São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2004

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BARRIL DE PÓLVORA

Diretor diz que "nada foi discutido" com equipe econômica

Para Petrobras, reajuste foi o "possível" e pode vir mais

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O diretor financeiro e de Relações com Investidores da Petrobras, José Sérgio Gabrielli de Azevedo, disse ontem que a estatal poderá reajustar novamente o preço dos combustíveis porque ainda não foi alcançado o "nível de solução do problema" -isto é, o mercado de petróleo segue instável.
Azevedo, que participou de um evento empresarial em Belo Horizonte, disse que o reajuste anunciado foi o possível, amparado em uma série de fatores que envolvem a questão. Segundo ele, a decisão não foi política e "nada foi discutido com a equipe econômica" do governo federal.
"Achamos que, neste momento, é um aumento que nós poderíamos fazer. Não quer dizer que não vamos continuar observando o que está acontecendo. Não estamos com um nível de solução do problema. Podemos vir ou não a alterar esse preço. Vamos tomar as decisões no momento certo."
O reajuste anunciado, disse, foi resultado das análises da demanda que a Petrobras enfrenta, o comportamento do seu mercado e como as instabilidades podem refletir nos preços que ela pratica. As análises da Petrobras são diferentes das do mercado, disse.
Como exemplo, ele disse que aumentou muito nos últimos dias a diferença entre o preço do petróleo pesado, que é o produzido no Brasil, e os do tipo Brent e WTI (leves), os cotados no mercado. Para a Petrobras, interessa mais o preço do produto pesado.
"A variação de preços todo dia e toda hora, que reflete muitos movimentos especulativos, é do petróleo leve", disse Azevedo, acrescentando que a diferença de preço entre o WTI e o petróleo mexicano chegou a US$ 15. "Esse é um dado importante que não aparece no dia-a-dia dos jornais."
Outro fator considerado para definir o reajuste foi o volume de contratos no mercado futuro, que "se manteve estável nas últimas três semanas", indicando haver um "certo cansaço do potencial de crescimento [dos preços] por razões especulativas".
Mais dois fatores foram listados como determinantes para a fixação do reajuste: a diminuição da pressão de demanda no mercado de derivados nos EUA e o fato de o real ter se valorizado mais (7%) desde 15 de junho, data do até então último reajuste dos combustíveis no Brasil. "Isso faz com que o impacto das variações de preços seja menor sobre nós", disse.
"Então, esse conjunto de variáveis, e considerando também a demanda de nossos produtos no mercado brasileiro que continua crescendo, nos levou a escolher essa variação de preços do diesel e da gasolina", disse Azevedo, ao acrescentar que a política de preços da Petrobras será de acompanhamento das variações de preço do mercado internacional a longo prazo, sem repassar essa volatilidade internamente.


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