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Ajuda prevê ganho ao Tesouro se banco lucrar
DO ENVIADO A WASHINGTON
Além de adquirir participação equivalente a US$ 125 bilhões em nove grandes bancos,
o Tesouro dos EUA comprará
ações até igual valor de várias
instituições menores, especialmente os de atuação regional.
As maiores participações, de
US$ 25 bilhões cada, serão no
Citigroup, no Bank of America,
no JPMorgan Chase e no Wells
Fargo. No caso dos três primeiros, a fatia a ser adquirida equivale hoje a algo entre 15% a 18%
do chamado "shareholder
equity", que corresponde ao total de ativos do banco menos as
obrigações assumidas.
O Tesouro estabeleceu o prazo de um mês, até as 17h de 14
de novembro, para que os bancos se tornem elegíveis para entrar no programa de compra de
ações. No caso dos nove grandes, eles foram praticamente
obrigados pelo Tesouro, na segunda-feira, a participar.
As ações adquiridas pelo Tesouro nos bancos são conhecidas como "prefered stocks".
Elas não dão direito a voto nas
instituições, mas obrigam os
bancos a remunerá-las antes de
distribuir dividendos aos demais acionistas.
No caso das compras do Tesouro, as ações prevêem uma
remuneração anual de 5% nos
cinco primeiros anos, passando
depois a 9%. Cada ação também terá por trás uma garantia
real (em outros ativos) equivalente a 15% de seu valor de face
no momento da emissão. No
caso das injeções de US$ 25 bilhões, as garantias devem somar US$ 3,7 bilhões.
Com a taxa básica de juro nos
EUA hoje em 1,5%, a compra de
ações pelo Tesouro será um
bom negócio unicamente se os
bancos derem lucro. Se derem
prejuízos, tanto os papéis
quanto as garantias perderão
valor, e o Tesouro, dinheiro.
Os bancos que entrarem no
programa também ficam proibidos de criar benefícios milionários para a saídas de executivos mais graduados, os chamados "pára-quedas de ouro". Esses mesmos executivos também não poderão deduzir nenhum imposto de verbas compensatórias que excederem os
US$ 500 mil cada.
Enquanto o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson,
afirmava que a compra de participações nos bancos não era
sua "solução preferida, mas a
necessária", o presidente George W. Bush destacou aspectos
de proteção aos contribuintes.
"Os esforços foram no sentido de proteger e beneficiar o
povo americano, estabilizar o
sistema financeiro e ajudar a
economia a se recuperar", disse
Bush. "Não o fizemos para intervir no livre mercado, mas
para protegê-lo."
Para contornar a falta de crédito e o endividamento recorde
das famílias e bancos, o Tesouro também anunciou que garantirá novas emissões de dívidas do sistema financeiro para
estimular os bancos a levantar
dinheiro no mercado.
No caso dos bancos menores,
o Tesouro estuda tanto obrigar
alguns a entrar no programa
como aceitá-los voluntariamente. Com a notícia, as ações
dessas instituições menores
subiram, em média, 13%.
Até o final do segundo trimestre, o FDIC (órgão garantidor dos depósitos bancários no
país) havia contabilizado 117
"bancos problemáticos" nos
EUA -30% mais do que nos
primeiros trimestre. Neste ano,
as autoridades já encerraram as
atividades de 15 bancos, o
maior número desde 1993.
Ontem, o mercado assistiu a
uma nova corrida bancária,
desta vez contra o Sovereign
Bancorp, o quarto banco de
médio ou grande porte a sofrer
retiradas muito acima do normal de seus clientes. Com nova
intervenção federal, o banco,
que perdeu 9% de seus depósitos nas últimas semanas, teria
concordado em ser vendido ao
espanhol Santander.
A FDIC anunciou também
que pretende garantir até 2009
100% das contas bancárias
não-remuneradas usadas por
pequenas empresas para pagar
salários ou para capital de giro.
No início do mês, a FDIC aumentou de US$ 100 mil para
US$ 250 mil o valor total dos
depósitos de pessoas físicas garantidos pelo governo.
(FCZ)
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