São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2004

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INFLAÇÃO

Alta diluída impacta menos na taxa

IVONE PORTES
DA FOLHA ONLINE

Embora orientada para o mercado, a Petrobras é uma empresa controlada pelo governo, que tem uma meta a cumprir neste e nos próximos anos: a de inflação.
Gasolina mais cara pode significar criar pressão nos preços internos e ameaçar o cumprimento dessa meta, que é de, no máximo (observada a margem de tolerância), 8% em 2004 e 7% em 2005.
O governo federal nega ingerência na política de preços da empresa. Mas um aumento em conta-gotas pode servir para controlar o impacto inflacionário e evitar que, no futuro, remédios monetários amargos tenham que ser adotados, como elevação da taxa de juros.
Pela projeção da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o aumento de combustíveis anunciado ontem pela Petrobras terá impacto de 0,09 ponto percentual na inflação em São Paulo.
Somente neste mês, o peso será de 0,04 ponto no IPC (Índice de Preços ao Consumidor), que deve ficar em 0,44% segundo o coordenador da pesquisa de preços, Paulo Picchetti. A previsão anterior era de taxa de 0,40%.
O aumento dos combustíveis pesará também na inflação de novembro e de dezembro. O reajuste deve elevar em mais 0,04 ponto percentual a inflação de novembro e em 0,01 a de dezembro.
Esses cálculos levam em consideração os efeitos diretos e indiretos do aumento da gasolina e do óleo diesel nos preços.
Na avaliação de Picchetti, o reajuste não compromete a inflação deste ano, porque o IPC de setembro ficou em 0,21% -abaixo do 0,35% projetado. Além disso, ele considera que o aumento não muda a tendência de inflação para o próximo ano.
O economista já projeta, porém, inflação em São Paulo acima de 6% em 2004, podendo chegar a 6,5% caso a Petrobras anuncie mais um reajuste após o segundo turno das eleições, o que não está descartado.
De acordo com Picchetti, o aumento dos combustíveis, que vale a partir de hoje, ainda não corrige a defasagem de preço dos produto em relação ao valor do petróleo no mercado internacional. Picchetti esperava um reajuste bem maior, próximo de 10%.
Segundo analistas, até a data do reajuste foi pensada a partir da preocupação com o impacto sobre a inflação: como vale a partir do dia 15, o efeito é diluído entre outubro e novembro.
Na primeira quadrissemana de outubro -período de 30 dias terminado em 7/ 10-, o IPC-Fipe apontou taxa de 0,27%. Mais uma vez o avanço do índice de inflação foi contido pelos alimentos, que apresentaram deflação de 0,33% no período.
Para outubro, além da gasolina, são esperados impactos provenientes de reajustes nos serviços de água/ esgoto, dissídios de funcionários de condomínios, telefonia fixa e um pequeno resíduo do aumento na conta de luz.


Com a Redação


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