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Pacote reduz CPMF e desonera salários
Equipe econômica apresenta proposta de alívio tributário para estimular crescimento, mas Lula a considera "tímida"
Presidente e ministros discutem pela primeira vez a desvinculação dos benefícios previdenciários do valor do salário mínimo
LEANDRA PERES
CLAUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O pacote de ajuste fiscal de
longo prazo e corte de impostos
apresentado ontem pela equipe
econômica ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva prevê a redução gradual da CPMF e a
transformação da contribuição
num tributo permanente.
Pela primeira vez, o governo
também discutiu mudanças na
Previdência Social, embora o
ministro Guido Mantega (Fazenda) negue em público. A
medida discutida prevê a desvinculação dos benefícios previdenciários do valor do salário
mínimo. Na campanha eleitoral, em entrevista à Folha, Lula
havia descartado a idéia.
O objetivo do pacote, diz o
governo, é elevar a taxa de crescimento da economia para 5%
já em 2007. Neste ano, o país
deve crescer cerca de 3%, segundo projeções do mercado.
Segundo Mantega, há duas
alternativas para reduzir a
CPMF. Uma delas é reduzir
gradualmente a alíquota, hoje
de 0,38%, para todas as operações que pagam o tributo. A outra é fazer uma redução específica para alguns setores -Mantega citou a suspensão da cobrança sobre as operações de
crédito como exemplo.
A cobrança da CPMF será
suspensa em dezembro de
2007, mas o governo terá que
prorrogar o tributo porque não
pode abrir mão de R$ 32 bilhões da arrecadação da contribuição.
Lula analisou oito medidas
de desoneração de impostos,
entre as quais a cobrança da
contribuição patronal para o
INSS sobre o faturamento e
não mais o valor da folha de pagamentos das empresas, a isenção do PIS e da Cofins na compra de máquinas e equipamentos e a ampliação da suspensão
do PIS e Cofins para empresas
que exportam mais de 80% de
sua produção. Neste caso, a
proposta é reduzir esse percentual para que mais empresas se
beneficiem da isenção.
O presidente, porém, considerou "tímida" a proposta de
cortes de impostos apresentada pelo Ministério da Fazenda.
Solicitou que Mantega e o ministro do Desenvolvimento,
Luiz Fernando Furlan, elaborem um plano conjunto.
"O presidente disse que quer
mais desoneração tributária do
que aquela que foi apresentada.
Mas a desoneração está casada
com o programa de ajuste fiscal
porque você tem que manter o
equilíbrio das contas públicas",
explicou Mantega ao deixar a
reunião com Lula.
As medidas do pacote de
ajuste fiscal e desoneração serão anunciadas ainda neste
ano. Na próxima semana, a
equipe econômica se reúne, na
terça-feira, para tratar dos projetos de infra-estrutura. Na
quarta, tem uma segunda reunião com o presidente.
Reformas
Mantega se reunirá com o
ministro Nelson Machado
(Previdência Social) nesta semana para discutir medidas da
área. Além do salário mínimo, a
pauta incluirá uma revisão das
isenções concedidas pelo INSS.
Para Mantega, apesar do déficit
na Previdência, haverá espaço
para reajustes do mínimo acima da inflação no pacote em
elaboração. O percentual, porém, ainda não foi definido.
Uma outra medida apresentada ontem ao presidente foi
um esboço das mudanças que
deveriam ser feitas no sistema
tributário. Segundo Mantega, o
projeto que está no Congresso
propondo a unificação da legislação do ICMS e a redução no
número de alíquotas do imposto estadual é "tímido" e o governo pretende apresentar uma
proposta mais abrangente. O
assunto será discutido com os
novos governadores.
O controle dos gastos será
feito por meio da definição de
critérios para o aumento das
despesas em cada área do governo. A equipe econômica
quer que as regras para o reajuste de salário dos servidores
sejam aplicadas também ao Legislativo e Judiciário, além de
Estados e municípios. Para isso
será preciso aprovar uma lei
complementar. O governo também estuda vincular a liberação
de recursos para programas
com orçamento acima de R$
100 milhões ao cumprimento
de metas predefinidas. Embora
o pacote não esteja definido,
Mantega afirmou que elas podem resultar num ganho de
0,2% do PIB ao ano.
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