhões no banco. Nos últimos meses, ele também vinha negociando alguns dos seus ativos, como os 20% de participação que detinha na agência de notícias Bloomberg.
Ainda no final do ano passado, o banco fez mudanças em seu alto escalão, com John Thain substituindo no cargo de presidente-executivo Stan O'Neal, cujas apostas no mercado "subprime" fracassaram.

O negócio, caso concretizado, colocará ainda mais em risco o futuro do Lehman Brothers. O Bank of America aparecia como um dos principais candidatos para adquirir o Lehman Brothers -possivelmente em um consórcio que também incluiria o fundo soberano do governo chinês.

AIG
A seguradora AIG (American International Group), ainda segundo a CNBC, pretende anunciar a venda de ativos ou uma injeção capital. A instituição, uma das maiores no setor do mundo e que também é vista como uma das próximas vítimas de Wall Street, pretende levantar US$ 50 bilhões.
De acordo com a emissora, a seguradora está conversando com várias empresas de "private equity" (que adquire participações em companhias) e também com o investidor Warren Buffett, o homem mais rico do mundo segundo a "Forbes".
Ela pretende levantar dinheiro para diminuir os temores de que não conseguirá cobrir as suas possíveis perdas e impedir que as agências de classificação reduzam sua nota.


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