|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BARRIL DE PÓLVORA
Além do calendário eleitoral, meta de inflação também pesou
Para analistas, eleição influenciou
DA SUCURSAL DO RIO
O economista Paulo Gomes, da
Consultoria Global Invest, acredita que pesou na decisão da Petrobras a preocupação do governo
em não estourar a meta de inflação deste ano, que é de 5,5%, com
variação de 2,5 pontos percentuais para mais ou para menos.
"Um peso foram as eleições,
mas eles também estão preocupados com a meta de inflação, já que
as projeções estão muito próximas do teto, que é de 8%", disse
Gomes. O Banco Central projeta
inflação de 7,2% neste ano.
Para o economista, a maior prova de que a inflação contribuiu
para a definição do índice é o fato
de o aumento valer a partir de hoje, bem no meio do mês. "Foi uma
data escolhida a dedo. Assim, o
efeito direto na inflação se divide
em dois meses. Com isso, evita-se
que a inflação dê um salto e depois volte", concluiu.
Gomes avalia que o aumento da
gasolina trará um impacto total
no IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo), usado como referência para a meta de inflação, de 0,1 a 0,2 ponto percentual. O economista Alexandre
S'Antanna, da ARX Capital, estima em 0,1 ponto percentual. Já a
consultoria Tendências avalia que
o peso será de 0,06 ponto, diluído
em outubro e novembro.
Gomes, S'Antanna e Fabiana
Futoni, da Tendências, acreditam
que a estatal fará um novo reajuste até o final do ano. Assim como
Edmar de Almeida, do Instituto
de Economia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), e
Luís Suzigan, economista da Consultoria LCA. "Esse reajuste só ficará nesse valor se o preço do barril recuar para US$ 40, o que parece improvável a curto prazo", disse Suzigan.
O mais enfático nas críticas à
Petrobras é Adriano Pires, superintendente de Abastecimento da
ANP (Agência Nacional do Petróleo) na gestão do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso e
consultor do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-Estrutura). "Esse
aumento é político, não é técnico.
Eles quiseram dizer: "Olha aí, o PT
é diferente. Não tem medo de aumentar gasolina em véspera de
eleição." O aumento só é explicado dessa maneira. Ou então é incompetência, mesmo."
De acordo com ele, a defasagem
em relação ao mercado internacional estava em 21% na gasolina
e 31% no diesel. "Ficou 18% na gasolina e 26% no diesel. Não alterou nada."
"A Petrobras sabe tão bem
quanto eu que o preço internacional não tende a ceder, então, depois de 31 de outubro, vai ter outro aumento." Segundo ele, a Petrobras já acumula prejuízo de R$
1,3 bilhão neste ano por segurar os
reajustes.
Já o presidente da Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes), Luiz Gil Siuffo, afirmou
que o percentual não tem relação
com política. "Falar isso é uma injustiça muito grande. O governo
aumentou o superávit primário
antes das eleições. Por qual motivo não aumentaria a gasolina?"
Siuffo estima que a alta da gasolina projetada pela Petrobras não
deve chegar integralmente às
bombas dos postos de combustíveis. É que a competição acirrada
entre revendedores impede aumentos de preços em muitos lugares do país, disse ele.
(GABRIELA WOLTHERS E PEDRO SOARES)
Texto Anterior: Gasolina fica mais cara; nova alta é esperada Próximo Texto: Barril de pólvora: Para Petrobras, reajuste foi o "possível" e pode vir mais Índice
|