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Governo deve se tornar acionista
da Avibrás
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
O governo federal deve se
tornar acionista da Avibrás,
uma das maiores e mais tradicionais fabricantes de armamentos do país. A idéia é ajudar
a reerguer a empresa, considerada estratégica pelo Ministério da Defesa e por militares,
mas que há anos enfrenta dificuldades financeiras e, atualmente, encontra-se em processo de recuperação judicial.
A possibilidade de ter o governo como acionista é um dos
pontos do plano de recuperação. Para que isso se concretize,
é necessário que o documento
seja aprovado pelos credores, o
que deve acontecer nos próximos meses. O ministro Nelson
Jobim (Defesa) já considera o
negócio consumado.
De acordo com o advogado da
Avibrás, Nelson Marcondes
Machado, a dívida da empresa é
de R$ 640 milhões. Deste total,
cerca de R$ 400 milhões são
débitos com o governo federal.
Pelo plano de recuperação, esse
valor seria transformado em
ações da Avibrás, que ficariam
em poder da União.
Como o patrimônio líquido
da fabricante é avaliado em R$
1,5 bilhão aproximadamente,
isso significa que o governo pode ser dono de 25% da Avibrás.
Além disso, de acordo com o
plano, a União teria uma "golden share", ação especial que
dá o direito de vetar decisões
tomadas pela direção da empresa (o governo possui uma
"golden share" da Embraer).
Ainda de acordo com Machado, João Brasil Carvalho Leite
-que detém cerca de 70% da
Avibrás- manterá o controle
na nova estrutura societária.
Ele é filho do fundador da Avibrás, João Verdi de Carvalho
Leite, que desapareceu em janeiro durante viagem de helicóptero. O advogado disse que a
direção da Avibrás é favorável à
parceria com o governo.
A direção espera evitar, com
a parceria, problemas como o
ocorrido durante a venda para
o governo da Malásia de 212
milhões em sistemas lançadores de foguetes Astros-II, seu
principal produto. A empresa
alega que o negócio quase naufragou devido à demora do governo em conceder autorização
para a venda e que esse foi um
dos fatores que contribuíram
para o pedido de recuperação
judicial. "A Avibrás é uma empresa estratégica, a única no
Brasil que produz um sistema
de artilharia e detém conhecimentos na área de foguetes",
afirmou o pesquisador de assuntos militares Expedito Bastos, da Universidade Federal de
Juiz de Fora.
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