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Votorantim interrompe projeto de níquel em GO
Crise econômica leva empresa a frear investimento de US$ 558 milhões
Conclusão do projeto estava prevista para 2009, mas foi adiada para data ainda não definida; mil operários já trabalhavam na obra
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
A crise econômica levou a
Votorantim Metais, que pertence ao grupo Votorantim, a
interromper parcialmente o
projeto de construção de uma
nova unidade de produção de
ferro-níquel no município de
Niquelândia, em Goiás, onde a
empresa já possui uma mina e
uma unidade de beneficiamento de níquel.
A Votorantim pretendia concluir o investimento em meados do ano que vem, mas a empresa decidiu adiar o término
da obra para data ainda incerta.
A empresa vai esperar a melhora do mercado para o reinício
das obras. As empreiteiras que
trabalhavam no local já foram
informadas da interrupção do
projeto.
O investimento na nova unidade de Niquelândia estava orçado em R$ 558 milhões, e a
Votorantim Metais já tinha
realizado cerca de 60% do projeto. A maioria dos cerca de mil
operários terceirizados que
trabalhavam no canteiro de
obras deve ser dispensada pouco a pouco.
Segundo informações divulgadas pela própria Votorantim
Metais no início do ano passado, quando foi anunciado o investimento em Niquelândia, a
expectativa da empresa como a
nova unidade era a de produzir
42,4 mil toneladas por ano,
com teor de 10,6 mil toneladas
de níquel contido. O abastecimento de minério seria feito
por meio de mina própria, com
reservas de 16,9 milhões de toneladas de minério, suficientes
para pelo menos 20 anos de
operação.
Na época, ao justificar o investimento, a Votorantim Metais alegou que o desequilíbrio
entre a oferta e a demanda no
mercado mundial de níquel iria
perdurar por mais alguns anos.
A recessão mundial, no entanto, fez com que a demanda por
níquel despencasse, o que levou o preço do metal a um dos
patamares mais baixos dos últimos anos
Não é só a Votorantim Metais que decidiu tirar o pé no
acelerador dos seus investimentos. Recentemente, a Vale,
a maior produtora de minério
de ferro e a segunda maior fornecedora de níquel do mundo,
também começou a reduzir a
sua produção.
As previsões dos analistas para o mercado de metais não são
nada otimistas. Segundo relatório da Goldman Sachs, "o colapso visível do comércio mundial de metais até outubro -
uma vez que acreditamos que
os consumidores de metais liquidaram seus estoques para
obter o maior volume possível
de recursos- implicou na continuidade da queda dos preços
e em uma retração mais rápida
do que prevíamos".
O níquel é um dos metais que
mais tem sido afetado pela crise. O preço do metal caiu de
US$ 26.500 por tonelada no final do ano passado para US$
10.700, o que significa uma
queda de 59,6% no ano. Nos últimos 12 meses, a retração é de
68%.
No início do mês passado, o
grupo Votorantim, um dos
mais sólidos e mais tradicionais
do país, informou ao mercado
perdas de R$ 2,2 bilhões com
operações em derivativos cambiais. Desde então, o grupo tem
adotado uma política bastante
rigorosa de cortes de custos em
todas as suas empresas.
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