São Paulo, segunda-feira, 15 de setembro de 2008

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Sem acordo, Lehman caminha para liquidação

EUA se mostram relutantes em garantir perdas do banco

DA REPORTAGEM LOCAL

Instituição de 158 anos, o Lehman Brothers deve se tornar a segunda grande vítima da crise das hipotecas "subprime" (segunda linha) nos EUA, depois do concorrente Bear Stearns, vendido para o JPMorgan, no final de março. Sem um acordo para sua cisão entre os principais bancos do mundo, o quarto maior banco de investimento americano parece caminhar agora para a liquidação, que poderá ser decretada a partir de hoje.
O Lehman já até contratou um escritório de advocacia para preparar o seu pedido de concordata, de acordo com o "Wall Street Journal".
A situação do banco piorou na tarde do domingo, quando o britânico Barclays desistiu de participar das negociações para o seu resgate. Ao lado do Bank of America, que deve levar o Merrill Lynch, o banco era visto como o maior candidato a absorver parte do Lehman.
Desde o o final da tarde de sexta-feira, bancos dos dois lados do Atlântico e autoridades do governo norte-americano tentavam viabilizar uma complexa engenharia financeira para manter em pé os principais negócios do Lehman Brothers e impedir que a sua quebra prejudicasse instituições de todo o mundo com quem o banco tinha negócios.
Porém, com a relutância do governo dos Estados Unidos em colocar dinheiro no negócio -não querendo repetir o que tinha feito no caso do Bear Stearns-, as chances de um acordo foram ficando cada vez menores. Barclays e Bank of America queriam proteção do governo para as possíveis futuras perdas do Lehman. Sem essa ajuda, as instituições preferiram se afastar do negócio -e o Bank of America voltou as suas atenções para o Merrill Lynch.
Uma das idéias era dividir o Lehman em dois, com uma "parte ruim", em que ficariam cerca de US$ 80 bilhões em ativos, considerados os mais problemáticos. Várias grandes instituições financiariam a "parte ruim do Lehman, enquanto a parte boa seria negociada.
Porém, alguns dos procurados se mostraram relutantes em colocar dinheiro na instituição em um momento em que os mercados continuam em crise e outros grandes bancos poderão cair.
A situação chegou a ser comparada ao LTCM, o fundo de hedge que explodiu durante a crise russa, em 1998. Na ocasião, grandes bancos contribuíram com mais de US$ 3 bilhões, cada um, no fundo, permitindo que ele quebrasse de "forma ordenada". Agora, porém, os bancos estão com suas finanças abaladas pela crise de crédito, tornando-os ainda mais relutantes em colocar dinheiro no rival Lehman Brothers.
Desde a queda do Bear Stearns, o Lehman Brothers era constantemente apontado como a próxima instituição a cair. O banco de investimento foi um dos mais afetados com as perdas do mercado "subprime", que começou a ruir no segundo semestre do ano passado, e perdeu US$ 6,7 bilhões entre o segundo e o terceiro trimestres fiscais. Na semana passada, as ações do banco se desvalorizaram em 77,47%.


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