São Paulo, sábado, 15 de outubro de 2005

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CAPITALISMO VERMELHO

Fortuna dos cem mais ricos cresce 48% em um ano; partido quer priorizar redução da desigualdade

Bilionários dobram e preocupam PC chinês

DA ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM

O número de bilionários chineses mais que dobrou entre 2004 e 2005, enquanto a fortuna das cem pessoas mais ricas do país cresceu 48% no mesmo período.
O rápido enriquecimento da elite e a exclusão da maior parte da população dos benefícios da expansão econômica é uma das principais preocupações do Partido Comunista da China, que colocou a redução da desigualdade entre as prioridades do 11º Plano Qüinqüenal, que vai orientar o desenvolvimento do país entre 2006 e 2011.
No ano passado, a China havia registrado a emergência de seus três primeiros bilionários na lista das pessoas mais ricas do país, elaborada desde 1999 por Rupert Hoogewerf e batizada de Hurun Report. Na edição de 2005, o número de integrantes do ranking subiu de 100 para 400. Juntos, eles detêm uma fortuna de US$ 75 bilhões, o equivalente a 7% do PIB chinês de 2004.
Em um ano, a quantidade de bilionários passou de três para sete. A lista continua a ser liderada por Huang Guangyu, dono da rede de varejo GoMe, especializada em eletrônicos. Com 36 anos, Huang tem uma fortuna estimada em US$ 1,7 bilhão, US$ 400 milhões a mais que a atribuída a ele no levantamento do ano passado.
O segundo lugar é ocupado por Yan Jiehe, que registrou o maior aumento de riqueza entre os integrantes da lista: passou de US$ 180 milhões em 2004 para US$ 1,5 bilhão agora. O salto se deve a contratos bilionários com o governo para a construção de obras de infra-estrutura, como pontes, viadutos e rodovias. A empresa de Yan, a China Pacific Construction Group, é a maior do setor privado com especialização na área.
O setor imobiliário continua a ser o maior responsável pelo aumento da riqueza dos chineses, mas perdeu espaço para a indústria e a tecnologia da informação, em parte como resultado da ampliação dos integrantes da lista.
No Hurun Report 2004, 45% dos que apareciam no ranking eram do segmento imobiliário, percentual que caiu para 28% em 2005. A indústria é o setor em que atuam 21% dos ricos, seguida por tecnologia da informação (10%), varejo (7%) e finanças, produtos de saúde e indústria pesada, todos com 5%.
A média de idade dos 400 mais ricos é de 46,9 anos, e 55 dos ricos têm menos de 40 anos. O mais jovem é Li Zhaohui, 24, dono da Shanxi Haixin Iron and Steel Group e de uma fortuna de US$ 670 milhões. Li foi o primeiro chinês no regime comunista a herdar o patrimônio do pai depois de sua morte, no início de 2003.
O valor médio da riqueza dos primeiros cem integrantes da lista passou de US$ 297 milhões para US$ 400 milhões. Cerca de 20% dos 400 pertencem ao Partido Comunista e nove dos cem mais ricos fazem parte do Congresso Nacional do Povo -o Parlamento.
Os destinos mais freqüentes de suas viagens são Hong Kong, Estados Unidos, Austrália, Japão, Cingapura, França, Inglaterra e Rússia. Dos 400, apenas 9% falam o que o Hurun Report chama de inglês "passável".
(CLÁUDIA TREVISAN)


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