São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2008

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Votorantim interrompe projeto de níquel em GO

Crise econômica leva empresa a frear investimento de US$ 558 milhões

Conclusão do projeto estava prevista para 2009, mas foi adiada para data ainda não definida; mil operários já trabalhavam na obra

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

A crise econômica levou a Votorantim Metais, que pertence ao grupo Votorantim, a interromper parcialmente o projeto de construção de uma nova unidade de produção de ferro-níquel no município de Niquelândia, em Goiás, onde a empresa já possui uma mina e uma unidade de beneficiamento de níquel.
A Votorantim pretendia concluir o investimento em meados do ano que vem, mas a empresa decidiu adiar o término da obra para data ainda incerta. A empresa vai esperar a melhora do mercado para o reinício das obras. As empreiteiras que trabalhavam no local já foram informadas da interrupção do projeto.
O investimento na nova unidade de Niquelândia estava orçado em R$ 558 milhões, e a Votorantim Metais já tinha realizado cerca de 60% do projeto. A maioria dos cerca de mil operários terceirizados que trabalhavam no canteiro de obras deve ser dispensada pouco a pouco.
Segundo informações divulgadas pela própria Votorantim Metais no início do ano passado, quando foi anunciado o investimento em Niquelândia, a expectativa da empresa como a nova unidade era a de produzir 42,4 mil toneladas por ano, com teor de 10,6 mil toneladas de níquel contido. O abastecimento de minério seria feito por meio de mina própria, com reservas de 16,9 milhões de toneladas de minério, suficientes para pelo menos 20 anos de operação.
Na época, ao justificar o investimento, a Votorantim Metais alegou que o desequilíbrio entre a oferta e a demanda no mercado mundial de níquel iria perdurar por mais alguns anos. A recessão mundial, no entanto, fez com que a demanda por níquel despencasse, o que levou o preço do metal a um dos patamares mais baixos dos últimos anos
Não é só a Votorantim Metais que decidiu tirar o pé no acelerador dos seus investimentos. Recentemente, a Vale, a maior produtora de minério de ferro e a segunda maior fornecedora de níquel do mundo, também começou a reduzir a sua produção.
As previsões dos analistas para o mercado de metais não são nada otimistas. Segundo relatório da Goldman Sachs, "o colapso visível do comércio mundial de metais até outubro - uma vez que acreditamos que os consumidores de metais liquidaram seus estoques para obter o maior volume possível de recursos- implicou na continuidade da queda dos preços e em uma retração mais rápida do que prevíamos".
O níquel é um dos metais que mais tem sido afetado pela crise. O preço do metal caiu de US$ 26.500 por tonelada no final do ano passado para US$ 10.700, o que significa uma queda de 59,6% no ano. Nos últimos 12 meses, a retração é de 68%.
No início do mês passado, o grupo Votorantim, um dos mais sólidos e mais tradicionais do país, informou ao mercado perdas de R$ 2,2 bilhões com operações em derivativos cambiais. Desde então, o grupo tem adotado uma política bastante rigorosa de cortes de custos em todas as suas empresas.


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