São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2008

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Governo deve se tornar acionista da Avibrás

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O governo federal deve se tornar acionista da Avibrás, uma das maiores e mais tradicionais fabricantes de armamentos do país. A idéia é ajudar a reerguer a empresa, considerada estratégica pelo Ministério da Defesa e por militares, mas que há anos enfrenta dificuldades financeiras e, atualmente, encontra-se em processo de recuperação judicial.
A possibilidade de ter o governo como acionista é um dos pontos do plano de recuperação. Para que isso se concretize, é necessário que o documento seja aprovado pelos credores, o que deve acontecer nos próximos meses. O ministro Nelson Jobim (Defesa) já considera o negócio consumado.
De acordo com o advogado da Avibrás, Nelson Marcondes Machado, a dívida da empresa é de R$ 640 milhões. Deste total, cerca de R$ 400 milhões são débitos com o governo federal. Pelo plano de recuperação, esse valor seria transformado em ações da Avibrás, que ficariam em poder da União.
Como o patrimônio líquido da fabricante é avaliado em R$ 1,5 bilhão aproximadamente, isso significa que o governo pode ser dono de 25% da Avibrás. Além disso, de acordo com o plano, a União teria uma "golden share", ação especial que dá o direito de vetar decisões tomadas pela direção da empresa (o governo possui uma "golden share" da Embraer).
Ainda de acordo com Machado, João Brasil Carvalho Leite -que detém cerca de 70% da Avibrás- manterá o controle na nova estrutura societária. Ele é filho do fundador da Avibrás, João Verdi de Carvalho Leite, que desapareceu em janeiro durante viagem de helicóptero. O advogado disse que a direção da Avibrás é favorável à parceria com o governo.
A direção espera evitar, com a parceria, problemas como o ocorrido durante a venda para o governo da Malásia de 212 milhões em sistemas lançadores de foguetes Astros-II, seu principal produto. A empresa alega que o negócio quase naufragou devido à demora do governo em conceder autorização para a venda e que esse foi um dos fatores que contribuíram para o pedido de recuperação judicial. "A Avibrás é uma empresa estratégica, a única no Brasil que produz um sistema de artilharia e detém conhecimentos na área de foguetes", afirmou o pesquisador de assuntos militares Expedito Bastos, da Universidade Federal de Juiz de Fora.


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