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MERCADO ABERTO
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
AEB vê exportação abaixo de US$ 200 bi no ano
A recente valorização da
moeda norte-americana não
vai conseguir compensar os reflexos negativos da desaceleração mundial para as exportações brasileiras. O setor já espera que a projeção de exportar
US$ 200 bilhões neste ano não
seja alcançada por causa da crise econômica internacional.
"O dólar alto ajuda o exportador brasileiro, mas não resolve
todos os seus problemas. O
mais importante é existir um
comprador lá fora com um
mercado externo aquecido",
disse o presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior
do Brasil), Benedicto Moreira.
Com a possível exportação de
um volume menor que as estimativas, o superávit comercial
também deve ser mais baixo
que o esperado. Segundo Moreira, em vez dos US$ 20 bilhões previstos, o saldo da balança comercial pode ficar entre US$ 12 bilhões e US$ 10 bilhões neste ano. "Esse valor
não será suficiente para cobrir
o déficit de serviços e rendas e
ficaremos com a balança de pagamentos no vermelho."
Para 2009, Moreira não arrisca estimativas. "Qualquer
projeção hoje é "chutômetro"."
Mas apesar dos efeitos negativos da crise para o setor, Moreira admite a necessidade de
mudanças. "O comércio exterior brasileiro tem fragilidades
estruturais independentes da
crise, mas que vieram à tona
nessa conjuntura", diz.
Para ele, o bom desempenho
das exportações brasileiras nos
últimos anos não era resultado
de uma qualidade da oferta,
mas sim de uma demanda externa aquecida. "Temos 80% de
nossas exportações dependentes de commodities, ou produtos com baixa tecnologia agregada, sujeitos a oscilações de
preços internacionais. Temos
que agregar valor aos nossos
produtos."
Para fortalecer o setor e evitar abalos maiores em situações de crises internacionais, a
AEB vai elaborar uma proposta
de reforma no sistema de comércio exterior brasileiro durante o 28º Enaex (Encontro
Nacional de Comércio Exterior), marcado para os dias 27 e
28 de novembro, no Rio.
Entre os pedidos está a criação de uma política de financiamento interno para exportação. "Como não temos um sistema interno apto para atender
o setor, os exportadores recorrem muito para o crédito externo. Mas em contextos de crise,
como o atual, essas linhas externas secam e o setor fica sem
recursos para produzir."
análise
Crise pode levar LCA a reduzir projeção do PIB
A consultoria LCA já admite revisar suas projeções para a economia brasileira após reavaliar as
conseqüências da crise
econômica internacional.
Hoje, a LCA prevê crescimento de 5,1% no PIB do
Brasil neste ano e de 3,7%
no ano que vem.
Até o momento, o cenário básico da LCA projeta
uma lenta diluição da crise, uma leve desaceleração
dos países emergentes e
uma retomada do crescimento das principais economias do mundo no segundo semestre do ano
que vem.
As incertezas das seqüelas que a crise deixará na
economia e o risco de a
turbulência evoluir, calculado em 40%, podem resultar na projeção de um
cenário mais negativo pela
consultoria.
"A crise já alcançou tal
ponto que certamente deixará o sistema financeiro
fragilizado por um período
mais prolongado do que
vínhamos estimando",
afirma a LCA, em relatório
divulgado ontem.
CORTE:
ARACRUZ SUSPENDE R$ 84 MI PARA PAGAMENTO DE ACIONISTA
A crise continua na Aracruz. Após perder quase R$
2 bilhões em operações com
derivativos de câmbio, a empresa cancelou ontem o pagamento de juros sobre capital próprio no valor de R$ 84
milhões, anunciado em comunicado em 19 de setembro. As informações estão
em fato relevante divulgado
pela empresa. "Essa decisão
mostra que a situação financeira da Aracruz não é mais
confortável", avaliou a corretora Ágora, em relatório. A
corretora já espera a perda
do grau de investimento da
Aracruz por todas as agências de rating. A Ágora também questiona se o projeto
de expansão da capacidade
produtiva da unidade de
Guaíba, com investimento de
R$ 1,8 bilhão, será mantido.
ESCURINHO
Para a cineasta Laís Bodanzky, se a crise global não perder
força, a cultura brasileira deve sentir impactos sim, mas
com atraso. "Como os produtores brasileiros são mais dependentes de leis de incentivo no Brasil, o cenário não é
imediatamente assustador como acontece nas produções européias e americanas, que dependem diretamente dos investidores", afirma Bodanzky. No Brasil, a retração só deve chegar no próximo ano, proporcionalmente ao encolhimento do
lucro das empresas, diz a cineasta. Por enquanto, Bodanzky
e o roteirista Luiz Bolognesi irão ampliar seu projeto de cinema itinerante Cine Tela Brasil, que vai incluir sete cidades em sua rota.
VOLTA PARA CASA
A diretoria da Marcopolo
se reuniu na semana passada para reavaliar seus planos. Para Carlos Zignani,
diretor de RI, uma das opções a ser estudada é a volta
ao Brasil de parte da produção transferida ao exterior.
"Temos que ver em que patamar o dólar se estabiliza.
Se ficar entre R$ 1,90 e R$ 2,
talvez alguns produtos possam voltar a ser competitivos para exportar do Brasil", disse.
AUDIÊNCIA
A audiência dos programas de notícias econômicas
disparou nos EUA por conta da crise, segundo o "USA
Today". Apesar da avalanche de notícias, a atenção
dos executivos espectadores está voltada é para as
publicidades -querem monitorar se os anunciantes
estão fazendo economia.
BAGAGEM
A Abav (associação de
agências de viagens) e o grupo Fitta assinam hoje acordo de cooperação para realizar operações de câmbio turismo. Com a parceria, os
agentes de viagem do país
terão acesso a dólar e euro
conforme as regras estabelecidas pelo Banco Central
na resolução 3.568, que determina que as operações de
compra e de venda de moeda estrangeira sejam feitas
por instituições autorizadas. A parceria será apresentada na Feira das Américas, entre os dias 22 e 24, no
Rio de Janeiro.
NO PALCO
A entrada da Oi no mercado de telefonia móvel de São
Paulo continua agressiva.
Depois de oferecer três meses de ligações gratuitas, a
empresa promoverá seis
shows de graça, de músicos
como Titãs e Lulu Santos.
CADEIRA
O empresário Renan
Chieppe, filho do fundador
da empresa capixaba Viação
Águia Branca, Wander
Chieppe, acaba de ser eleito
para ocupar a presidência
da Abrati (Associação Brasileira de Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros).
DESEMBARQUE
Charles Rosen, responsável pela captação de recursos para a campanha de Barack Obama, nos Estados
Unidos, desembarca em São
Paulo na próxima semana.
Ele vai participar do evento
sobre comunicação de marca New Brand Communication, nos dias 20, 21 e 22 de
outubro, no Senac, em São
Paulo. Rosen é co-fundador
da agência Amalgamated,
de Nova York.
CLIENTE NOVO
Em meio à crise econômica, o Brasil continua a prospectar novos parceiros comerciais. Cerca de 70 empresários brasileiros representaram 150 empresas nacionais em uma missão empresarial da Apex-Brasil em
Angola. Eles voltaram ao
país na semana passada com
US$ 26 milhões em contratos de negócios fechados.
REALEZA
O rei da Jordânia, Abdul-
lah 2º, vem ao Brasil com
mais 20 empresários do país
para abrir o Fórum Comercial Brasil-Jordânia, no dia
24. Organizado pela Câmara
de Comércio Árabe-Brasileira, o evento visa fortalecer
os negócios entre os países.
TRÉGUA
Guido Mantega (Fazenda)
conseguiu finalmente embarcar no início da noite de
ontem da base aérea de
Washington para Brasília. A
ameaça de furacões no Caribe deu uma trégua. A reunião do CMN de ontem foi
por vídeoconferência.
com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e CRISTIANE BARBIERI
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