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BARRIL DE PÓLVORA
Diretor diz que "nada foi discutido" com equipe econômica
Para Petrobras, reajuste foi o "possível" e pode vir mais
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O diretor financeiro e de Relações com Investidores da Petrobras, José Sérgio Gabrielli de Azevedo, disse ontem que a estatal
poderá reajustar novamente o
preço dos combustíveis porque
ainda não foi alcançado o "nível
de solução do problema" -isto é,
o mercado de petróleo segue instável.
Azevedo, que participou de um
evento empresarial em Belo Horizonte, disse que o reajuste anunciado foi o possível, amparado em
uma série de fatores que envolvem a questão. Segundo ele, a decisão não foi política e "nada foi
discutido com a equipe econômica" do governo federal.
"Achamos que, neste momento,
é um aumento que nós poderíamos fazer. Não quer dizer que não
vamos continuar observando o
que está acontecendo. Não estamos com um nível de solução do
problema. Podemos vir ou não a
alterar esse preço. Vamos tomar
as decisões no momento certo."
O reajuste anunciado, disse, foi
resultado das análises da demanda que a Petrobras enfrenta, o
comportamento do seu mercado
e como as instabilidades podem
refletir nos preços que ela pratica.
As análises da Petrobras são diferentes das do mercado, disse.
Como exemplo, ele disse que
aumentou muito nos últimos dias
a diferença entre o preço do petróleo pesado, que é o produzido
no Brasil, e os do tipo Brent e WTI
(leves), os cotados no mercado.
Para a Petrobras, interessa mais o
preço do produto pesado.
"A variação de preços todo dia e
toda hora, que reflete muitos movimentos especulativos, é do petróleo leve", disse Azevedo, acrescentando que a diferença de preço
entre o WTI e o petróleo mexicano chegou a US$ 15. "Esse é um
dado importante que não aparece
no dia-a-dia dos jornais."
Outro fator considerado para
definir o reajuste foi o volume de
contratos no mercado futuro, que
"se manteve estável nas últimas
três semanas", indicando haver
um "certo cansaço do potencial
de crescimento [dos preços] por
razões especulativas".
Mais dois fatores foram listados
como determinantes para a fixação do reajuste: a diminuição da
pressão de demanda no mercado
de derivados nos EUA e o fato de
o real ter se valorizado mais (7%)
desde 15 de junho, data do até então último reajuste dos combustíveis no Brasil. "Isso faz com que o
impacto das variações de preços
seja menor sobre nós", disse.
"Então, esse conjunto de variáveis, e considerando também a
demanda de nossos produtos no
mercado brasileiro que continua
crescendo, nos levou a escolher
essa variação de preços do diesel e
da gasolina", disse Azevedo, ao
acrescentar que a política de preços da Petrobras será de acompanhamento das variações de preço
do mercado internacional a longo
prazo, sem repassar essa volatilidade internamente.
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