São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2004

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TRABALHO

Após um mês, funcionários retomam hoje as atividades em quase todas as capitais, mas querem acordo antes de julgamento do TST

Bancários decidem suspender greve para tentar negociações

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Após um mês de paralisação, os bancários decidiram ontem suspender temporariamente a greve por tempo indeterminado e retornar hoje ao trabalho.
A decisão foi tomada ontem em assembléias realizadas em 21 capitais na tentativa de buscar um acordo salarial com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) e a direção dos bancos federais para evitar que a greve seja julgada pela Justiça do Trabalho.
Até o fechamento desta edição, a suspensão da greve já havia sido aprovada em São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto Alegre, Campo Grande, Cuiabá, Maceió, São Luís, Belém, Teresina, Rio de Janeiro, Macapá, Brasília, Porto Velho, Aracaju, Natal, Curitiba, Vitória, Fortaleza e Boa Vista. Em Florianópolis, os bancários decidiram manter a greve. No Acre, a assembléia será hoje.
A CNB-CUT (Confederação Nacional dos Bancários) orientou a suspensão da greve até a próxima quarta-feira, dia 20, após o TST (Tribunal Superior do Trabalho) ter marcado o julgamento da greve da categoria para o dia 21.
"A greve não recuou. Está suspensa temporariamente para evitar que o movimento se desorganize. A Contec [Confederação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Crédito] jogou um balde de água fria na campanha salarial após entrar com pedido de dissídio. Foi uma decisão equivocada", disse Vagner de Freitas, presidente da CNB-CUT.
"O pessoal da CUT não queria essa greve. Os sindicalistas queriam a aprovação da proposta dos bancos que era pagar 8,5% de reajuste. Recorrer à Justiça foi uma forma de buscar uma alternativa para uma greve que já estava no fim", disse Lourenço Prado, presidente da Contec.
"Historicamente, os trabalhadores perderam direitos quando sua campanha foi decidida pelos tribunais", disse Luiz Claudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ao se referir ao julgamento da greve da categoria em 1996. Na ocasião, os bancários do Banco do Brasil tiveram o plano de cargos e salários reduzido pela Justiça e perderam o direito ao anuênio (reajuste por ano de serviço).
Os bancários devem fazer novas assembléias na próxima quarta-feira para avaliar a campanha salarial. Caso não haja acordo com os bancos, os funcionários fazem um Dia Nacional de Lutas na quinta-feira, dia 21, e podem retomar a greve a partir dessa data.
Para a Fenaban, a suspensão da greve foi uma decisão "sensata" da categoria e já devia ter ocorrido antes. "A greve perdeu fôlego e não resolveu o problema da campanha salarial, que é chegar a um acordo negociado", disse Magnus Apostólico, coordenador de negociações trabalhistas da federação dos bancos. Ele disse que os bancos estão dispostos a "ouvir" os sindicalistas, mas que a Fenaban não tem nova proposta.
Os bancos oferecem reajuste salarial de 8,5% a 12,77% e participação nos lucros. Os bancários pedem reajuste de 19% e abono de R$ 1.500, além de lucros.
"É importante que se saiba que a proposta que a Caixa bancou e continua bancando é a melhor proposta já feita pela Caixa Econômica Federal nos últimos 15 anos. Ela alcança 2% a mais do que a inflação, ganho real, e sobretudo para os menores salários alcança até 11,5% e 12%. Isso representa um ganho real de 5%. Acredito que não foi suficientemente entendida pelos bancários durante o movimento", disse o presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso.
Em São Paulo, para marcar os 30 dias de greve e protestar contra a direção do Banco do Brasil, cerca de 300 bancários deram um abraço simbólico no prédio do banco no centro da cidade.
Segundo os sindicalistas, o BB retirou a proposta salarial feita durante as negociações e distribuiu comunicado interno informando que, se a greve for a julgamento, o que está valendo é a reposição da inflação dos últimos 12 meses -sem aumento real.


Colaborou Eduardo Scolese, da Sucursal de Brasília


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