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Congresso planeja criar "poupança" para conter crise
Contra turbulências da economia mundial, reserva de
R$ 6 bi pode ser incluída no Orçamento do próximo ano
Recursos virão, a princípio, de cortes na proposta orçamentária para o custeio e da restrição de emendas dos parlamentares
FERNANDA ODILLA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Congresso Nacional planeja criar uma reserva especial de
cerca de R$ 6 bilhões no Orçamento de 2009 para o governo
federal ter recursos extras no
combate a eventuais efeitos da
crise econômica mundial.
Essa reserva especial de segurança será feita, inicialmente, a partir de cortes na proposta orçamentária, em especial
nos valores previstos para custeio dos Três Poderes. Também
estão em discussão a redução
das emendas coletivas e a manutenção do valor das emendas
individuais-R$ 8 milhões para
cada congressista.
Prevista no relatório preliminar assinado pelo senador Delcídio Amaral (PT-MS) que será
entregue na próxima semana,
essa reserva de segurança está
sendo tratada pelos integrantes
da Comissão Mista de Orçamento como uma "poupança".
A tendência é vinculá-la ao
superávit primário, permitindo, assim, que essa "poupança"
seja destinada a ampliar a parcela economizada pelo governo
para o pagamento de juros e encargos da dívida pública federal
caso não seja usada.
Apesar de ser uma reserva de
segurança, a idéia dos integrantes da Comissão Mista de Orçamento é criar regras para que
esses recursos sejam gastos somente com a autorização do
Congresso.
Contudo, ainda é preciso definir e vincular essa reserva a
uma finalidade específica.
Também falta apontar onde serão feitos os cortes no custeio.
"Não vou adiantar as áreas.
Mas há espaço para cortes",
disse o relator-geral do Orçamento, Delcídio Amaral.
De acordo com Amaral, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) é a favor dos cortes.
Por ora, estão classificados como "intocáveis" os programas
sociais, o PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento) e o
reajuste de 12% do salário mínimo (aumento de R$ 415 para
R$ 464,72).
A oposição também sinaliza
que vai apoiar a redução de gastos. "Se for com corte no custeio, conte conosco", avisa o vice-líder do PSDB na Câmara,
Bruno Araújo (PE).
Para a poupança ser criada é
preciso a aprovação dos congressistas. O Congresso, contudo, já reage à possibilidade de
congelamento no valor das
emendas individuais. Ontem,
em reunião com o presidente
da Comissão Mista de Orçamento, deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS), coordenadores de bancada defenderam
aumento de R$ 8 milhões para
R$ 10 milhões no teto das indicações de cada congressista.
O valor das emendas individuais passou de R$ 2 milhões
em 2003 para R$ 8 milhões em
2008, com alta de 300% no período. O impacto de R$ 1,18 bilhão, caso o desejo dos congressistas seja acatado, comprometerá os planos de Amaral.
Os recursos para emendas
individuais e coletivas vêm da
reserva de contingência (R$ 4,5
bilhões) e da reestimativa de
receita. O primeiro relatório
previu aumento de R$ 9,2 bilhões em receita.
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