|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sem acordo, Lehman caminha para liquidação
EUA se mostram relutantes em garantir perdas do banco
DA REPORTAGEM LOCAL
Instituição de 158 anos, o
Lehman Brothers deve se tornar a segunda grande vítima da
crise das hipotecas "subprime"
(segunda linha) nos EUA, depois do concorrente Bear
Stearns, vendido para o
JPMorgan, no final de março.
Sem um acordo para sua cisão
entre os principais bancos do
mundo, o quarto maior banco
de investimento americano parece caminhar agora para a liquidação, que poderá ser decretada a partir de hoje.
O Lehman já até contratou
um escritório de advocacia para preparar o seu pedido de
concordata, de acordo com o
"Wall Street Journal".
A situação do banco piorou
na tarde do domingo, quando o
britânico Barclays desistiu de
participar das negociações para
o seu resgate. Ao lado do Bank
of America, que deve levar o
Merrill Lynch, o banco era visto como o maior candidato a
absorver parte do Lehman.
Desde o o final da tarde de
sexta-feira, bancos dos dois lados do Atlântico e autoridades
do governo norte-americano
tentavam viabilizar uma complexa engenharia financeira
para manter em pé os principais negócios do Lehman Brothers e impedir que a sua quebra prejudicasse instituições de
todo o mundo com quem o banco tinha negócios.
Porém, com a relutância do
governo dos Estados Unidos
em colocar dinheiro no negócio
-não querendo repetir o que
tinha feito no caso do Bear
Stearns-, as chances de um
acordo foram ficando cada vez
menores. Barclays e Bank of
America queriam proteção do
governo para as possíveis futuras perdas do Lehman. Sem essa ajuda, as instituições preferiram se afastar do negócio -e o
Bank of America voltou as suas
atenções para o Merrill Lynch.
Uma das idéias era dividir o
Lehman em dois, com uma
"parte ruim", em que ficariam
cerca de US$ 80 bilhões em ativos, considerados os mais problemáticos. Várias grandes instituições financiariam a "parte
ruim do Lehman, enquanto a
parte boa seria negociada.
Porém, alguns dos procurados se mostraram relutantes
em colocar dinheiro na instituição em um momento em
que os mercados continuam
em crise e outros grandes bancos poderão cair.
A situação chegou a ser comparada ao LTCM, o fundo de
hedge que explodiu durante a
crise russa, em 1998. Na ocasião, grandes bancos contribuíram com mais de US$ 3 bilhões,
cada um, no fundo, permitindo
que ele quebrasse de "forma ordenada". Agora, porém, os bancos estão com suas finanças
abaladas pela crise de crédito,
tornando-os ainda mais relutantes em colocar dinheiro no
rival Lehman Brothers.
Desde a queda do Bear
Stearns, o Lehman Brothers
era constantemente apontado
como a próxima instituição a
cair. O banco de investimento
foi um dos mais afetados com
as perdas do mercado "subprime", que começou a ruir no segundo semestre do ano passado, e perdeu US$ 6,7 bilhões
entre o segundo e o terceiro trimestres fiscais. Na semana passada, as ações do banco se desvalorizaram em 77,47%.
Texto Anterior: Bank of America negocia compra de Merrill Lynch Próximo Texto: Analistas temem avanço da crise financeira Índice
|