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TRABALHO
Após um mês, funcionários retomam hoje as atividades em quase todas as capitais, mas querem acordo antes de julgamento do TST
Bancários decidem suspender greve para tentar negociações
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Após um mês de paralisação, os
bancários decidiram ontem suspender temporariamente a greve
por tempo indeterminado e retornar hoje ao trabalho.
A decisão foi tomada ontem em
assembléias realizadas em 21 capitais na tentativa de buscar um
acordo salarial com a Fenaban
(Federação Nacional dos Bancos)
e a direção dos bancos federais
para evitar que a greve seja julgada pela Justiça do Trabalho.
Até o fechamento desta edição,
a suspensão da greve já havia sido
aprovada em São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Porto
Alegre, Campo Grande, Cuiabá,
Maceió, São Luís, Belém, Teresina, Rio de Janeiro, Macapá, Brasília, Porto Velho, Aracaju, Natal,
Curitiba, Vitória, Fortaleza e Boa
Vista. Em Florianópolis, os bancários decidiram manter a greve.
No Acre, a assembléia será hoje.
A CNB-CUT (Confederação
Nacional dos Bancários) orientou
a suspensão da greve até a próxima quarta-feira, dia 20, após o
TST (Tribunal Superior do Trabalho) ter marcado o julgamento da
greve da categoria para o dia 21.
"A greve não recuou. Está suspensa temporariamente para evitar que o movimento se desorganize. A Contec [Confederação
Nacional dos Trabalhadores em
Empresas de Crédito] jogou um
balde de água fria na campanha
salarial após entrar com pedido
de dissídio. Foi uma decisão equivocada", disse Vagner de Freitas,
presidente da CNB-CUT.
"O pessoal da CUT não queria
essa greve. Os sindicalistas queriam a aprovação da proposta dos
bancos que era pagar 8,5% de reajuste. Recorrer à Justiça foi uma
forma de buscar uma alternativa
para uma greve que já estava no
fim", disse Lourenço Prado, presidente da Contec.
"Historicamente, os trabalhadores perderam direitos quando
sua campanha foi decidida pelos
tribunais", disse Luiz Claudio
Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, ao
se referir ao julgamento da greve
da categoria em 1996. Na ocasião,
os bancários do Banco do Brasil
tiveram o plano de cargos e salários reduzido pela Justiça e perderam o direito ao anuênio (reajuste
por ano de serviço).
Os bancários devem fazer novas
assembléias na próxima quarta-feira para avaliar a campanha salarial. Caso não haja acordo com
os bancos, os funcionários fazem
um Dia Nacional de Lutas na
quinta-feira, dia 21, e podem retomar a greve a partir dessa data.
Para a Fenaban, a suspensão da
greve foi uma decisão "sensata"
da categoria e já devia ter ocorrido
antes. "A greve perdeu fôlego e
não resolveu o problema da campanha salarial, que é chegar a um
acordo negociado", disse Magnus
Apostólico, coordenador de negociações trabalhistas da federação dos bancos. Ele disse que os
bancos estão dispostos a "ouvir"
os sindicalistas, mas que a Fenaban não tem nova proposta.
Os bancos oferecem reajuste salarial de 8,5% a 12,77% e participação nos lucros. Os bancários
pedem reajuste de 19% e abono de
R$ 1.500, além de lucros.
"É importante que se saiba que
a proposta que a Caixa bancou e
continua bancando é a melhor
proposta já feita pela Caixa Econômica Federal nos últimos 15
anos. Ela alcança 2% a mais do
que a inflação, ganho real, e sobretudo para os menores salários
alcança até 11,5% e 12%. Isso representa um ganho real de 5%.
Acredito que não foi suficientemente entendida pelos bancários
durante o movimento", disse o
presidente da Caixa Econômica
Federal, Jorge Mattoso.
Em São Paulo, para marcar os
30 dias de greve e protestar contra
a direção do Banco do Brasil, cerca de 300 bancários deram um
abraço simbólico no prédio do
banco no centro da cidade.
Segundo os sindicalistas, o BB
retirou a proposta salarial feita
durante as negociações e distribuiu comunicado interno informando que, se a greve for a julgamento, o que está valendo é a reposição da inflação dos últimos 12
meses -sem aumento real.
Colaborou Eduardo Scolese,
da Sucursal de Brasília
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